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      História da Igreja – Módulo 6 – A Igreja na Reforma e Contrarreforma

      Vamos para mais um Módulo do nosso Estudo!

       

      INTRODUÇÃO

      Nesta Web-Aula, estudaremos a Reforma, que gerou o chamado “Protestantismo” e a chamada Contrarreforma, que foi a reação da Igreja Católica Apostólica Romana contra os “protestantes”. Um grupo nasceu e o outro, que já existia, modificou-se e assumiu uma forma mais definida.

      O termo “protestantismo”1 tem sido usado como antônimo de catolicismo. Também há, para alguns, uma conotação de liberdade, protesto e anarquia! Como organização cultural e igreja, o protestantismo tenta, de várias formas, unificar-se pelos seus elementos comuns, embora não consiga isto de modo aparente. O protestantismo, contudo, é antes uma atitude de pensamento e vida que pretende ser fiel ao evangelho.

      O protestantismo, conforme seu próprio pensamento, procura fundamentar-se biblicamente. Isto pode ser visto nas seguintes características gerais deste movimento:

      1. A base é o Novo Testamento, sobretudo os Evangelhos e Romanos, conforme a interpretação dos reformadores em oposição ao sistema de pensamento romano.

      2. O protestantismo, em si, não nega absolutamente toda tradição, mas apenas avalia cada tradição para ver se ela se coaduna com o evangelho. Neste aspecto, os vários segmentos do protestantismo diferem e se dividem: alguns acolhem mais as tradições enquanto outros as rejeitam com veemência.

      3. A Bíblia é a base da vida e do pensamento do protestantismo. Renunciaram às interferências papais, conciliares, sinodais e também dos chamados escritores eclesiásticos.

      Os grandes princípios dos protestantes podem ser agrupados em quatro grandes questões: (i) autoridade, (ii) liberdade, (iii) humildade e (iv) interioridade.

      1. Autoridade da Bíblia em questão de fé. Não se trata de “liberdade de crença”, nem dos direitos do homem, mas de autoridade divina revelada na Bíblia.

      2. A “salvação” do homem como dom de Deus. A negação do mérito humano e de qualquer obrigação divina para com o homem é um dos fundamentos do protestantismo. “Boas obras”, penitência outras formas de comportamento para adquirir a boa vontade de Deus são rejeitadas.

      3. A gratuidade da salvação apreendida pela fé. “O justo viverá por fé”. Fé é “a aquiescência do homem à vontade de Deus e, ao mesmo tempo, a confiança no amor de Deus”.

      4. A atualidade do testemunho interior do Espírito Santo. A ideia é que Deus irá fazer sua vontade realizar-se. Há mais do que um livro inspirado, há a confiança na direção divina, pelo Espírito. Há simultaneidade de submissão ao texto bíblico e ao sentimento do crente.

      Do protestantismo, vários lemas tornaram-se emblemáticos para o movimento: Sola Scriptura. Sola fide. Sola gratia. Solo Christo! Sola Scriptura, “expressão latina que significa ‘Escrituras somente’. Princípio luterano da Reforma segundo o qual somente as Escrituras – e não as Escrituras mais a tradição da igreja – são a fonte da revelação cristã. Por conseguinte, a Bíblia deve governar como Palavra de Deus na igreja, não sendo atrapalhada pelo magistério (dogma) papal e eclesiástico, nem rivalizada pelas supostas revelações adicionais que surgem da tradição”.

      Sola gratia, “expressão latina que significa ‘graça somente’. Doutrina luterana da Reforma segundo a qual o único meio de o indivíduo ser justificado e receber a graça de Deus é dom gratuito efetuado pela morte expiatória de Cristo e pela ressurreição, não por obras humanas. A justiça ou justificação, procede somente do dom gratuito da graça de Deus, por meio da fé. A doutrina católica romana, por outro lado, insistia em que Deus exige cooperação humana voluntária, embora ele fosse capaz de tornar possível tal cooperação”.

      Sola fide, “expressão latina que significa ‘fé somente’. Doutrina luterana da Reforma segundo a qual o único meio de o indivíduo ser justificado e receber a graça de Deus é a fé, i.e., aceitação dos méritos de Cristo a seu favor”.

      Solo Christo, lembra o fato que o protestantismo rejeitou todo o sistema de salvação que baseava-se em obras e intercessão de santos ou por missas. “Somente Cristo” basta para ser o salvador e também ele é o único Senhor.

      O termo “protestantismo” apareceu na “Dieta de Spira” de 1529 seis príncipes e quatorze representantes de cidades escreveram:

      “Nós protestamos, por meio das presentes, diante de Deus, nosso único Criador, Conservador, Redentor e Salvador, e que será, um dia nosso juiz, assim como diante de todos os homens e de todas as criaturas, que não consentimos nem aderimos de nenhuma maneira, nem quanto a nós nem quanto aos nossos, ao decreto proposto em todas as coisas que são contrárias a Deus, a sua santa Palavra, a nossa boa consciência, à salvação de nossas almas e ao último decreto de Spira”.

      Esta frase “pegou” e este tornou-se o nome do movimento de Reforma que separou-se da igreja romana.

      SÍNTESE

      A vida e obra de Lutero e outros reformadores importantes. Os desenvolvimentos doutrinários posteriores. A reação contrária à Reforma, iniciada pela igreja romana.

      DISCUSSÃO

      Estudaremos um pouco da vida e obra de cada um dos principais reformadores enquanto destacamos, também, alguns aspectos doutrinários de seu pensamento.

      Poucos eventos históricos da aurora da história registrada tiveram tanta influência sobre a história subsequente quanto a Reforma Protestante. A influência deste fenômeno foi tamanha que todo o rumo da História da Igreja foi mudado.

      MARTINHO LUTERO

      Influências de toda a Europa agregaram-se para produzir a revolta de Martinho Lutero. Estas influências foram tão diversas que não seria possível apontar uma única delas como mais importante do que as outras.

      Durante o período pré-Reforma, os escolásticos e teólogos eram responsáveis por alterar muitas das visões da religião estabelecida. Três princípios básicos desenvolveram-se a partir deste período que podem ser tidos como os princípios básicos da Reforma. Embora diferentes pontos de vista fossem sustentadas pelos diversos segmentos, estes três estavam entrelaçados em todo o movimento:

      (1) O sacerdócio de todos os crentes passou a ser aceito em contraposição ao sacerdócio especial dentro do clero católico romano. Esta ideia iria eliminar a autoridade da hierarquia para qualquer um que a aceitasse.

      (2) A autossuficiência das Escrituras como uma regra para a fé e prática cristãs foi universalmente aceita pelos reformadores. Isso explica o fato de que várias traduções das Escrituras estavam sendo colocadas nas mãos do povo. Eles agora podiam procurar as Escrituras por conta própria.

      (3) A salvação pela fé passou a ser enfatizada pelos reformadores. Durante a Idade das Trevas, o Catolicismo Romano havia desenvolvido um sistema de salvação pelas obras. Isto é ilustrado particularmente no sistema de sacramentos e na prática das indulgências.

      A hora da Reforma

      Durante o primeiro quarto do Século XVI, a Reforma irrompeu em uma reviravolta impetuosa que produziria consequências sem paralelo para o futuro da Igreja. Nenhum outro período da História foi tão apropriado para a chegada da Reforma como o início do Século XVI. A Renascença trouxe novos saberes, a imprensa, fez crescer as viagens, e o individualismo. Foi realmente o século de nascimento novo, e alguém quase poderia pensar nas novas descobertas dos dias atuais ao ler as seguintes palavras escritas por Lutero em 1522:

      “Se você ler todos os registros do passado, você não irá encontrar nenhum século como este desde o nascimento de Cristo. Tamanhos construção e plantio, vida e vestimenta tão boas, tal a iniciativa no comércio, tanta agitação em todas as artes, não tem havido desde o início do mundo. E quão numerosos são as pessoas espertas, e inteligentes aquelas que não deixaram nada escondido e sem revirar; mesmo um rapaz de vinte anos sabe mais hoje em dia do que antes sabiam vinte doutores em divindade.” E, a Reforma veio justamente para o homem certo: um acadêmico de seus dias, ousado, consagrado e determinado. Tal homem era Martinho Lutero, que começou a verdadeira Reforma.

      O Homem

      Martinho Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, de pais católicos muito devotados – e morreu no mesmo local em 18 de fevereiro de 1546. Eles o “batizaram” no dia seguinte. O nome de Lutero tem sido escrito como Luther, Ludher, Luder, Leuder, Lothar. Os nomes de seus pais eram Hans e Margaret. Hans não era um homem rico, mas criou sua família em suas vidas sob circunstâncias pobres. Mais tarde na vida, Hans melhorou economicamente, e conseguiu deixar alguma riqueza, na ocasião de sua morte.6 Martinho nunca se envergonhou de sua vida de lar pobre e mais tarde falou dela. Os pais de Lutero e seus professores de escola eram disciplinadores muito severos. Certa feita sua mãe açoitou-o até sangrar por roubar uma noz. Noutra vez seu pai bateu nele tão severamente que ele deixou o lar por algum tempo; e, em outra ocasião, seu professor fê-lo apanhar quinze vezes por algum pequeno mau comportamento. Porém, essas durezas da vida podem tê-lo preparado melhor para encarar as durezas de um reformador.

      Sua Formação

      Lutero era um homem muito bem educado. Ele começou suas ocupações educacionais com um estudo da lei em mente. Seu pai queria que ele fosse jurista.7 Porém, a morte de um amigo querido e um raio que destroçou um carvalho bem perto de seu caminho a ponto de quase lhe tirar a vida acabaram por fazer com que ele se voltasse da lei (na qual ele havia tido pouco interesse) para as ocupações eclesiásticas.

      Lutero vivia em um tempo em que os terrores da morte atemorizavam a todos.

      Ele frequentou a escola de São George em Eisenbach entre 1498– 1502; depois ele seguiu para a Universidade de Erfurt, na qual ele graduou-se com um título de Bacharelado em Artes em 1502 e um de Mestrado em Artes em 1505.

      Em 1505, os pensamentos de Lutero voltaram-se para a religião. Ele entrou para o convento agostiniano contra a vontade do seu pai. Schaff diz a respeito dele:

      “Se é que já houve um monge sincero, zeloso, consciencioso, este foi Martinho Lutero. Sua motivação única era sua preocupação com sua salvação.”

      Ele pretendia integralmente permanecer um monge. Ele escolheu a ordem dos Eremitas Agostinianos por serem rigorosos no labor teológico e nas regras internas.

      Ele foi ordenado sacerdote em 1507. Quando celebrou sua primeira missa, a ideia da santidade de Deus o assombrou tanto que tentou fugir do altar, sendo impedido por seu superior.11 Lutero tinha intensos sentimentos de temor, terror e culpa.

      Lutero recebeu o Bacharelato em Teologia em 1509. Ensinando na Universidade de Wittenberg, tornou-se Doutor em Teologia em 1512. Lutero lecionou nas Universidades de Erfurt e de Wittenberg, sendo que este último lugar é o de sua mais longa permanência no ensino.

      Ele era muito bem afamado e fez várias contribuições à Alemanha, entre as quais se podem citar as seguintes: (1) Ele foi o primeiro professor a lecionar em língua alemã comum; (2) Ele baseou suas aulas no texto bíblico; (3) Ele traduziu a Bíblia para o vernáculo. Enquanto lecionava na Universidade de Wittenberg, Lutero veio a estudar a Bíblia e descobriu muitos abusos feitos com ela.

      Entre outras coisas, Lutero desenvolveu sua doutrina de salvação por meio da fé somente, em oposição à prática católica de boas obras. Este ponto viria a desempenhar um papel importante na Reforma.

      Tal descoberta, para Lutero, não era mero exercício acadêmico, mas uma questão profunda, íntima e sempre recorrente em sua vida. Ele queria ser salvo e queria agradar a Deus, mas como encarar este Deus furioso e irado que o condenaria por seus pecados?

      Lendo Romanos 1.16-17 ele chegou à grande conclusão que mudaria sua vida e daria uma nova ênfase ao mundo religioso:

      “Eu odiava este termo “justiça de Deus”, porque o uso corrente e o emprego que dele fazem habitualmente todos os doutores me haviam ensinado a entendê-lo em sentido filosófico… uma qualidade divina que impulsiona Deus a castigar os pecadores e os culpados … Enfim Deus teve piedade de mim. Enquanto meditava dia e noite e examinava a lógica (sic!) destas palavras: “A justiça de Deus se revela no Evangelho, como está escrito: o justo viverá pela fé”, comecei a compreender que a justiça de Deus aqui significava a que Deus dá pela qual o justo vive, se tem fé. O sentido da frase é, pois, o seguinte: O Evangelho nos revela a justiça de Deus, mas esta justiça é “justiça passiva” pela qual Deus em sua misericórdia nos justifica por meio da fé… Imediatamente senti-me renascer e em pareceu haver entrado, por portas largamente abertas, no próprio Paraíso…”.

      Isto ocorreu no inverno de 1512-13. Em suas aulas posteriores sobre Salmos e Romanos, ele elaborou o conceito que o homem não é salvo por obras de mérito, mas pela imputação (atribuição) de justiça de Cristo a aqueles que nele confiam.

      Tetzel

      A coisa de maior destaque que serviu de estopim à Reforma foi a venda indulgências. Em 1506, o papa Júlio começou a construir a Basílica de São Pedro em Roma, e o papa Leão X deu continuidade. Com a empreitada ameaçada pela falta de fundos, a venda de indulgências começou.

      A penitência romana incluía três coisas: (i) contrição, (ii) confissão e (iii) satisfação. A contrição era uma atitude pessoal de remorso e convicção do pecado que devia ser seguida pela confissão a um sacerdote quse poderia determinar os meios para “pagar” o pecado por meio de atos de penitência – assim o pecador daria satisfação do pecado por meio de oração, jejum, esmolas, peregrinações, etc.

      Foi neste aspecto que as indulgências foram aplicadas: elas seriam um substituto das outras obras de penitência, dando plena satisfação à justiça punitiva que deveria ser aplicada ao pecador.

      João Tetzel, pela a autoridade do papa, veio pela Alemanha vendendo essas indulgências, pregando, “Assim que o dinheiro cai no cofre, a alma voa para fora do Purgatório.”

      Lutero foi totalmente contra este abuso. Nesta época, ele não negava a autoridade do papa ou a eficiência da penitência, mas apenas o abuso em particular. Assim, em 31 de outubro de 1517, ele pregou na porta da Catedral de Wittenberg noventa e cinco teses para debate. Fixar as teses em lugar público era algo comum naqueles dias, para suscitar o debate acadêmico.

      Estas teses vieram a ser conhecidas como “a gota d’água”, porque por causa delas Lutero foi mais tarde excomungado e o Protestantismo teve início como uma entidade separada.

      A Ruptura

      Qualben oferece seis tópicos que sumarizam as atividades de Lutero desde as noventa e cinco teses até a ruptura verdadeira com o Romanismo.

      1. Depois da publicação das teses, ele foi convocado diante da Ordem Agostiniana em 1518 para ser julgado. Ele obteve sucesso em ganhar amigos entre os seus associados. A rivalidade entre os monges agostinianos e os dominicanos (de Tetzel) ajudou Lutero.

      2. Em outubro de 1518, Lutero apareceu diante do cardeal Caetano em Augsburg. Caetano exigiu que Lutero se retratasse ou fosse excomungado, ao que Lutero respondeu que não podia trair sua própria consciência. Lutero fugiu da cidade, ao saber que Caetano tinha recebido ordens de levá- lo preso, anulando seu salvo-conduto.

      3. Em junho e julho de 1519, Lutero estava a debater com John Eck em Leipzig. Lutero mostrou-se melhor conhecedor da Bíblia, mas Eck tinha mais conhecimento de direito canônico e de teologia medieval. Considerou-se que Eck venceu o debate. Embora os argumentos de Lutero fossem melhores, Eck conseguiu que Lutero declarasse que o Concílio de Constança tinha errado ao condenar João Huss e que a Bíblia tinha mais autoridade que os papas e os concílios. Isto bastou para que Lutero fosse considerado herege.

      4. Um segundo julgamento por heresia foi feito contra Lutero de janeiro a junho de 1520, e no dia 15 de junho de 1520, o papa assinou bula de excomunhão, condenando os escritos de Lutero, declarando-o herege, ordenando que suas obras fossem queimadas, e ameaçando bani-lo caso ele não se retratasse. Lutero queimou esta bula papal juntamente com livros de leis canônicas.

      5. Lutero foi excomungado em 3 de janeiro de 1521, mas em 10 de dezembro de 1520, ele havia queimado a bula de excomunhão, assim afastando a si mesmo da Igreja Católica. O papa ordenou que o Imperador Carlos V processasse Lutero. Frederico, Eleitor da Saxônia, que era admirador de Lutero. Ele articulou para que Lutero pudesse defender-se em um tribunal alemão.

      6. A Dieta de Worms foi realizada em 1521. Foi aqui que um apelo final de retratação foi feito a Lutero, mas Lutero respondeu:

      “A menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pela razão manifesta (…), eu estou preso pelas passagens da Escritura que citei e minha consciência é cativa da Palavra de Deus. Eu não posso e não irei retratar-me de nada, pois não é seguro nem certo ir contra a própria [consciência].”

      Lutero respondeu em alemão e não em latim, a língua dos teólogos e políticos.

      Lutero foi condenado em 25 de abril. Carlos V afirmou que ele tinha agido contra ele, o Imperador. Lutero ficou preso no castelo de Wartburgo. Isto foi obra de Frederico, Eleito da Saxônia. Em 1522, saiu de lá para aplacar a fúria iconoclasta e a teologia entusiasta que estava ocorrendo em Wittenberg. Com base nisto ele elaborará um pensamento teológico menos radical na questão das imagens e dos símbolos.

      Assim a Reforma tornou-se realidade, e assim pois teve o seu início a Igreja Luterana. Lutero não teve a intenção de começar uma denominação; ele queria permanecer junto ao Catolicismo.

      Obra posterior

      Enquanto Lutero esteve preso no Castelo de Wartburg, fez sua tradução da Bíblia para o Alemão, assistido por Melanchthon. Esta tradução, além de importantíssima para a formação da língua e da nação alemã, tornou-se uma ferramenta importantíssima da reforma.

      Nos anos 1524-1526 ocorreram três eventos importantes na vida de Lutero que influenciaram a Reforma Protestante.

      1. A controvérsia de Lutero com Erasmo sobre a questão do livre-arbítrio afastou-os, fazendo com que alguns humanistas também se afastassem de Lutero. No Ensaio sobre o Livre-Arbítrio “Lutero enfatizou que o ser humano não é livre para arbitrar, mas é libertado pela fé para servir.”21

      2. O conservadorismo de Lutero em manter muitos costumes não bíblicos, usando o ponto de vista que “o que não é proibido é permitido”, levou ao afastamento de muitos outros que desejavam uma reforma mais abrangente e consistente com um retorno maior às Escrituras. O fato é que Lutero queria o apoio dos nobres, que no seu movimento, atuavam como se fossem “bispos”, por esta causa, não queria alterar muito o culto e as formas litúrgicas.

      3. O apoio dado por Lutero aos nobres no massacre contra as classes desprivilegiadas na Revolta dos Camponeses foi um grande erro que maculou a fama deste reformador. Para obter ordem e conter a revolta que seu movimento inspirava, colocou os príncipes na direção do movimento reformador.22

      O pensamento de Lutero

      Lutero aceitou a ideia da depravação humana ensinada por Agostinho. Esta depravação aprisionava a vontade de forma que somente a graça de Deus poderia permitir ao homem escolher o que é bom em relação a Deus. Assim, a predestinação era a explicação do fato que alguns tinham fé e outros não, além de excluir dos homens qualquer mérito humano na salvação.

      A “justiça de Deus” revelada no evangelho não era punitiva mas positiva, gerando a justificação do homem “pela fé somente” e esta fé era dom de Deus e não obra humana. Uma vez recebendo a fé e a justiça imputada, decorrente da fé, as boas obras podem ser realizadas como resultado da salvação.

      Para Lutero, a autoridade das Escrituras se afirma e se mede em seu testemunho de Cristo e da doutrina da justificação pela fé. A Bíblia tinha Lei e Evangelho: estas classes podiam ser encontradas nos dois Testamentos. Assim, o Evangelho é o que tinha mais importância e livros como Tiago foram considerados sem valor.

      O sacerdócio de todos os santos foi uma doutrina importante e fundamental para Lutero. Para ele, isto significou que todo cristão pode ouvir confissões, orar por outros e perdoar.

      Todos os chamados são sagrados. A distinção de valor ou de santidade entre clérigos e leigos foi abolida. Até mesmo seu casamento com Catarina von Bora, uma ex-freira, segundo ele mesmo disse, foi feito para: (i) agradar seus parentes; (ii) desagradar o papa; e (iii) selar sua confissão. Seu casamento e vida familiar mostravam o valor da vida comum.

      Na doutrina da Ceia do Senhor, Lutero estabeleceu uma “via média” entre o catolicismo e o protestantismo reformado e Cedo na sua vida, Lutero rejeitou a epístola de Tiago por causa da ênfase nas obras (Tiago 2.14–16); porém, mais tarde ele a aceitou. Ele também tinha problemas com alguns livros do Velho Testamento. Esta mentalidade crítica de Lutero acompanhará o Luteranismo de onde muitos eruditos virão negando o valor e a inspiração das Escrituras com base em sua razão radical. Ele não afirmou a transubstanciação católica, mas também não apoiou o pensamento protestante que transformou a ceia em mero símbolo ou memorial. Para Lutero, o corpo e o sangue reais de Cristo estão presentes no pão e no vinho. Seu ponto de vista foi chamado “consubstanciação”. Este foi um tema polêmico em que o conservadorismo de Lutero levou muitos protestantes a se afastarem dele.

      Na questão das relações da igreja com o Estado, Lutero cria que o governo tinha que ser obedecido como instituído por Deus. Esta ligação da igreja luterana com o Estado nem sempre foi boa para o luteranismo na história, prejudicando seu testemunho cristão contra governos anti-cristãos.

      A influência de Lutero

      Lutero unificou a Alemanha linguisticamente com sua Bíblia. Influenciou a educação religiosa por meio de seu catecismo. Incentivou muita piedade por meio dos seus hinos e músicas. Seu exemplo de casamento e família cristã moldou as famílias luteranas no mesmo tipo de piedade familiar.

      A Paz de Augsburg, em 1555, depois da guerra religiosa que durou cerca de dez anos, estabeleceu que cada região da Alemanha teria sua religião respeitada: “cujus regio, ejus religio”, que numa tradução livre fica: “cada região, sua religião”. As províncias nortistas foram majoritariamente luteranas e as sulistas, católico romanas. Isto levou a adoção do luteranismo nos países escandinavos, ao norte da Alemanha. O catolicismo perdeu todo o Norte da Europa.

      Lutero e sua influência foram sentidas em toda a Europa. O movimento protestante fortificou-se na Boêmia, Hungria, Polônia, Inglaterra, Escócia, França, Países Baixos, Escandinávia e até na Espanha e Itália. A Reforma provavelmente ocorreria de uma forma ou outra, mas Lutero deu-lhe não apenas o maior vigor inicial como também inspirou coragem e visão em muitos outros de espírito reformador. Apesar das reações negativas a Lutero, a própria igreja católica deve muito a ele, pois foi forçada a rever muitos de seus caminhos mais desavergonhadamente errados.

      CATÓLICOS x PROTESTANTES

      Em termos gerais, o quadro abaixo sumariza a situação de contraste gerada com a Reforma Protestante. Pontuaremos alguns itens principais contrastando os pontos de vista protestantes e católicos.

      Tópico

      Questão

      Protestantes

      Católicos

      Escrituras

      SUFICIÊNCIA

      Só a Escritura

      Bíblia+Tradição

      CONTEÚDO

      Não aos apócrifos

      Apócrifos

      Antropologia

      PECADO ORIGINAL

      Depravação total e culpa

      herdada.

      Homem corrompido e

      predisposto para ao mal.

      VONTADE

      HUMANA

      Vontade humana livre

      para fazer o bem

      Vontade humana escrava

      do pecado.

      Soteriologia

      PREDESTINAÇÃO

      Baseada nos decretos de

      Deus.

      Baseada na presciência de

      Deus.

      EXPIAÇÃO

      Morte vicária de Cristo

      Morte vicária de Cristo e

      méritos dos sacramentos

      GRAÇA DE DEUS

      Graça comum: todos Graça salvífica: eleitos

      Graça preveniente: batismo Graça eficaz: capacitando a

      obediência

      BOAS OBRAS

      Resultado da graça

      Produzem mérito

      REGENERAÇÃO

      Obra do Espírito

      Batismal

      JUSTIFICACÃO

      Ato judicial divino

      definitivo

      No batismo, podendo ser

      perdida e readquirida

      Eclesiologia

      ORGANIZAÇÃO

      Várias formas

      Pedro e Roma (Papado)

      IGREJA E

      SALVAÇÃO

      Distinção entre igreja

      visível e invisível

      Fora da igreja visível não

      há salvação

      SACRAMENTOS

      Meios de graça apenas

      com fé

      Ex opere operato – efetivo

      quando feito

      SACERDÓCIO

      Todos os crentes

      Só alguns são mediadores

      TRANSUBSTANCIA

      ÇÃO

      Rejeitada

      Defendida

      Escatologia

      PURGATÓRIO

      Negado

      Defendido

      ESTADO DOS

      MORTOS

      Definitivo

      Alterável

      Mariologia

      Rejeitada completamente

      Mãe de Deus Imaculada Conceição Medianeira

      Adorada [4 festas]

      A REFORMA SUÍÇA

      Os efeitos de Martinho Lutero permanecem até os tempos atuais. Ao iniciar o Movimento da Reforma, ele deu forma e significado a tudo o que se seguiria nas gerações futuras. Embora ele não tivesse feito um retorno completo ao Novo Testamento, ele é muito estimado pela sua coragem que o levou a fazer uma rejeição formal do Catolicismo Romano. Nunca saberemos o quão efetivas as outras tentativas reformadoras teriam sido sem o pontapé inicial de Lutero para o movimento. Nós podemos apenas respeitar suas coragem e fé por causa do impacto nos eventos que se sucederam.

      Os três princípios principais, geralmente aceitos por todos os reformadores, são: (a) a Bíblia deve ser reconhecida como a norma absoluta para a vida e para a doutrina; (b) salvação e justificação provêm de uma fé viva, não de obras mortas; e, (c) todos os crentes, e não apenas alguns poucos escolhidos, são sacerdotes de Deus, e Jesus é o Sumo Sacerdote.

      Estes três princípios certamente tiveram o selo da aprovação divina, por serem bíblicos. Porém, nem todos os reformadores enfatizaram estes princípios da mesma forma. Lutero enfatizava a salvação pela fé somente. Esta doutrina foi enfatizada depois por pregadores posteriores, chegando até a eliminar a importância das obras.

      A Reforma Suíça é importante por várias razões. (i) Uma das mais importantes marcas deixadas por este segmento do Movimento da Reforma foi a sua ênfase na autoridade das Escrituras. Zwínglio encarava a Bíblia como um “código de leis”. Calvino olhava para Bíblia como a única regra de fé, infalível e verbalmente inspirada por Deus.

      (ii) Esta fase da Reforma é também importante porque ela marcou a propagação da Reforma para fora da Alemanha e enfim por toda a Europa.

      O movimento da Reforma começou na Suíça no tempo em que a Reforma Alemã estava a ganhar ímpeto. Não parece ter havido nenhum conhecimento definido dos princípios luteranos nas mentes dos expoentes da Reforma Suíça nos seus estágios mais iniciais. Demorou até o ano de 1519 para que o líder da Reforma Suíça viesse a ter contato com os escritos de Martinho Lutero.

      De Lutero nasceram os grupos luteranos; da Reforma Suíça vieram as Igrejas Reformadas e outros elementos denominacionais que adotaram muitos dos seus princípios.

      Classificaremos como “reformadores suíços”, dois grandes reformadores, Ulrich Zwínglio e João Calvino.

      ZWÍNGLIO

      Ulrich (ou Huldreich) Zwínglio nasceu apenas algumas poucas semanas depois de Martinho Lutero, em 1º de janeiro de 1484, na Suíça de fala alemã, na aldeia de Wildhaus. Zwínglio nasceu em condições ligeiramente mais confortáveis do que Lutero, por seu pai ser o magistrado chefe da aldeia. Schaff diz que mãe de Zwínglio era irmã de um sacerdote, e ele era o terceiro de sete filhos; ele tinha duas irmãs.

      Ele foi educado de começo na Basileia e em Berna e seu pai viu nisso que ele tinha boas oportunidades educacionais. Ele frequentou as Universidades de Viena e da Basileia. Uma de suas maiores realizações foi o fato que ele se tornou um humanista de mão cheia e fez muitos estudos na literatura clássica. Em 1513, ele começou a estudar grego para que ele pudesse estudar o Novo Testamento na língua original, e mais tarde ele estudou os Pais da Igreja. Em 1506, ele foi designado sacerdote pároco de uma abastada e grande paróquia em Glarus e na qual serviu durante dez anos.

      Reformador

      Qualben escreve, “Em dezembro de 1518, ele foi designado pastor chefe de uma grande igreja em Aurich. Nesta época ele já havia desenvolvido por completo a ideia de que a Bíblia era suficiente como guia doutrinário, e percebendo que a Igreja necessitava de purificação, ele começou a pôr a Bíblia na frente das pessoas. Eis uma das grandes diferenças entre Zwínglio e Lutero: Lutero usava a Bíblia como corretiva, retendo aqueles ritos e cerimônias da Igreja Medieval que não eram positivamente antiescriturísticos. Portanto ele reteve as imagens, os altares, os ornamentos das igrejas, os órgãos, os sinos de igreja, e coisas parecidas. Zwínglio usava a Bíblia como um código de leis, rejeitando tudo que não fosse expressamente ordenado na Escritura.”

      A reforma de Zwínglio iniciou-se quando ele se opôs com sucesso a Bernard Samson por este vender indulgências. Ele se opunha a Purgatório, intercessão dos santos, dízimo, jejum e monasticismo. Ele também se opôs à prática idolátrica do Catolicismo e a muitos outros ensinos católicos. Ele ensinava contra a doutrina da transubstanciação, e “relegava os sacramentos somente como sinais comemorativos”30.

      Zwínglio não deve ser esquecido, pois ele foi uma das figuras principais da Reforma Suíça. Ele casou-se com Anna Reinhart em julho de 1522, mas manteve isto em segredo até 1524. Ele morreu quando participava da batalha de Kappel entre protestantes e católicos em 11 de outubro de 1531.31Muito do seu trabalho viria a ser retomado e ampliado pelo ilustre João Calvino.

      Quando a paz foi restaurada, cada cantão (que era o nome da cada pequena cidade-estado independente na Suiça) recebeu o direito de escolher a sua própria religião. Zwínglio foi sucedido por seu sobrinho Heirich Bullinger (1504-1575).

      Ideias teológicas

      Zwínglio não era um pensador sistemático. Com sua forte formação humanista e seu dom de ditar palavras de ordem, “sua obra caracterizou-se fundamentalmente por uma apresentação de teses sobre determinados temas”.32 Também temos que levar em conta o fato dele ter morrido relativamente cedo, não sistematizando seu trabalho.

      Defendia a dimensão social do evangelho, preocupando-se mais com a salvação coletiva do que com a individual. Tentou instaurar o reino de Deus na terra, em sua cidade.

      Sua forma de interpretar a Bíblia, como já falamos, era diferente de Lutero: para Zwínglio “somente o que é ordenado é permitido”. Para ele, a Bíblia revela a “vontade de Deus”, logo, o que não é ordenado especificamente é errado!

      Apesar disto, em alguns pontos como o batismo de crianças, ele aceitou a prática, ou por conveniência ou por inconsistência.

      Sua ênfase na soberania de Deus levou-o à doutrina da predestinação. Também cria na doutrina da “igreja invisível” que podia envolver “pagãos justos e cristãos” em contraposição com a igreja visível composta por cristãos que professam sua fé com seus filhos (aspergidos).

      CALVINO

      Schaff afirma que Calvino era “ vinte e cinco anos mais novo do que Lutero e Zwínglio, e teve a grande vantagem de poder construir sobre os fundamentos deles. Ele era menos genial mas mais talentoso.”

      João Calvino, nascido em Noyon, na França, a apenas cerca de 40 km a nordeste de Paris, era filho de um advogado e secretário do episcopado. Calvino nasceu no dia 10 de julho de 1509, e sua mãe morreu quando ele ainda era bastante jovem. Devido ao desafeto de seu pai por crianças, Calvino foi enviado a uma família nobre para o seu treinamento. Isto tornou a vida deste reformador bastante diferente das condições mais pobres dos outros reformadores.

      Seu pai destinou João a buscar a Teologia e, através da influência paterna, recebesse posições eclesiásticas perto de Paris. Ele frequentou a Universidade de Paris, começando em agosto de 1523. Por causa de um mal-entendido com o clero da catedral de Noyon, o pai de João decidiu então que ele deveria estudar Direito; por esse motivo ele foi então enviado à Universidade de Orleans onde ele estudou sob a tutela de homens notáveis.

      Schaff sugere que “Calvino recebeu a melhor educação – em Ciências Humanas, Direito, Filosofia e Teologia – que a França daquele tempo poderia oferecer”35. Calvino nunca foi ordenado para o clero, porém tornou-se um grande humanista. Ele mais tarde determinou-se a dedicar sua vida a buscas teológicas, e assim começou seus esforços de reforma.

      João Calvino é mais bem conhecido por alguns de seus escritos notáveis e pelas contribuições que ele fez para o campo da doutrina. Aos 25 anos ele publicou suas Institutas da Religião Cristã, em uma forma abreviada, e elas permaneceram até os tempos presentes como um dos trabalhos clássicos de teologia. Elas passaram por várias edições até serem completadas em 1559. Em adição a isto, Calvino escreveu um conjunto magistral de comentários que também são clássicos até hoje.

      Uma das mais importantes contribuições que ele fez para o campo da doutrina foi o desenvolvimento da doutrina da predestinação. Ele declarou que desde toda a eternidade, Deus decretou que certas almas estavam perdidas e certas outras salvas, e que somente através de um ato especial do Espírito de Deus a salvação poderia vir.

      Calvino tentou construir uma espécie de cidade ideal em Genebra e desenvolveu um sistema de “governo cristão”. Ele ensinava que os cristãos não podiam reclamar juros; ele recusava os “feriados papistas” tais como Natal e Páscoa. Suas doutrinas se espalharam através da Europa, e ele “mereceu a descrição de ser o único reformador internacional”36. Calvino morreu em 27 de maio de 1564, em Genebra.

      Lutero e Calvino

      Uma comparação rápida entre as pessoas de Lutero e Calvino ajuda a entender um pouco das diferenças entre os dois reformadores.

      LUTERO

      CALVINO

      Base

      piedade pessoal e

      coletiva

      civilização37

      Força

      motivadora

      agonia de consciência

      culpada

      um pensador e organizador

      Postura

      mais místico

      mais intelectual

      Tempo

      primeira geração

      segunda geração

      Enquanto Lutero tornou-se reformador por causa de suas lutas espirituais e sentimento de culpa, Calvino foi um reformador de segunda geração cuja motivação para o trabalho na Reforma foi fruto de sua instrução e seu impulso organizador e civilizador. Por isso, a teologia de Calvino é mais intelectual e sistemática enquanto que a teologia de Lutero é mais mística e baseada na busca de relacionamento com Deus.

      LUTERANOS x REFORMADOS

      O quadro abaixo compara o pensamento luterano com o dos reformados em uma série de pontos.

      LUTERANOS

      REFORMADOS

      ORDO SALUTIS

      chamado, iluminação,

      conversão, regeneração, justificação, santificação, glorificação

      eleição, predestinação,

      união com Cristo, chamado, regeneração, fé, arrependimento, justificação, santificação, glorificação

      GRAÇA DE DEUS

      pelo batismo ou

      pregação – capacita para evitar resistência

      irresistível

      ARREPENDIMENTO

      leva à fé

      vem da fé

      BATISMO

      opera regeneração –

      perdoa pecados

      incorpora na aliança da

      graça

      CEIA

      Cristo presente

      [consubstânciação]

      Sinal e selo da aliança –

      Cristo presente por fé

      IGREJA E ESTADO

      Ligados

      Ligados

      PRINCÍPIO

      HERMENÊUTICO

      tudo que não é

      proibido é permitido

      tudo que não é ordenado

      é proibido

      PONTO DE VISTA

      SOBRE A REFORMA39

      preservar a tradição, o

      quanto fosse possível

      restaurar a forma original

      ÊNFASES

      TEOLOGICAS

      a graça de Deus

      a obra de Jesus

      a soberania de Deus

      Os 5 pontos = TULIP

      mais litúrgica e

      celebrativa

      mais intelectual e

      comemorativa

      Proponentes

      Lutero

      Zwínglio e Calvino

      Calvino fica “na média” Lutero e Zuínglio

      A oposição a Calvino

      Antes de deixar Calvino, devemos lembrar de Jacó Armínio (1560-1609), um teólogo que fez oposição ao seu pensamento e deixou uma “opção” teológica para o mundo protestante e reformado. Ele foge da linha Agostinho-Lutero-Calvino, nutrindo-se de uma teologia mais ligada aos pais pré- agostinianos.

      Embora o sistema de pensamento de Calvino eventualmente se tornasse o sistema mais aceito, as propostas de Armínio são importantes e corrigem excessos de Calvino.

      Armínio ensinava que a eleição é feita “em Cristo” e que a “predestinação” é resultado da presciência ou do pré- conhecimento de Deus sobre quem iria crer e “perseverar em Cristo.

      A posição dos seguidores de Armínio foi apresentada em obras que surgiram em “Declaração de Sentimentos” (1608). Ele afirma que Deus realizou quatro decretos:

      1. Deus decretou Jesus como mediador e salvador para o homem;

      2. Deus decretou aceitar e salvar todos que se arrependessem e cressem em Jesus Cristo e rejeitar os impenitentes;

      3. Deus decretou providenciar os meios necessários para o homem se arrepender e crer;

      4. Deus decretou a salvação de certos indivíduos específicos porque ele anteviu que eles creriam e perseverariam até o fim.

      Assim, para Armínio, a graça de Deus faz a salvação possível mas não inevitável. Somos dependentes da graça de Deus, mas esta graça é dada de um modo que o homem é levado a decidir se vai aceitá-la ou não.

      Os calvinistas rejeitaram sua posição no Sínodo de Dort (1619), contudo, as posições arminianas foram incorporadas por vários teólogos, vindo a influenciar João Wesley. Através dele, a teologia arminiana será levada adiante e será proeminente em várias igrejas posteriores.42

      CALVINISTAS x ARMINIANOS

      Temas

      CALVINISTAS

      ARMINIANOS

      PECADO ORIGINAL

      depravação total e culpa herdadas de Adão

      fraqueza herdada de Adão

      VONTADE HUMANA

      escrava do pecado

      livre para fazer o bem

      GRAÇA DE DEUS

      graça comum para todos graça salvífica para os eleitos

      graça capacitadora a todos graça salvífica aos que crêem

      graça para perseverar para os que obedecem

      PREDESTINAÇÃO

      baseada nos decretos de Deus

      [eleição incondicional]

      “Nós escolhemos Deus porque eles nos escolheu”

      baseada na presciência de Deus [eleição condicional]

      “Deus nos escolheu porque nós o escolhemos”

      REGENERAÇÃO

      Monergismo

      Sinergismo

      EXPIAÇÃO

      a morte de Cristo foi sacrifício penal vicário

      a morte de Cristo foi um sacrifício aceitável, na bondade de Deus, em

      lugar da penalidade

      ALCANCE DA

      EXPIAÇÃO

      somente para os eleitos

      [expiação limitada]

      para todos

      [expiação ilimitada]

      APLICAÇÃO DA EXPIAÇÃO

      pelo poder do Espírito, pela escolha de Deus

      [graça irresistível]

      pelo poder do Espírito, em resposta à vontade do pecador [graça resistível

      que convida]

      ORDO SALUTIS

      eleição, predestinação, união com Cristo, chamado, regeneração, fé, arrependimento, justificação, santificação,

      glorificação

      chamado, fé, arrependimento, regeneração, justificação, perseverança, glorificação

      PERSERVERANÇA

      perseverança dos eleitos

      perseverança dos obedientes

      ÊNFASE

      Soberania de Deus Incapacidade do pecador

      depravado

      Equanimidade e justiça de Deus Responsabilidade e liberdade do ser

      humano

      OS RADICAIS DA REFORMA

      A Reforma não foi feita apenas pelos grandes líderes, religiosos de formação e que trabalhavam com algum apoio estatal. Houve aqueles que trabalharam sem apoio do Estado e, por esta causa, foram considerados perigosos para a sociedade e para a Reforma. Normalmente repudiavam a associação Igreja-Estado, eram gente mais simples, camponeses, etc. Buscaram vidas comunitárias eram tolerantes e pacifistas. Alguns enveredaram para milenarismos e para levantes contra os nobres e as autoridades constituídas. Isto manchou a reputação de todos os movimentos reformadores não estatais. Eles acabaram sendo perseguidos tanto por católicos como pelos protestantes, pois ambos apoiavam-se no Estado.

      André Bodenstein (c. 1480-1541), conhecido como Carlstadt, era doutor em Teologia e tinha sido colega de Lutero em Wittenberg era um reformador mais radical, desejando apressar a reforma da igreja alemã. Para ele, a Bíblia era um livro de leis divinas que fornecia padrões para vida cristã e para a igreja. Era um iconoclasta. Queria retirar do culto e da igreja tudo o que não se encontrava na Bíblia. Lutero hostilizou-o e acusou-o de legalista. Hoje, Carlstadt é mal afamado entre os reformadores, mas seu pensamento era de restaurar o cristianismo bíblico. SOCINIANISTAS – Foi um grupo fortemente racionalista que negou a doutrina da Trindade. O nome do grupo veio de seus principais expoentes Lelio Socino (1525-1562) e Fausto Socino (1539-1604), respectivamente, tio e sobrinho. Eram da Itália, mas desenvolveram seus labores na atual Polônia. Este movimento está na origem das Igreja Unitaristas de tempos posteriores. Seus pontos de vista podem ser sumarizados em: (i) O plano de Deus para salvação está revelado no Novo Testamento e não no Velho;

      I. A revelação divina complementa a razão, mas não a contradiz, logo, o ensino religioso deve ser testado e aprovado pela razão;

      II. A doutrina da Trindade deve ser rejeitada por ser ilógica e irracional – Jesus foi apenas um homem grandemente honrado;

      III. O pecado original não existe e nenhuma culpa há para exigir expiação; (v) A dignidade e honra naturais do homem podem conduzi-lo à salvação pela instrução na verdade; (vi) Esta verdade foi transmitida pelo homem Jesus Cristo; (vii) Não há predestinação, céu ou inferno eternos.45

      ANABATISTAS – O termo “anabatista” significa “rebatizado” ou seja, fala de grupos que recusavam batizar crianças e que foram rebatizados enquanto adultos. Enfatizavam a Bíblia. Atuaram na Alemanha e Suíça. “São a ala direita da Reforma”.

      O movimento parece ter origem em Baltazar Hubmaier que desejava um retorno ao cristianismo das origens onde todos os batismos eram de “crentes” e não de crianças.

      Pode-se pensar em dois tipos de anabatistas: (i) os quietistas e (ii) os revolucionários. Foi por causa destes últimos que o movimento recebeu muita perseguição e recebeu muitas críticas dos outros movimentos.

      Alguns anabatistas, como Melchior Hoffmann (1500-1543), Lutero tinha traído a causa do movimento contra o catolicismo e insistiam que o fim dos tempos e o juízo final estavam chegando. Alguns anabatistas revolucionários, levando adiante estas ideias de Hoffmann, tomaram a cidade de Münster em 1534. Os problemas gerados por suas visões apocalípticas e por suas posturas de poligamia e comunhão de bens geraram uma rejeição do movimento. A cidade foi atacada por forças católicas e protestantes atuando em conjunto em 1535 e o movimento foi debelado naquele local.

      Outro famoso grupo anabatista foi liderado por Tomas Munzer advogava a remoção das autoridades religiosas e estatais para ter o reino de Deus na terra. Munzer foi morto na Guerra dos Camponeses, mas outros líderes continuaram com o movimento.47 MENONITAS – Foram os anabatistas, seguidores de Meno Simons (1496-1561). Ele era um ex-padre holandês que aderiu ao anabatismo. Ele repudiava os métodos violentos e as tentativas de instaurar um reino terreno por meio da espada, da poligamia e outras práticas duvidosas.48 Ele trabalhou na Holanda, nas terras ao norte da Alemanha e adjacências. Ele deu ao movimento anabatista um equilíbrio e um desenvolvimento que resgatou-o de ser totalmente combatido por todos, pois era um homem pacífico e que combatia os fanatismos. Sua sabedoria e capacidade de organizar e conduzir comunidades ajudou em muito ao movimento que existe até hoje.

      Os menonitas tinham as seguintes ênfases: (i) A Bíblia era o coração do movimento como autoridade única em assuntos religiosos; (ii) O cristianismo no Novo Testamento precisa ser recuperado e praticado de novo; (iii) A igreja deve ser uma associação voluntária de crentes sem nenhuma forma de coerção, seja pelo Estado, seja pelo batismo de nenês; (iv) O batismo só deve ser administrado em crentes; (v) A ceia é somente um memorial dos crentes; (vi) A pureza da igreja pode ser mantida por meio da expulsão dos crentes pecadores; (vii) Criam que um cristão não podia ser magistrado, soldado ou fazer juramentos; (viii) O cristão pode obedecer as autoridades civis quando estas não se chocam com a vontade de Deus; (ix) Os sacramentos teriam pouco valor e a teologia da encarnação que eles sustentavam era quase unitarista.

      Outros grupos anabatistas

      HUTERITAS – Seguidores de Jacó Hutter. Na Morávia e depois nos EUA e Canadá. Davam grande ênfase à comunidade. SCHWENKFELDIANOS – Seguiam Gaspar Schwenkfeld von Ossig, na Alemanha, depois nos EUA. Ele ensinava que todas as coisas externas podiam ser retiradas da igreja, tais como batismo e ceia, pois bastava o testemunho interior do Espírito Santo.51 Desenvolveram um cristianismo místico. AMISH – Seguiam Jacó Ammann. Na Suíça e depois nos EUA.

      A “REFORMA” INGLESA

      Na Reforma, a Inglaterra seguiu um caminho à parte em relação ao continente europeu. A Reforma inglesa teve mais impulsos políticos e sociais do que propriamente religiosos e espirituais. Não houve grandes líderes pensadores como Lutero Zwínglio ou Calvino, mas forças sociais, vindas do próprio povo como também as políticas, vindas dos nobres e clérigos, desempenharam o papel mais importante.

      Os trabalhos preliminares de Wycliffe e Tyndale e outros haviam preparado a ilha. Wycliffe teve suas ideias e sua versão do Novo Testamento divulgada pelos Lolardos desde 1382. Guilherme de Occam, no Século XIV já tinha negado a infalibilidade do papa.

      Willian Tyndale produziu uma nova tradução do Novo Testamento, do grego para o inglês em 1525 ou 1526. Esta tradução foi combatida e o próprio Tyndale, que tinha fugido para o continente, foi preso condenado como herege. Ao ser martirizado, Tyndale orou, entre as chamas, dizendo: “Senhor, Abra os olhos do rei da Inglaterra”.

      A reforma inglesa pode ser estudada acompanhando a postura dos vários regentes ingleses com respeito à religião.

      Henrique VIII

      Henrique VIII (1509-1547) foi um homem pouco recomendável. Era obstinado, egoísta e interessado apenas em sua própria vontade. Num primeiro momento, quando a Reforma iniciou-se na Europa, ele colocou-se a favor de Roma contra os reformadores, recebendo o título de “Defensor da Fé”.

      Mais tarde, Henrique VIII queria a anulação de seu casamento com sua rainha, Catarina de Aragão, pois ela não gerava um filho homem para ser seu sucessor – dos seis filhos gerados por Catarina, só Maria sobreviveu à infância. O rei já mantinha relacionamento com Ana Bolena.

      Henrique queria usar o fato dela ser viúva de seu irmão, logo seu casamento podia ser considerado incesto. Mas, o papa não queria desagradar Fernando e Isabela de Espanha e nem Carlos V, Imperador Alemão que era sobrinho dela. Logo, o papa não o atendeu.

      Por esta causa, Henrique resolveu desligar-se do papa, e conseguiu que o Parlamento Inglês o declarasse “Chefe Supremo da Igreja da Inglaterra”. Assim, seguindo o plano que parece ter sido sugestão do Arcebispo Thomas Cranmer,54 ele separou-se de Roma, divorciou-se de Catarina e casou-se com Ana em 1533, sendo ela declarada rainha. Henrique foi excomungado pelo papa em 1534.

      Nesta tempo, o primeiro ministro de Henrique VIII era o cardeal Thomas Wolsey que tinha duas grande ambições: (i) fazer da Inglaterra um grande poder internacional e (ii) tornar-se papa. 

      Ele foi o primeiro Arcebispo Protestante a reger Canterbury, a principal igreja da Inglaterra.

      Henrique só foi favorável à Reforma, uma vez que a conduzisse. Não houve, a princípio, nenhuma mudança doutrinal. Somente o controle da igreja passava para o Estado inglês e também o dinheiro inglês deixou de ser enviado para Roma. Os mosteiros foram fechados e as propriedades da igreja romana na Inglaterra foram confiscadas.

      Em 1536, Henrique VIII apresentou os chamados “Dez Artigos” que apresentavam as crenças oficiais da Igreja Anglicana. Ficou determinado que as bases da igreja seriam: (i) A Bíblia, os credos oficiais, dos Apóstolos, de Nicéia e de Atanásio além dos primeiros quatro concílios; (ii) Menciona-se três sacramentos: batismo, penitência e ceia – os outros não são nem aprovados nem reprovados, simplesmente, não se fala deles; (iii) A justificação é pela fé somente, mas a penitência e as boas obras são necessárias; (iv) Cristo está fisicamente presente na ceia; (v) Imagens podem ser honradas com moderação; (vi) Os santos podem ser invocados, mas não por pensar que eles nos ouçam antes de Cristo; (vii) Missas pelos mortos são desejáveis, mas rejeitou-se a ideia que o Papa pudesse tirar alguém do purgatório.

      Em 1539, os Seis Artigos de Fé estabeleciam que a Igreja Anglicana creria em: (i) transubstanciação; (ii) comunhão sob uma espécie (ou seja, somente o pão era dado ao povo na ceia); (iii) celibato dos sacerdotes; (iv) obrigatoriedade de votos de castidade; (v) missas pelos defuntos; e (vi) confissão auricular. Apesar da Reforma Inglesa deixar a igreja ainda muito romanizada, a ordem de que cada igreja tivesse uma Bíblia completa, de grande formato, na língua inglesa fez com que se lançasse as sementes para mais mudanças no futuro.

      Eduardo VI

      A busca desesperada de Henrique VIII por um herdeiro do sexo masculino levaram-no a ter seis casamentos! Somente a terceira esposa, Jane Seymour, deu-lhe um herdeiro que sobrevivesse – no entanto, a própria mãe morreu poucos dias depois do nascimento de Eduardo VI, futuro rei da Inglaterra.

      Eduardo VI (1547-1553) tinha apenas nove anos quando seu pai morreu. Seus curadores aproveitaram o momento para implementar uma reforma mais ampla na Inglaterra. Nesta época, foi publicado o famoso “Livro Comum de Orações” que modificava o culto da igreja conforme o pensamento da Reforma Protestante. Introduziu-se a comunhão sobre as duas espécies, ou seja, o pão e o vinho e também a missa em língua inglesa. Suprimiu-se o culto às imagens e o celibato obrigatório. Também os “Quarenta e Dois Artigos” foram publicados. Estes refletiam o pensamento de Calvino. Tudo isto ocorreu sob influência de Cranmer.

      O anglicanismo, portanto, foi configurado para ser uma espécie de “via média” entre o protestantismo e o catolicismo.

      Maria I, “a sanguinária”

      Com a morte de Eduardo VI, assumiu o trono inglês a filha de Henrique VIII com Catarina de Aragão: Maria, a Católica (1553-1558). Ela tentou “recatolicizar” a Inglaterra que acabava de experimentar o protestantismo. Com auxílio de seu primo, o cardeal Reginaldo Pole, ela perseguiu o protestantismo, chegando a matar pelo menos 210 protestantes, entre os quais se incluíam o arcebispo Cranmer, responsável por muitas reformas protestantes.

      Contudo, muitos dos protestantes exilados por Maria acabaram buscando refúgio em Genebra, ficando sob a influência de João Calvino. Isto irá contribuir para que, quando estas tribulações cessarem, mais influência calvinista seja trazida para a Inglaterra.

      Elisabete I (ou Isabel I)

      Após a morte de Maria I, sua irmã, Elisabete I, filha de Henrique VIII com Ana Bolena, assumiu o trono. A princípio ela iria apoiar o catolicismo. Porém, como o papa Paulo IV não reconheceu seu direito ao trono, ela mesma afastou-se do catolicismo, aproximando-se do protestantismo.

      Matias Parker foi indicado para ser arcebispo da Cantuária em 1559 e os “Quarenta e Dois Artigos” foram resumidos em “Trinta e Nove Artigos” que se inclinavam mais para o calvinismo do que para o luteranismo (1563).

      O papa Pio V excomungou Elisabete I em 1570, mas esta ignorou o papa. Porém em 1581 muitos católicos foram mortos. Após a derrota da “Armada Invencível” dos espanhóis, cerca de cem católicos foram mortos.

      Não se alterou a organização da igreja. O sistema episcopal ficou sob controle do Estado. O parlamento aprovou e apoiou as reformas e a Inglaterra tornou-se um baluarte do protestantismo na Europa e no mundo.

      O que se buscava não era uma reforma completa, mas um equilíbrio entre o catolicismo e o protestantismo continental.

      Os puritanos

      Antes de deixar a Reforma Inglesa e seus desdobramentos, devemos falar do surgimento dos “Puritanos”. Este grupo surgiu devido ao fato da Reforma Inglesa assumir uma posição média entre o catolicismo e o protestantismo. Muitas pessoas queriam uma reforma mais radical.

      Muitos deles tinham sido exilados por Maria I em Genebra ou em outras terras protestantes. Agora, retornado para a Inglaterra, desejavam implantar uma Reforma completa na Inglaterra.

      Eles queriam deixar todos os costumes medievais de vestimentas e rituais que ainda se conservavam nas igrejas da Inglaterra. Pretendiam também, separar a igreja do controle do Estado e exercer uma disciplina mais severa, excluindo da igreja os membros e sacerdotes indignos.

      Como a igreja era nacional, os puritanos não pretendiam e nem podiam abandonar a igreja, mas queriam que a igreja se remodelasse. No reinado de Tiago I, a produção da Versão do Rei Tiago (King James Version) em 1611 foi um grande progresso obtido pelos puritanos. Mas não obtiveram muito mais do que isto.

      Por isso, aos poucos, os puritanos perceberam que não seriam atendidos na Inglaterra. Por isso, muitos deles resolveram emigrar para a América, em busca de liberdade religiosa.

      Mais tarde, a tentativa de Carlos I (filho de Tiago I) de impor aos Escoceses os livro de oração da igreja na Inglaterra acabou por gerar uma reação destes, que se fortaleceram no sistema presbiteriano de organização. Ao final, Carlos I, buscando apoio para seu governo, teve que convocar um parlamento de maioria puritana. A partir de então, novas reformas puritanas puderam ser implementadas.

      ANGLICANOS x PURITANOS

      “Do catolicismo, o anglicanismo rejeitou as indulgências e, com a Reforma, afirmava-se a salvação pela fé.” Assim, o anglicanismo manteve-se, por muitos anos, como uma forma atenuada e semi-reformada de catolicismo. Os puritanos, contudo, queriam que a Reforma inglesa chegasse a suas últimas consequências. As lutas foram inevitáveis.

      O quadro abaixo mostra algumas das principais e maiores distinções entre estes dois pensamentos desenvolvidos dentro da Reforma Inglesa.

      ANGLICANISMO

      PURITANISMO

      É necessário distinguir entre as doutrinas

      necessárias para a salvação e as leis de disciplina e governo da igreja

      A Bíblia fornece um completo padrão bíblico

      de fé e organização que deveria ser estabelecido de novo

      Abrangência da Reforma:

      o mínimo essencial

      Abrangência da Reforma :

      o mais próximo possível do original bíblico

      Alvo:

      Manter apenas a função essencial das coisas da igreja

      Alvo:

      Buscar a restauração da natureza-forma- função das coisas da igreja

      Tradições, inovações e invenções são

      aceitáveis

      Retorno ao padrão bíblico de pensar e agir

      Organização: episcopal e estatal

      Organização: “presbiteriana” (por presbitérios)

      organização congregacional (independente)

      [separatistas]

      Resultado: “catolicismo mitigado”

      Resultado: Protestantismo

      A REFORMA ESCOCESA

      A Escócia do Século XVI era um reino independente, mais ligado com a França do que com a Inglaterra. Como o catolicismo ali tinha sido muito incompetente, a reforma espalhou-se ali como fogo na palha.

      Apesar disto, a primeira tentativa de introduzir o protestantismo reformado na Escócia foi feita por George Wishart, mas ele foi morto em 1546 como herege.

      O trabalho que vingou foi o de João Knox (1514-1572), que esteve em Genebra como refugiado e tinha sido aluno de Calvino. Ele retornou à Escócia em 1559 e no ano seguinte, o Parlamento Escocês aboliu o catolicismo e adotou a fé reformada.

      O sistema de governo episcopal foi rejeitado, por ser católico e também anglicano. Adotou-se o sistema presbiteriano onde a igreja era governada não por bispos, mas por presbitérios. A obra de Knox intitulado “Livro de Disciplina” organizava a igreja de uma forma presbiteriana, como o era a igreja protestante francesa. Apesar de Maria Stuart, que reinou de 1561 a 1567, ser uma rainha católica que tentou impor o catolicismo aos escoceses, não obteve sucesso. A maior parte dos seus sucessores não foram católicos. Alguns deles, como o supra mencionado Carlos I que reinou na Inglaterra e na Escócia, tentaram impor o anglicanismo mas não obtiveram sucesso. Pelo contrário, acabou colocando a própria Inglaterra sob o domínio de um parlamento de maioria puritana que levou à convocação da famosa Assembléia de Westminster (1643-1648). Nela foram redigidos a “Confissão de Fé” e os “Catecismos maior e breve de Westminster”, que se tornaram o padrão doutrinário do presbiterianismo no mundo.

      Efeitos das “ondas reformadoras”

      Podemos pensar em quatro grandes grupos protestantes, três deles originados de três grandes líderes e um último ramo de cunho mais popular, surgido do povo comum.

      Os três grupos básicos de igrejas evangélicas são: a Luterana, a Reformada e a Anglicana.

      1. A Igreja Luterana teve sua origem com Martinho Lutero, e inclui todas as comunhões luteranas que aceitam a Confissão de Fé de Augsburgo.

      2. O Movimento Reformado desenvolveu-se diretamente a partir da Reforma Suíça e, essencialmente, mantém pontos de vista conservadores.

      3. O grupo Anglicano, produzido por Henrique VIII e sua dinastia, fica a meio caminho do Protestantismo e do Catolicismo.

      Além destes, os reformadores radicais e os anabatistas acabaram por produzir as igrejas livres, muitas vezes perseguidas até conseguirem aceitação e liberdade.

      OS QUATRO GRANDES REFORMADORES

      Lutero

      Zwínglio

      Calvino

      Knox

      Datas

      1483-1546

      1484-1531

      1509-1564

      1514-1572

      Atuação

      Alemanha

      Zurique

      Genebra

      Escócia

      Primeira geração

      Primeira geração

      Segunda geração

      Terceira geração

      1517 95 teses

      1520

      excomungado

      Reformou radicalmente o culto, retirou imagens,

      músicas, coros.

      1536 em Genebra:

      -sistematização

      -organização

      -internacionalização

      da Reforma

      Terceira geração:

      Casou-se 1525

      Casou-se

      Grande escritor

      Influências: irmãos de vida comum

      Influência: Erasmo

      Converteu-se em Paris

      Influenciado por alemães e por

      Calvino

      Protegido pelo Eleitor

      Frederico

      Cidade Livre

      Conselheiro do Conselho da cidade

      Atuou apoiado pelo

      Parlamento

      Foi sucedido e divulgado por Melânchton e

      Martinho Chemnitz

      Discordou de Lutero sobre a ceia do Senhor

      Foi sucedido por Zacarias Ursino

      Optou pelo sistema presbiteriano

      na hierarquia da igreja

      Tomás Müster e André von Carlstadt romperam com

      Lutero

      Morreu no campo de batalha

      No gráfico abaixo, mostramos, em linhas gerais, a formação dos vários “ramos” do protestantismo em seus principais desdobramentos.

      Aumento da divisão da cristandade

      Assim, a cristandade depois da reforma, criou um “terceiro grande braço” do cristianismo. A ruptura entre a igreja grega e romana em 1054 tinha dividido a cristandade de modo irreparável. Agora, a divisão da igreja romana por meio do protestantismo, fragmentou mais ainda a cristandade.

      Os três principais “braços” da Cristandade

      Apesar desta divisão parecer “tríplice” conforme o diagrama acima, na verdade, os protestantes já iniciaram seu trabalho amplamente divididos.  Assim, o já maculado “corpo de Cristo” a igreja, ficou mais dividida ainda. A Reforma trouxe lucros de liberdade do poder papal e um retorno ao pensamento bíblico que havia sido obscurecido pela igreja. Contudo, introduziu um divisionismo e sectarismo que não se resolveu na cristandade até hoje.

      A CONTRARREFORMA

      Quando a Reforma iniciou-se, à princípio, alguns papas não perceberam o que ocorria e não deram a devida atenção. Alguns papas estavam mais interessados em artes, arquitetura e questões da cultura do Renascimento do que com as questões espirituais. De fato, como já notamos anteriormente, dentro da igreja romana havia reformadores. O Cardeal Ximenes de Cisneros (ou Complutum) era um reformador da igreja espanhola no fim do Século XV e no início do Século XVI. Ele promoveu uma reforma moral e intelectual na sua região.

      Quando a igreja percebeu o tamanho do problema, iniciou uma resposta aos Reformadores que foi chamada de Contra-Reforma.

      A igreja romana podia ter tomado vários caminhos. (i) Podia ter dialogado com os reformadores. (ii) Podia ter imitado as inovações dos reformadores, concorrendo com eles pela modificação da cristandade. (iii) Podia combater as novas ideias, aferrando-se ao passado. Infelizmente, esta foi a postura tomada pela igreja romana.

      Três coisas principais, marcam a resposta romana aos reformadores: (i) A criação da “Companhia de Jesus” os chamados Jesuítas em 1540; (ii) O Concílio de Trento (1545- 1563); (iii) O uso da Inquisição para combater os Protestantes e mesmo os reformadores dentro da igreja romana. A Inquisição já existia desde o Século XIII para combater os cátaros e os hereges medievais, mas agora era usada para uma nova situação.

      Os Jesuítas

      A “Sociedade de Jesus” ou “Ordem dos Jesuítas”, foi fundada por um ex-soldado, Inácio de Loyola (1491-1556). Os votos desta sociedade envolviam pobreza, castidade, obediência aos superiores e, especialmente, obediência absoluta ao papa. Havia um voto específico sobre esta submissão. Eles se tornaram a “tropa de choque do papa” conforme moldados pelos “Exercícios Espirituais” de autoria de Loyola.

      Como a ordem não tinha vestes especiais e não tinha que obedecer nenhum horário litúrgico, diferentemente das outras ordens monásticas, eles obtiveram grande liberdade e mobilidade no meio da sociedade.

      Usaram o zelo missionário e um excelente aparato educacional acabaram por obter grande influência em toda a Europa e nas colônias ibéricas na América, África e Ásia, sob domínio dos reis católicos de Portugal e Espanha.

      Os jesuítas defendiam três doutrinas controversas: (i) o probabilismo, (ii) a reserva mental e (iii) o intencionalismo. Estes pontos são polêmicos e comprometedores em termos éticos.

      A doutrina do probabilismo ensinava que se uma certa postura ou decisão moral podia ser apoiada em alguma autoridade ou tradição antiga, então a probabilidade de aprovação da decisão, oriunda desta fonte, recomendava aquela decisão. Em poucas palavras, “se é provável, é bom”. Claro que este ponto de vista pode justificar muitas ações negativas.

      A doutrina da reserva mental afirma que é possível conformar- se exteriormente com uma postura e conduta, sem concordar ou aceitar aquela conduta interiormente. Significava que ninguém é obrigado a dizer toda a verdade quando está sob juramento.

      A doutrina do intencionalismo ensina que “os fins justificam os meios”.

      Os jesuítas foram muito efetivos em defender o catolicismo e promover guerras e combate aos protestantes de todos os modos e formas.

      O concílio de Trento

      Este concílio tinha três alvos: (i) definir e codificar a doutrina católica; (ii) reformar a vida da igreja católica; (iii) suprimir a heresia.

      O concílio reuniu-se em 25 sessões divididas dentro de três grandes períodos: (i) a primeira de dezembro de 1545 a fevereiro de 1548, (ii) a segunda de setembro de 1551 a setembro de 1552 e iii. a terceira de janeiro de 1562 a dezembro de 1563.

      Infelizmente, a igreja romana usou este Concílio para reagir contra os Protestantes, assumindo posturas radicais contra os pontos de vista que deviam ser revistos pela igreja. Neste concílio a igreja romana, ao invés de deixar certos erros, reafirmou-os.

        1. A Escritura e a Tradição foram afirmados ser, ambos, fontes iguais de verdade e autoridade religiosa.

        2. A inclusão dos livros apócrifos no cânon do Velho Testamento foi, pela primeira vez, afirmada.

        3. A Vulgata foi adotada como versão oficial das Escrituras.

        4. A doutrina da justificação por fé somente foi negada.

        5. A doutrina dos sete sacramentos foi reafirmada. Cada sacramento foi afirmado como “signum efficax”, sinal eficaz70 em virtude de sua realização.

        6. A doutrina da transubstanciação foi afirmada em contraste com as doutrinas da Reforma sobre a ceia.

        7. As doutrinas de Maria, dos santos, das relíquias, do purgatório e outras características semelhantes da fé católica foram reafirmadas e defendidas.

        8. Foi criado um Index, uma lista de livros proibidos. A Inquisição

      A Inquisição foi reavivada na Espanha e adotada pelo papado em 1542 para reprimir o avanço do protestantismo em países onde os governantes eram católicos e, portanto, estavam sob poder do papa.

      Assim, os inquisitores se tornaram caçadores de hereges. Se na opinião deles, alguém ensinava falsas doutrinas, acabava sendo processado e punido pelas autoridades civis.

      *****

      A Contrarreforma nada fez para dialogar com o Protestantismo e nem para aproximá-los, mas causou maior repulsa e o afastamento definitivo dos mesmos.

      A postura da Igreja Romana confiava em seu poder de se impor e de vencer pela violência, pela força política, pelo poder exercido por muitos séculos. Eles pensavam que iriam vencer pela força. Estavam cegos para o tamanho da revolta que seu uso desmedido do poder gerou nos protestantes.

      De fato, se a Reforma começou porque o papa queria construir o Vaticano, ela prosperou porque a igreja romana reafirmou suas teses e erros e, depois, ela não pode mais ser interrompida, justamente pelo fato do romanismo tentar interrope-la pela violência e força.

      CONCLUSÃO

      A igreja em depois de vários séculos de abusos e desvios iniciou um processo de restauração da fidelidade por meio da Reforma Protestante. Apesar das limitações e dos erros desta Reforma, ela produziu benefícios que a igreja romana não estava permitindo ocorrer na cristandade.

      Os reformadores não foram homens ou teólogos perfeitos. Quem seria? Não obstante, permanece o fato que os passos que eles deram foram importantíssimos para que a igreja pudesse libertar- se de séculos de dogmas que sufocavam a fé verdadeira.

      Talvez, se os reformadores não surgissem, todo o cristianismo se perderia. Deus não permitiria que isto acontecesse. Quando a corrupção da igreja estava chegando a um ponto que causava risco para a fé dos “pequeninos”, Deus levantou homens para realizarem mudanças.

      A igreja católica foi avisada. Os pré-reformadores de dentro e de fora da igreja já mostravam o clamor por mudanças e por um cristianismo mais autêntico. Os romanistas, seguros de seu poder e riqueza não deram ouvidos a estes “poucos e pobres” que ousaram reclamar das trevas que a igreja estava provocando.

      Vieram, então, inevitavelmente, os Protestantes e a cristandade dividiu-se. A igreja romana, por sua vez, não tomou muitas medidas positivas diante dos Reformadores.

      Apesar de proceder a uma pequena melhoria de seu clero, em seu procedimento geral tornou-se mais inflexível e intransigente em suas doutrinas distorcidas ao longo da sua tenebrosa história. A Contrarreforma não foi positiva, mas sim uma tentativa de impedir o progresso da fé recém descoberta em Jesus.

      O problema de Roma é que se acostumou com o poder e a força por tantos anos que já não sabia mais usar outro recurso.

      DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

      1. Observe na história da Reforma, como os reformadores partiram de suas dificuldades espirituais geradas pela doutrina católica e encontraram na Bíblia a solução para suas crises. Quais seriam as crises atuais que as igrejas estão provocando na sociedade que precisariam de uma reforma?

      1. Observe como os reformadores tiveram dificuldades de dialogar entre si e resolver seus embates doutrinários de modo harmonioso e pacífico. Como isto poderia ser uma lição para nossos embates teológicos de hoje?

       

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