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Lição 5
A IGREJA E A REFORMA
Antes da reforma, a igreja havia se tornado totalmente corrupta, vendia indulgências, cobrava altos impostos e disputava o poder com o estado romano. Luxo e riquezas se contradiziam com a fé cristã. A autoridade papal havia se auto-outorgada acima da autoridade da Bíblia. Motivos estes que fizeram com que João Wycliff, João Huss, Jerônimo Savanarola, Erasmo de Roterdã e Lutero, se levantassem para combater toda esta gama de incoerências. Erasmo, defendia que a igreja precisava ser reformada porque havia abandonado os verdadeiros ideais cristãos. Afirmava que a vida era muito mais importante que a doutrina ortodoxa, e que os frades enquanto se ocupavam com distinções sutís levavam vidas escandalosas. Erasmo desejava a reforma dos costumes e a prática da decência e da moderação. A igreja se desviou dos ensinos do evangelho e estava dando lugar aos vícios pagãos.
A Reforma Protestante foi um movimento religioso reformador, na Europa, que fragmentou a igreja cristã ocidental (Igreja Católica Romana). Originalmente o termo Reformada caracterizava aquelas igrejas do século XVI que se levantaram para dar à Igreja da Idade Média a forma da Igreja primitiva, a forma original da Igreja. Em tempos mais recentes, contudo, ele passou a ter um significado mais restrito, identificando as igrejas que professam as doutrinas da Graça, conforme apresentadas no sínodo de Dordtrech, na Holanda (1610-1618); o movimento ficou também conhecido como Calvinismo.
I. CONTEXTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO
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Queda do Império Bizantino – O Império Bizantino foi gradativamente reduzido pelas invasões de muçulmanos nos Bálcãs, até restar apenas Constantinopla. Em 1453 a cidade foi tomada pelos turcos otomanos e seu nome foi mudado para Istambul. A belíssima catedral Hagia Sofia foi transformada em mesquita. Os russos se tornaram a principal força cristã no oriente, com oczar Ivan, o Terrível, e seus sucessores, usando politicamente a Igreja Ortodoxa.
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Invenção da Imprensa – Embora a imprensa já existisse na China, ela só foi inventada no Ocidente em 1456 por Johannes Gutenberg. A primeira obra reproduzida foi a Bíblia, na versão Vulgata, com 200 cópias. O processo foi aprimorado e popularizado no século XVI. Durante a Reforma, muitas Bíblias, folhetos e livretos foram distribuídos graças à Imprensa.
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O Humanismo e a Renascença – A redescoberta dos valores clássicos através de diversas obras artísticas, nos campos da literatura, teatro e artes plásticas, levou a filosofia desta época a se centrar no homem. Destacam-se na Teologia:
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Erasmo de Rotterdam (1466 – 1536), que atacou a hipocrisia da Igreja, e escreveu comentários sobre o Novo Testamento, a partir da versão grega;
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Francisco Ximenez de Cisneros (1436 – 1517), fundador da Universidade de Alcalá (Espanha), e responsável pela versão Poliglota Complutense (hebraica, grega e latina).
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Grandes Navegações e Expansão Colonial – Navegadores portugueses, espanhóis e de outras nações realizaram grandes viagens marítimas durante os séculos XV e XVI (as principais):
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Viagem |
Ano |
Navegadores |
País |
Cabo da Boa Esperança (sul da África) |
1488 |
Bartolomeu Dias |
Portugal |
América (Caribe e Venezuela) |
1492, 94, 98 |
Cristóvão Colombo |
Espanha |
Terra Nova (Canadá) |
1497 |
Cabot |
França |
India |
1499 |
Vasco da Gama |
Portugal |
Guianas e Rio Amazonas |
1500 |
Ojeda e Vespúcio |
Espanha |
Brasil (Bahia) |
1500 |
Pedro A. Cabral |
Portugal |
China (Macau) |
1514 |
Portugal |
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Circunavegação |
1519-22 |
Magalhães e Cano |
Espanha |
Pioneiros nos descobrimentos, Portugal e Espanha recorreram ao Papa como mediador do Tratado de Tordesilhas (1494), que dividiu o mundo ao meio entre estas duas nações. Eles iniciaram um processo de colonização, mais tarde seguido por outros países, que levou diversos povos da América e da África à extinção, através de guerras, de escravização e de assimilação.
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Política Internacional no século XVI – O fortalecimento das monarquias na Europa levou as famílias reais a se misturarem, principalmente através de casamentos previstos nos tratados de paz. Os reis católicos de Espanha, Isabel de Castela e Fernando de Aragão, se tornaram ascendentes de todas as famílias reais. Também a família italiana dos Médicis teve grande influência, com vários reis e papas.
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II. CONCÍLIOS REFORMISTAS
O meio pelo qual propunham reformar a Igreja era um concílio geral, que, segundo a velha teoria, era a suprema autoridade na Igreja. Perdidas as esperanças no papado, os reformadores reviveram essa teoria como um meio de alcançarem os seus propósitos. Tentaram isto primeiramente no Concílio de Pisa, num vão esforço para curar o cisma.
Pouco tempo depois foi convocado o concílio de Constança que conseguiu restaurar a unidade da igreja. Muitos participantes do Concílio, porém, pretendiam fazer muito mais do que isto. Queriam conseguir o que eles chamavam “a reforma da Igreja da Cabeça aos pés”. O concílio era constituído por um grupo de homens aos quais não faltavam habilidade, inteligência e interesse. Também estavam representados os poderes civis quer pessoalmente ou por meio de embaixadores. Não obstante haver muita discussão sobre a reforma, o concílio, depois de três anos, nada conseguiu.
Os políticos representantes do papa fizeram um astuto jogo de oposição a qualquer modificação que se chocasse com seus altos interesses pessoais. Zelos nacionalistas dividiram os reformadores. Mas a causa real do fracasso é que não havia entre eles bastante caráter, firmeza de propósitos, entusiasmo moral para atingirem os seus objetivos.
Poucos anos depois, os interessados na reforma tiveram outra oportunidade no concílio geral de Basileia. Todavia, ali, não obstante haver muita discussão sobre reforma, enquanto o concílio se arrastava numa lentidão enervante (1431-1449), nada foi conseguido de substancial. O que se verifica de tudo isto, é que muitos homens ilustres de então já sabiam, que não era possível surgir dentro da igreja papal qualquer reforma cuja ação fosse iniciada por esta mesma organização.
A força do mal nela existente não podia ser destruída por ela mesma, a despeito de toda a indignação e protesto da opinião pública da Europa. A reforma só poderia vir por meio de uma revolução que desfizesse aquela organização.
III. A REFORMA PROTESTANTE
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Reforma na Alemanha – Martinho Lutero (1483-1546) – ―No tempo de Martinho Lutero, por causa da construção da Basílica de São Pedro, um esforço especial foi feito pelo papa, para levantar dinheiro através da concessão de indulgências. John Tetzel, conhecido como homem de má conduta, mas que era habilidoso na arte de levantar fundos, foi indicado para vender indulgências na Alemanha […] Diante da cruz foi colocado um grande cofre de ouro para receber o dinheiro e em seguida o povo era induzido de várias maneiras a comprar indulgências. Tetzel levava consigo um quadro do diabo atormentando as almas no purgatório e repetia freqüentemente as palavras que apareciam na caixa de dinheiro: Sobald der pfennig im kasten klingt, kie seel aus dem Fegfeuer springt’, que traduzido livremente significa, ‗Assim que o dinheiro no cofre cai, a alma atribulada do purgatório sai‘. Os ricos davam grandes doações, enquanto os pobres camponeses sacrificavam o que podiam a fim ajudarem seus queridos no purgatório, ou para obter perdão de seus pecados.‖ Martinho Lutero, monge agostiniano, se converteu a Cristo em 1515, pela leitura das cartas de Paulo aos Romanos e aos Gálatas. Em 1517, ele afixou, na porta da igreja de Wittenberg, 95 teses sobre os erros da teologia católica, principalmente a venda de indulgências. Excomungado em 1520, ele se exilou e se dedicou à tradução da Bíblia para o alemão. Casou com Catarina von Bora, em 1525. Após sua morte, o principal líder luterano foi Filipe Melancton. Diversas circunstâncias políticas favoreceram a Reforma. Em 1525, uma revolta de camponeses, liderada por Thomas Münzer, e condenada por Lutero, foi massacrada pelos nobres católicos. Os nobres protestantes se uniram em uma Liga, que, embora derrotada na Guerra de Smalcald (1546 –1555), obteve liberdade religiosa através da Paz de Augsburgo. Ainda assim, os súditos deveriam se submeter à opção religiosa dos seus senhores.
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Reforma na França – A Reforma se iniciou na França de modo independente do luteranismo, principalmente através de Guilherme de Briçonnet (bispo de Meaux, que mais tarde se retratou), Jacques Lefevre d‘Etaples (1450 – 1536) e seu discípulo Guilherme Farel (1489 – 1565), colega de João Calvino (1509– 1564), que se converteu quando estudava em Paris. Em 1533 Calvino foi forçado a fugir da França, e viveu em Genebra e Estrasburgo. Escreveu as Institutas da Religião Cristã, um tratado de teologia reformada, que teve rápida difusão na Europa, pela imprensa. Uma das figuras mais importantes do protestantismo francês foi Margarida d‘Angouleme, Orleans e Valois (1492 – 1549), irmã do rei Francisco I, mais tarde rainha de Navarra, pequeno país que se tornou refúgio dos protestantes nas épocas de perseguições. O calvinismo conseguiu muitos adeptos na França, principalmente na nobreza. As questões políticas se misturaram com as religiosas. O almirante Gaspar de Coligny (1519 – 1572) foi um dos líderes do movimento huguenote. Estabeleceu colônias no Brasil e na Flórida. Ana de Bourg (1520 – 1559), professora de Direito na Universidade de Orleans e defensora dos protestantes, foi condenada por heresia e martirizada. Entre 1567 e 1570 ocorreram várias guerras religiosas, promovidas pela rainha-mãe Catarina de Médicis. Em busca de paz, Henrique Bourbon, príncipe huguenote de Navarra, casou-se com a princesa católica Marguerite de Valois em 1572. Mas em 24 de agosto de 1572, a Noite de São Bartolomeu, dois mil huguenotes foram assassinados em Paris, incluindo Gaspar de Coligny. Dezenas de milhares huguenotes foram mortos em toda a França nas semanas seguintes. Henrique Bourbon assumiu a liderança do partido huguenote, mas ―converteu-se‖ ao catolicismo para assumir o trono francês com a frase: ―Paris vale uma missa‖. Decretou o Edito de Nantes (1598), concedendo tolerância aos huguenotes. Henrique morreu assassinado por fanáticos católicos em 1610. Os huguenotes sofreram várias perseguições até a Revolução Francesa (1789).
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Reforma na Suíça – Ulrico Zwinglio (1481-1531) – Ulrico Zwinglio chegou a conclusões semelhantes às de Lutero, por outros caminhos. Iniciou a Reforma em Zurique (Suíça) em 1519, pregando sobre o Evangelho de Mateus, em vez de seguir o lecionário católico. Em 1522 pregou sobre a liberdade, defendendo um grupo de paroquianos que desafiaram as regras da igreja sobre comer carne durante a Quaresma. O conselho da cidade de Zurique o apoiou oficialmente em janeiro de 1523. Ele defendeu o casamento dos clérigos, removeu as imagens da igreja e substituiu a missa por um culto simples, voltado para a pregação. Em 1529, reuniu-se com Lutero, a pedido de Filipe de Hesse, em uma tentativa de unificar o movimento reformador. No entanto, a questão da transubstanciação resultou em ruptura. Morreu na batalha de Kappell, na guerra contra os cantões católicos da Suíça. Outros reformadores importantes na Suíça foram Martinho Bucer (1491 – 1551) e Teodoro Beza (1519 – 1605).
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Os Anabatistas – Diversos grupos de reformadores radicais, na Suíça, Alemanha, Holanda e Moravia, foram chamados pejorativamente de ―anabatistas‖, isto é, ―que batizam novamente‖. Repudiavam os elos entre Igreja e Estado, e o batismo infantil. Praticavam a comunhão de bens, estilo de vida simples e disciplina eclesiástica rígida. Em sua maioria, eram pacifistas e toleravam os demais grupos reformadores. Os menonitas (Meno Simmons – Holanda) e os Amish (Jacó Ammann – Suíça) são grupos remanescentes atuais dos anabatistas.
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Reforma na Inglaterra e Escócia – Henrique VIII (1509 – 1547) desejava anular seu casamento com Catarina de Aragão, que não lhe dera herdeiro. Com a recusa do Papa, o rei se declarou cabeça da Igreja da Inglaterra, anulou seu casamento, e contraiu novas núpcias. Quando morreu, seu filho Eduardo VI era menor, e os regentes eram protestantes. Mas Eduardo morreu e foi sucedido pela irmã católica Maria Tudor. Muitos protestantes foram mortos (como Thomas Cranmer, arcebispo de Cantuária) ou exilados. Sua irmã protestante Isabel I (1558 – 1603) lhe sucedeu, e permitiu o retorno dos exilados, que trouxeram as idéias calvinistas, mas mantiveram a estrutura episcopal na igreja anglicana. John Knox (1514 – 1572) foi o principal reformador da Escócia. Exilado em 1549, viveu na Inglaterra e em Genebra, onde conheceu Calvino. Em 1559, retornou para conduzir a Reforma na Escócia, na forma do presbiterianismo. Várias versões da Bíblia para o inglês foram produzidas neste período:
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Miles Coverdale, finalizando o trabalho de William Tyndale (1535);
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Grande Bíblia, também de Miles Coverdale, sob encomenda de Henrique VIII (1539);
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Bíblia de Genebra, dos reformadores exilados, com notas calvinistas (1560);
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Rheims-Douai, católica romana (NT: 1582; AT: 1610);
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King James, por 54 especialistas de diversas correntes teológicas (1604 – 1611).
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IV. Reforma Católica, ou Contra-Reforma
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A Reforma Católica na Espanha – Com a morte de Henrique IV, Isabel e Fernando herdaram a coroa de Castela. Nesta época a Igreja Católica na Espanha já se ressentia da necessidade de uma reforma. Antes da morte de Henrique havia muitas incertezas políticas do reinado. O alto clero havia se dedicado às práticas belicosas, o que diferenciava muito do resto da Europa, porque seus bispos, com frequência, se tornavam mais guerreiros do que pastores e se envolviam em cheio nas intrigas políticas, não para o bem de seus rebanhos, mas por seus próprios interesses políticos e econômicos. O baixo clero, mesmo que distante do poder e dos luxos prelados, não estavam em melhores condições de servir ao povo. A maioria dos sacerdotes eram ignorantes e incapazes de responder às mais simples perguntas religiosas por parte dos seus paroquianos. Muitos não sabiam nem fazer a missa e às vezes não sabiam nem o que estavam dizendo. Outro problema que afetava o baixo clero, era que o alto clero recolhia a maior parte das entradas na igreja, os sacerdotes se viam envoltos em uma pobreza humilhante, e frequentemente descuidavam dos seus trabalhos pastorais. Nos mosteiros e conventos a situação não era melhor. Em uns se praticava a vida monástica e em outros se praticava a vida mole. Haviam casas religiosas governadas, não segundo as regras, mas segundo os desejos de seus monges e madres da alta esfera. Em muitos casos se descuidavam da oração, que supostamente era a ocupação principal dos religiosos. A tudo isso se somava a questão do celibato, a questão dos filhos bastardos dos bispos do alto clero e as muitas concubinas entre os padres paroquianos, que apareciam publicamente com estas mulheres e seus filhos. Muitos sacerdotes tinham filhos de várias mulheres. A ética e a moral da igreja estavam abaladas. Isabel era uma mulher devota e seguia rigorosamente as horas de oração. Para ela, os costumes licenciosos e belicosos do clero eram um escândalo. Juntamente ao seu marido Fernando impunharam a bandeira da reforma católica. Para Fernando a preocupação era o excessivo poder dos bispos, convertidos em grandes senhores feudais. Em consequência, quando os interesses políticos de Fernando coincidiam com os propósitos reformadores de Isabel a reforma marchava adiante. E quando não coincidiam, Isabel fazia valer sua vontade em Castela, e Fernando em Aragão. Com a finalidade de reformar o alto clero, os reis católicos obtiveram de Roma o direito de nomeação. A partir daí Isabel se convenceu da necessidade de reformar a igreja em seus domínios, e o único modo de fazê-lo era tendo à sua disposição a nomeação daqueles que deveriam ocupar os altos cargos eclesiásticos. Logo, muito antes do protesto de Lutero, os desejos reformadores já haviam se instalado em boa parte da Espanha, graças a obra dos reis católicos Isabel e Fernando. No curso da reforma Isabel se convenceu de que a igreja tinha necessidade de dirigentes melhor adestrados, pelo que se dedicou a fomentar os estudos. Ela era uma pessoa erudita, conhecedora do latim se juntando à outras mulheres de dotes semelhantes. Com o início da imprensa em Barcelona, Saragoça e outras grandes cidades espanholas, houve uma grande contribuição para a reforma religiosa dentro do estilo humanista. Deste modo a Universidade de Alcalá e a Bíblia Poliglota Complutense se encaixaram perfeitamente. Aí está o grande efeito da reforma católica na Espanha. A Bíblia, que era composta de seis volumes, sendo quatro do Antigo Testamento, um do Novo Testamento e um que era uma gramática hebraica, aramaica e grega. Sua tradução durou dez anos e ocupou muitos eruditos. Três convertidos do judaísmo, que se encarregaram do texto hebreu. Um cretense e dois helenistas espanhóis que se encarregaram do grego. Já os melhores latinistas da Espanha se preocuparam em preparar o texto latino da Vulgata. Ao receber a impressão completa da Bíblia, Cisneros que era um frade franciscano escolhido por Isabel para ser o arcebispo de Toledo, assim se pronunciou: ―...esta edição da Bíblia que, nestes tempos críticos, abre as sagradas fontes de nossa religião, das quais surgirá uma teologia muito mais pura que qualquer que tenha surgido de fontes menos diretas‖. Esta afirmação clara da autoridade das Escrituras sobre a tradição, se tornou rapidamente em uma das teses principais dos reformadores protestantes.
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Jesuítas (1536) – Fundada pelo ex-soldado e monge dominicano espanhol Inácio de Loyola (1491 – 1556). O objetivo era defender a fé católica através de uma rígida disciplina de influência militar.
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Concílio de Trento (1545 – 1563) – Doutrinas contra os temas dos protestantes:
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1) justificação por boas obras;
2) autoridade vem das Escrituras e da tradição;
3) pecado original;
4) confirmação dos 7 sacramentos.
Reformas práticas:
1) os bispos têm que viver em suas sedes;
2) pluralismo proibido;
3) seminários estabelecidos para a melhor preparação do ministério.‖
―O erudito Concílio de Trento proclamou que a crença na transubstanciação era essencial para a salvação e pronunciou maldições sobre qualquer um que a negasse. O concílio ordenou padres para explicar que não somente os elementos da missa carne, ossos e nervos como uma parte de Cristo, mas também um Cristo completo.‖
V. Protestantes em outras Nações Européias
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Países Baixos – A Reforma, por grupos anabatistas e calvinistas, foi acolhida na Holanda também como uma questão política na independência em relação à Coroa espanhola. A revolta holandesa se iniciou em 1559, e levou à divisão entre Holanda (protestante) e Bélgica (católica, e fiel à Espanha). Uma trégua foi firmada em 1607, mas os conflitos continuaram, principalmente na expansão colonial.
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Escandinávia – O luteranismo teve rápida aceitação, principalmente graças ao apoio de reis como Cristiano III da Dinamarca e Gustavo Vasa da Suécia. Participaram decisivamente na Guerra dos 30 anos.
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Espanha – O movimento protestante na Espanha (1557 – 1560, em Sevilha e Valladolid) foi fortemente combatido pela Inquisição. Ainda assim, Casiodoro de Reina pôde traduzir a Bíblia para o espanhol em 1569, revisada por Cipriano de Valera (1602). Outra obra importante foi a Suma da Doutrina Cristã, de Constantino Ponce de la Fuente, morto pela Inquisição.
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VI. Os Batistas – John Smyth (1570 – 1612), pregador anglicano, criou uma igreja separatista, cerca de 1606, em Gainsborough. William Brewster liderava um grupo semelhante em sua casa, em Scrooby. Quando os anglicanos iniciaram a perseguição aos separatistas, eles fugiram para a Holanda. A igreja de Smyth alugou um salão de uma igreja menonita, e teve contato com a doutrina contrária ao batismo infantil. Assim, convenceu 40 membros de sua congregação a se batizarem novamente (1610), o que deu origem à denominação batista. Um grupo, liderado por Thomas Helwys, retornou à Inglaterra. Em 1644, havia na Inglaterra 47 igrejas batistas gerais e 7 particulares (quanto à extensão da expiação), todas compartilhando as doutrinas de batismo somente de crentes e independência do Estado.
VII. Controvérsias
A. Os Sacramentos
Os protestantes consideraram os sacramentos (Batismo e Ceia), como meios de graça somente se recebidos pela fé. Católicos e ortodoxos defendem sete sacramentos, que transmitem graça justificadora e santificadora:
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Batismo (infantil; graça preveniente)
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Confirmação (Crisma)
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Eucaristia (ou Comunhão, equivalente à Ceia) – Transubstanciação – I Co 11.17-34
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Confissão (e Penitência) – cf. I Jo 1.8-10; Hb 10.1-18
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Unção de Enfermos – Tg 5.14-15
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Ordem
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Matrimônio (Casamento)
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B. Antinomismo
Doutrina de que não é necessário ao homem pregar ou obedecer à lei moral do AT. Ocorreu em diversos momentos da história da Igreja, principalmente no Gnosticismo (séc. I a IV), durante a Reforma, e na Igreja Pós-Moderna (séc. XIX em diante, por influência do existencialismo e do relativismo).
Martinho Lutero foi acusado de antinomista por seus opositores, por sua ênfase na salvação somente pela graça. Zwinglio enfatizou a necessidade de santificação e discipulado na teologia reformada, como vida de obediência à lei revelada por Deus. Lutero acusou seu discípulo João Agrícola (Johann Schneider, 1494 – 1566) de antinomismo, em uma controvérsia que durou de 1537 a 1540. A Fórmula da Concórdia (1577) reconheceu três papéis para a Lei:
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revelar o pecado;
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estabelecer a decência geral na sociedade;
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fornecer uma regra de vida para os regenerados pela fé em Cristo.
Nova controvérsia surgiu entre os puritanos e Anne Marbury Hutchinson, entre 1634 e 1637, que acusou os puritanos de realizar a ―aliança pelas obras‖, e foi expulsa de Massachussets para Rhode Island.
A ortodoxia ensina que os princípios morais da lei ainda são válidos, não como esforços objetivos, mas como frutos do Espírito Santo operando na vida do crente. Ver as passagens: Rm 3.8,31; I Co 5-6; Rm 6-8; 13.8; Gl 3.24.
C. Controvérsia Arminiana
―Remonstrância‖ apresentada pelos discípulos de Jacó Armínio (1560 – 1609), à Igreja Reformada Holandesa, em 1610, rejeitada pelo Sínodo de Dordrecht, em 1619.
Tópico |
Arminiano |
Calvinista |
Capacidade |
Livre Arbítrio |
Depravação total |
Eleição |
Condicional (presciência de Deus da escolha do homem) |
Incondicional (escolha de Deus, que predestina o homem para a salvação ou condenação eterna) |
Expiação |
Geral (universal) |
Limitada ( particular) |
Graça |
Pode-se resistir ao Espírito |
Graça irresistível (vocação eficaz do Espírito Santo) |
Perseverança |
Decair da Graça |
Todos os escolhidos por Deus, são redimidos por Cristo, recebem a fé do Espírito Santo e estão salvos eternamente, mantidos pelo poder de Deus até o fim. |
D. Denominações e Dogmas
No início da Reforma havia uma Igreja a ser reformada (Católica Romana). Ao final da Reforma Protestante havia várias Confissões, e os cristãos foram agrupados em diversas Denominações, segundo suas nacionalidades e segundo questões teológicas secundárias.
Tudo isso nos leva à constatação de que o Senhor reina, de que a Sua Palavra é a nossa lei. Queremos, portanto, concluir nossas considerações com este grandioso ensino da Palavra de Deus: O Senhor reina! Todo ser pensante pode ver facilmente que um poder soberano rege sua vida. Ninguém jamais foi questionado se desejava nascer ou não; ou quando, ou onde, ou de quem haveria de nascer; se branco ou negro; se no século vinte ou antes do dilúvio; se na América ou na China.
Os crentes de todas as épocas têm reconhecido que Deus é o Criador e o Rei do universo, e portanto, nada pode acontecer fora de Sua vontade real. Deus efetivamente governa o mundo que criou. E até as obras pecaminosas do homem ocorrem somente porque Ele as permite. Se negarmos esta realidade estaremos negando o fato de que Ele reina. Se a palavra de um rei terreno é lei em sua nação, quanto mais a vontade de Deus, no mundo que Ele criou! Contudo, isto não significa que Ele tenha poder para fazer aquilo que é contrário a Sua natureza, ou para agir de forma contraditória. É impossível que Deus minta ou faça algo moralmente errado. Como Sua onipotência é a garantia segura de que o curso do mundo está conforme o Seu plano, a Sua santidade é a garantia de que todas as Suas obras serão feitas em retidão. Tudo, sem exceção, está sob Seu controle, e Sua vontade é a razão fundamental de tudo o que acontece.
O céu e a terra e tudo que neles há são os instrumentos através dos quais Ele leva a cabo Seus propósitos. A natureza, as nações, e a fortuna de cada ser humano representam, em todas as suas variações, a fiel expressão do propósito de Deus. Os ventos são Seus mensageiros, as chamas de fogo Seus ministros. Cada acontecimento natural é obra Sua; a prosperidade é um dom de Deus; e se a desgraça chega à vida do homem, foi o Senhor quem a permitiu (Am 3:5, 6 Lm 3:33-38, Is 47:7; Ec 7:14; Is 54:16). Ele dirige os passos dos homens, queiram estes ou não; Ele enaltece e Ele abate; Ele abranda o coração e Ele o endurece; e Ele cria os próprios pensamentos e intenções da alma (Fl 2:13).
Embora o reinado de Deus seja universal e absoluto, não é um poder cego. Pelo contrário, Seu reinado está unido à Sua infinita sabedoria, santidade e amor. E esta doutrina, quando compreendida, nos traz grande consolo e segurança. Quem não preferiria que todos os aspectos de sua vida estivessem nas mãos de um Deus de infinito poder, sabedoria e amor; e não que dependessem do acaso cego ou das próprias pessoas pervertidas? Ninguém é mais habilitado que Deus para dirigir a minha vida, e, por isso, glória seja dada ao Seu nome. A própria expressão ―servo de Deus‖, que caracteriza cada um de nós, traz implícita a idéia de que Ele Reina, mas isso não tira a responsabilidade do homem de atender o seu chamado para a prática de sua verdades deixadas em suas santas Escrituras.
Portanto, louvado seja Deus que aprouve fazer uso dos homens tornando-os corajosos para lutar pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd 1:3).
APOSTILA
Vídeo Aula com o Prof. Álvaro Pestana
Apostila – A Igreja e a Reforma
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EXERCÍCIO DESSA AULA
Boas Aulas!