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Módulo 4 – A Igreja Medieval
Lição 4
A IGREJA MEDIEVAL
O quarto IV e V século viram a continuação do declínio do império romano e finalmente sua queda no ocidente. Constantino governou o império a partir de 323 com energia e sabedoria. Transferiu a capital para a sua nova e belíssima cidade de Constantinopla (Istambul). Depois dele, verificou-se novamente a divisão de autoridade até Teodósio o qual, já governando no oriente obteve o poder total que manteve de 392 a 395. Foi ele o último a manter o domínio de todo o mundo romano. Depois dele, houve duas linhas de imperadores, do oriente e os do ocidente, com as capitais em Constantinopla e em Roma. Durante todo esse tempo o império vinha-se esfacelando internamente enquanto, se acentuavam os ataques externos dos bárbaros.
Em 378, verificou-se em Adrianópolis (atual Edirne, Turquia) uma das mais decisivas batalhas do mundo, em que os visigodos que habitavam o Baixo Danúbio derrotaram os romanos sob o comando de Valêncio e mataram este imperador. Em 410 sob as ordens de Alarico, procederam o saque de Roma. Finalmente, em 476, o general germânico Odoacro destronou Rômulo Augusto, o último imperador romano do ocidente e ocupou o governo.
Quando as populações germânicas ultrapassaram as fronteiras do Império e se estabeleceram no Ocidente, foram os francos os primeiros a abraçar a fé cristã. A partir do século VI, o reino franco foi perdendo o antigo vigor, devido dos reis merovíngios, enquanto ocorria a ascensão da casa dos carolíngios. ―No ano 600 d.C., Gregório, o Grande, torna-se o primeiro papa oficialmente aceito. Podemos considerar a instituição oficial da Igreja Católica Apostólica Romana daqui para frente.‖ Embora a igreja católica sempre afirme ser a primeira e única igreja de Cristo, o que percebemos é que ela passou por um processo de desenvolvimento que só a partir do século VII é que está totalmente ―terminado‖.
I. CONTEXTO HISTÓRICO E GEOGRAFICO (Séc. VII-IX)
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Feudalismo
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As ondas de invasões bárbaras fragmentaram politicamente a Europa ocidental. Nos séculos V a XI os senhores de terras (conhecidas por feudos) possuíam inclusive sua população, em estado de servidão. A cultura e o comércio estagnaram. Muitos senhores feudais lutavam entre si, em uma forma de banditismo. Como a Igreja possuía vastas áreas de terra, o cargo de bispo, e também de priori de mosteiro, passou a ser muito importante, comprado por pessoas que não conheciam a Cristo (prática conhecida por simonia). Esta situação trouxe graves problemas para a Igreja.
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Expansão do Islamismo
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Maomé fundou a religião muçulmana no ano de 632, quando realizou sua viagem de Meca a Medina. Seu livro sagrado é o Alcorão. As tribos árabes rapidamente se unificaram sob a nova religião, e iniciaram um período de cem anos de expansão, em que conquistaram quase todo o Oriente Médio, o norte da África e a Península Ibérica. A derrota na batalha de Tours, na França, em 732, foi decisiva na defesa da Europa às invasões muçulmanas. As cidades de Antioquia, Alexandria, Cartago, e outras, com as principais igrejas cristãs do Oriente, foram conquistadas. Os pagãos foram obrigados a se converter sob pena de morte. Os cristãos e judeus eram tolerados (como monoteístas), mas obrigados a pagar tributos e não pregar para muçulmanos.
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O Sacro Império Romano Germânico
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Nos séculos VII e VIII o reino dos francos se fortaleceu na Europa Central. Em 774 o rei Carlos Magno defendeu os territórios do papa Adriano, contra os lombardos. Seu sucessor, o papa Leão III coroou Carlos Magno como imperador, sem a autorização do imperador bizantino. Este novo império foi importante na política papal até o período da Reforma Protestante.
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O Monasticismo
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Os primeiros monges (de , solitário), como Antônio (Egito, c. 250 – 356), viviam isolados em regiões desérticas, no período da Igreja Primitiva. Pacômio (Egito, c. 287 – 347) foi o primeiro a formar um grupo de monges que viviam juntos. Eles eram adeptos do ascetismo (moral filosófica baseada no desprezo do corpo e das sensações corporais – Michaelis), talvez sob influência do Estoicismo. O monasticismo foi uma das reações de cristãos à conversão de Constantino (Igreja Imperial). Benedito (ou Bento) de Núrsia (c. 480 – 547) criou um mosteiro no Monte Cassino (em 529, destruído na II Guerra Mundial), onde estabeleceu a Regra que definiu o Monasticismo na Igreja Medieval: Voto de pobreza, castidade e obediência; leitura semanal de todos os salmos; oito orações e oito cultos diários; trabalho distribuído entre os monges para o sustento do mosteiro. Com o Feudalismo, a Europa se fechou para o comércio e o intercâmbio cultural e a taxa de analfabetismo se elevou. As invasões e o banditismo a tornaram muito insegura. Os Mosteiros foram uma espécie de oásis, provendo um refúgio seguro, onde as pessoas eram alfabetizadas e as Escrituras eram estudadas, e o preço era o isolamento.
II. HERESIAS E DEFESAS
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Monotelismo
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Doutrina de que Cristo não tinha vontade humana, apenas a divina, defendida por Honório de Roma (papa), Sérgio de Constantinopla, etc., condenada pelo III Concílio de Constantinopla (681).
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A Questão das Imagens
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O uso de figuras começou na Igreja Primitiva, como ferramenta de ensino (como usamos hoje na EBF, ABC ou EBD), sobretudo devido ao analfabetismo. A adoração de imagens está associada ao sincretismo proporcionado pela Igreja Imperial. As estátuas eram freqüentes em Roma e nas Igrejas do Ocidente, mas proibidas nas Igrejas do Oriente, em que as figuras (ícones) estavam em pinturas ou vitrais. O imperador Constantino V convocou em 754 um Concílio que condenou a adoração de imagens, defendida pelo patriarca Germano de Constantinopla e pelo teólogo João de Damasco, talvez devido à acusação de idolatria recebida dos muçulmanos pelos cristãos do oriente. A Igreja se dividiu entre iconoclastas e iconódulos. O II Concílio de Nicéia, em 787, convocado pela imperatriz Irene, patriarca Tarásio e papa Adriano, declarou exclusiva a adoração (latria) a Deus, e legítima a adoração (dulia) de imagens de ―santos‖. Passagens como Ex 20.3-5a e I Tm 2.5 são claras quanto à proibição da adoração de imagens, ou de qualquer pessoa, exceto Cristo. Uma visão legalista entre judeus ortodoxos e muçulmanos proíbe qualquer tipo de imagem.
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O Celibato Sacerdotal
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Interpretações erradas de textos como Mt 19.12 e I Co 7 serviram de fundamento para uma doutrina criada para evitar problemas econômicos e jurídicos da Igreja (como instituição humana) em relação à herança dos bispos e presbíteros. O auge da controvérsia ocorreu durante o papado de Gregório VII (1073 – 1085), que tentava executar uma reforma da Igreja através dos critérios de escolha dos bispos, combatendo a simonia. Entretanto, por defender o ideal monástico do ascetismo, levou o povo da Alemanha e Itália a perseguir centenas de famílias de clérigos casados, cujas esposas foram tratadas como prostitutas, enquanto muitos bispos mantinham suas amantes. As orientações de I Tm 3 são claras em relação ao casamento de bispos e diáconos.
III. ANTECEDENTES DA REFORMA (Séc. XI-XV)
A. Transição do feudalismo para o capitalismo. Diversos fatores contribuíram para o fim do feudalismo:
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Urbanização, que criou uma nova classe social, os burgueses (habitantes de cidades).
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Formação dos estados nacionais (Portugal e Espanha na reconquista e França e Inglaterra na guerra dos cem anos), com os valores e patriotismos do rei.
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Viagens marítimas (venezianos e genoveses no Mediterrâneo, e, no século XV, portugueses e espanhóis pelo mundo), que estimularam o aquecimento do comércio e da transmissão cultural.
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As peregrinações proporcionadas pelas cruzadas Catedrais que atraíam os comerciantes.
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O desenvolvimento das Guildas (corporações de ofício) e das universidades, onde conhecimentos passaram a ser transmitidos de forma institucional.
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B. O auge do papado
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As origens do bispado romano se perderam na penumbra da história. A maior parte dos historiadores, tanto católicos como protestantes, concorda que Pedro esteve em Roma, e que provavelmente morreu nesta cidade durante a perseguição de Nero. Porém não existe nenhum documento antigo que diga que Pedro transferiu sua autoridade apostólica aos seus sucessores.
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Quando os bárbaros invadiram o império a igreja do ocidente começou a seguir um rumo bem diferente da do oriente. No oriente o império continuou existindo, e os patriarcas continuaram subordinados a ele. No ocidente entretanto, o império desapareceu, e a igreja veio a ser a guardiã da velha civilização. Por isto o patriarca de Roma, o papa, chegou a ter grande prestígio e autoridade.
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No período da idade média aparece um dos grandes papas (nomeado anteriormente), Gregório I, chamado o Grande. O fato de sua eleição ao papado (590) para alguns marca o início do período medieval ou um período da história da igreja. Ele era de caráter irrepreensível, muito honrado por sua bondade e modo de vida, de uma austeridade muito severa. Valendo-se dos seus dons extraordinário, Gregório tirou o máximo de proveito da sua posição de bispo de Roma constituindo-se em patriarca do ocidente. Defendeu e impôs constantemente a sua autoridade sobre esta grande parte da igreja. Conseguiu que os mais fortes bispos metropolitanos reconhecessem a superioridade de Roma. Fez com que o culto seguisse o ritual romano. Enviou missionários a diferente lugares. Ele muito trabalhou para purificar e fortalecer a Igreja, cuidando dos pobres e enviando o cristianismo aos pagãos.
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Além do mais, não havia na Europa ocidental nenhum governo civil bastante forte entre o ano 400 e o tempo de Carlos Magno (768-814), e mesmo depois de Carlos Magno, até aparecer Oto I. Não houve por todo esse tempo qualquer governo que ministrasse justiça e impusesse a ordem e a paz. Mas em Roma, a antiga sede do poder mundial, estava o bispo exercendo um ofício então julgado santo, visto crer-se ter sido primeiramente exercido por um apóstolo. Esse pode de Roma pretendia o domínio mundial da Igreja, e tentava alcançar todo mundo ocidental com a sua soberania. E muitos dos bispos de Roma foram homem fortes e capazes de governar. Em toda Europa ocidental, por muitos anos, o papa era o único representante de um governo permanente. Nesta situação, o poder do papado inevitavelmente cresceu por todo o ocidente e, em menor grau, em outras partes da Igreja.
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Alguns papas fizeram coisas boas, pois foi durante o pontificado de Nicolau I, (858-867), Lotário, rei da Lorena, repudiou a esposa, substituindo-a por outra mulher e, não obstante, conseguiu aprovação dos arcebispos subservientes do seu reino. Tal situação, constituía naturalmente, uma grave ameaça à moralidade. Mas o papa depois de uma forte luta, compeliu o rei a receber a esposa e despedir a rival. Nenhum outro governo no mundo teria realizado esse feito. Mas a autoridade do chefe da Igreja, baseada no temor da excomunhão que, como se cria, significava a morte eterna, contribuiu para alcançar essa vitória. O papa aparecia assim, encarnando um poder acima dos reis, pois representava a lei moral. Tais circunstâncias fortaleciam cada vez mais o papado, que tanto podia ser uma força para o bem, como para o mal.
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Outra coisa que muito fortaleceu o papado foi a situação de muitos papas como governadores civis de Roma. Esse governo civil é conhecido como o “poder temporal”. Muitas vezes em épocas de calamidades públicas, como de pestilência ou fome, perigo de invasão, motins ou desordens em gerais, os bispos tiveram de assumir o governo da cidade. Além das cidades, os papas governavam extensos territórios na Itália, os quais lhes foram doados por Pepino, rei dos francos, pai de Carlos Magno.
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As missões também contribuíram em parte para o soerguimento do poder de Roma. Quando os papas enviavam missionários, encarregavam-nos de tornar as terras conquistadas obedientes ao papa. Assim cada conquista do cristianismo era outra para o poder papal.
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O avanço do islamismo ajudou aumentar o poder papal. Quando a Ásia ocidental e a África do norte caíram sob a dominação árabe, a Igreja foi terrivelmente enfraquecida no oriente. Três dos cinco patriarcados (Alexandria, Jerusalém, Antioquia), caíram sob o domínio de uma religião que era inimiga mortal do cristianismo. Enquanto isso, a Igreja no ocidente crescia vantajosamente por meio das suas missões. De modo que, a parte da Igreja que reconhecia a soberania do papa, cresceu em importância enquanto a parte oriental, em que tal soberania não era reconhecida, se tornou menor e enfraquecida.
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C. As cruzadas
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As cruzadas são, sob vários aspectos, o fenômeno mais notável da idade média, foi um fenômeno avassalador, dramático. Durante vários séculos a Europa ocidental derramou o seu fervor e seu sangue em uma série de expedições cujos resultados foram, nos melhores casos, de pouca duração; e nos piores casos trágicos.
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O objetivo das cruzadas era derrotar os muçulmanos que ameaçavam Constantinopla, salvar o império do oriente, unir de novo a cristandade, reconquistar a terra santa, e em tudo isto ganhar o céu. Desta forma temos o que de modo geral sentia-se que o cristianismo podia repelir os maometanos. O amor da aventura, a esperança do saque, o desejo da expansão territorial e o ódio religioso seguramente impulsionaram poderosamente as cruzadas. Seríamos, porém, injustos para com eles se não reconhecêssemos também que os cruzados criam estar praticando algo mui importante para suas almas e Cristo. Assim temos que as causas às cruzadas eram um misto de fatores: políticos, religiosos, econômicos e pessoal.
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A primeira cruzada sob Aleixo I (1081-1118), rei mais forte que seus predecessores imediatos em Constantinopla, se sentiu incapaz de enfrentar os perigos que ameaçavam o império. Pediu então auxílio ao papa Urbano II, o qual prometeu o socorro. No sínodo reunido em Clermont,(1095) França, Urbano pregou a cruzada obtendo resultado inesperado. Ele exortou aos cristãos da Europa ocidental a socorrer os seus irmãos do oriente e também libertar os lugares santos das mãos dos hereges (muçulmanos). Urbano, prometeu indulgência plenária a todos quantos se engajassem. Os ouvintes profundamente emocionados se disse que gritaram: “Deus o quer”. Um dos pregadores mais conhecidos desta cruzada foi Pedro, o eremita, monge de Amiens ou seus arredores. Ele divulgou a mensagem pela Europa ocidental, aumentando o entusiasmo e arrebanhava multidões para este empreendimento. Muitos destas multidões pereciam no caminho, porém no verão de 1096 saíram exércitos melhor organizados, passaram o inverno em Constantinopla, e na primavera entraram na Ásia Menor e capturam Antioquia em junho de 1098 e no ano seguinte tomaram Jerusalém, matando muitos dos seus habitantes.
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Segunda Cruzada. Não obstante a desorganização feudal, o reino de Jerusalém se manteve até a captura de Edessa pelos islamitas, em 1144. Essa captura representou a perda do seu baluarte do noroeste. Bernardo de Claraval, então no auge da fama, pregou nova cruzada, em 1146, e recebeu apoio do rei francês, Luis VII (1137-1180) e do imperador alemão Conrado III, (1138-1152). Não tinha, no entanto, o ardente entusiasmo da anterior. Muitas das suas forças pereceram na Ásia Menor e as que alcançaram a Palestina sofreram grave derrota em 1148, quando intentavam tomar Damasco. Foi um desastre completo, que deixou profundo ressentimento no ocidente contra o império do oriente, pois os príncipes desse império, com ou sem razão, foi atribuído o insucesso. As divisores entre os muçulmanos tinham sido a causa do sucesso da primeira cruzada. Mas o curdo Saladino tinha edificado um estado muçulmano forte que circundava o reino latino nas suas fronteiras continentais.
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Terceira Cruzada. As novas desta catástrofe lançaram a Europa na terceira cruzada (1189-1192). Nenhuma delas foi melhor preparada que esta. Três grandes exércitos foram chefiados pelo imperador Frederico Barba Ruiva (1152-1190), o maior soldado da época; pelo Rei Filipe Augusto, da França (1179-1223); pelo rei Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra (1189-1199). Frederico morreu afogado acidentalmente na Cilícia e seu exército, sem a sua vigorosa direção, tornou-se inteiramente ineficaz. As questões entre os reis da França e Inglaterra e o rápido retorno de Filipe à França para atender a seus planos políticos, deram como resultado o fracasso da expedição. Acre foi recuperada, mas Jerusalém ficou na posse dos muçulmanos.
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Quarta cruzada. No ano de 1202 estimulada pelo papa Inocêncio III e com o sonho da reconquista dos santos lugares houve um novo empreendimento. Neste caso a intenção não era atingir a terra santa, mas atacar os muçulmanos no centro do seu poder, o Egito. Esperava-se que desta maneira a reconquista de Jerusalém fosse mais fácil e duradoura. E em vez de deixar o empreendimento em mãos de príncipes o papa se declarou seu único chefe legítimo, mostrando como na terceira cruzada os interesses temporais dos reis tinham levado ao desastre. Como na primeira cruzada os soldados de Cristo marchariam sob as ordens diretas dos legados papais. O mais famoso pregador desta nova aventura foi Foulques de Neuilly, homem de origem humilde que nos lembra Pedro, o eremita.
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Cruzada das crianças. Em 1212 se deu este episódio triste e dramático. Crianças da França e da Germânia, dirigidas por dois meninos, Estevão e Nicolau, marcharam pelo sul da Europa até Itália, na suposição de que a pureza de suas vidas lhes daria o sucesso numa aventura em que seus pecadores pais tinham fracassado. Muitos pereceram no caminho e os sobreviventes foram vendidos como escravos no Egito.
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Fim das Cruzadas. Outras tentativas de cruzadas foram feitas. Contra o Egito foi organizada uma expedição em 1218-1221. De começo alcançou certo êxito, mas terminou em fracasso. É geralmente denominada quinta cruzada. Mas curiosa foi a Sexta (1228-1229) O imperador Frederico II (1212-1250), que era livre pensador, tomou a cruz em 1215 mas não tinha pressa em cumpri seus votos. Partiu por fim, em 1227, retornando logo. Parece haver adoecido, no entanto o papa Gregório IX (1227-1241) o considerou desertor e, tendo outros motivos para hostilizá-lo, o excomungou. Apesar da interdição, Frederico partiu em 1228 e no ano seguinte, por um tratado feito com o sultão do Egito, obteve a posse de Jerusalém. Belém, Nazaré e um ponto da costa. E Jerusalém ficou mais uma vez em poder dos cristãos, mais foi definitivamente perdida em 1244. O espírito da cruzada estava quase morto, quando o rei Francês Luís IX (1226-1270) levou uma expedição desastrosa contra o Egito (1248-1250). Foi feito prisioneiro nessa empresa. E num ataque a Túnis, em 1270, perdeu a vida. A última tentativa de importância foi a do príncipe Eduardo, pouco depois de Eduardo I, da Inglaterra (1272-1307). Essa expedição se deu 1271-1272. A última possessão latina na Palestina foi perdida em 1291. Estavam terminadas as cruzadas, ainda que se continuasse a falar em novas expedições durante os dois séculos seguintes.
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Resultado das cruzadas. Cresceu a inimizade entre o cristianismo latino e o oriental. Prejudicou a vida dos cristãos que viviam em terras de muçulmanos. Na Europa ocidental contribuíram para aumentar ainda mais o poder do papa. No que se refere à devoção, as cruzadas também viveram grandes conseqüências para a cristandade ocidental. As viagens constantes para a terra santa e histórias cheias de prodígios, houve interesse em conhecer mais sobre a realidade física de Jesus. Também a vida intelectual é alcançada, pois chegam novas idéias do oriente. Algumas destas idéias consistiam nas velhas heresias. Mas também chegaram à Europa idéias filosóficas, princípios arquitetônicos ou matemáticos, costumes e gostos de origem muçulmana. Por último, as cruzadas têm relações complexas com uma série de mudanças econômicas e demográficas que ocorreram na Europa ao mesmo tempo.
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D. Pré – reformadores
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Logo no início do século XII, surgiram vários movimentos de oposição contra a atitude e o estado da igreja, por parte de homens que conheciam o grande mal nela existente, e que abandonara o seu culto e a comunhão. Não deve ser esquecido que geralmente as conversões eram em massas o que produzia um cristianismo nominal. Assim que sempre houve dentro da Igreja pessoas que desejavam purificar esta de qualquer anormalidade ou caminhos que fugiam do padrão cristão, mesmo que alguns movimentos beiravam ou eram heresias.
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Pedro Valdo – Mercador francês que, em 1173, deixou sua família e doou suas riquezas para pregar sobre Cristo ao povo. Contratou dois sacerdotes para traduzir a Bíblia para o francês e memorizava longas passagens. Seus seguidores, os ―pobres de Lion‖, criam que os ensinamentos de Jesus eram para todos, não apenas o clero. O arcebispo de Lion o excomungou, e Valdo recorreu ao Papa. Como os valdenses eram leigos, o Papa lhes proibiu pregar, e foram excomungados em 1184. Defendiam a fé ortodoxa e o sacerdócio universal dos crentes. Rejeitavam as relíquias, vestimentas sacerdotais, peregrinações, dias santos e a doutrina do purgatório. Falavam diretamente às pessoas, liam a Bíblia em seu idioma. Sobreviveram à perseguição da Inquisição e se uniram aos protestantes na Reforma.
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John Wycliff – Professor da Universidade de Oxford, questionou os ensinamentos católicos oficiais quanto a: igreja possuir riquezas e poder temporal; venda de indulgencias; adoração supersticiosa de imagens e relíquias; autoridade do papa; doutrina da transubstanciação. Obteve apoio de líderes políticos descontentes com as interferências papais na Inglaterra. Seus seguidores, os lolardos, seguiam a pobreza apostólica e ensinavam as Escrituras às pessoas comuns. Banido da universidade, seus textos foram queimados, e ele deu início à tradução da Bíblia, a partir da Vulgata, para o inglês. Wycliff morreu de derrame na capela de uma Igreja em 31/12/1384. Os lolardos concluíram a tradução da Bíblia de Wycliff e a distribuíram ilegalmente por toda a Inglaterra. Negavam o purgatórioe o celibato clerical.
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John Huss – Pregador boêmio, professor da Universidade de Praga, influenciado por Wycliff, defendia a autoridade da Bíblia na reforma da Igreja. Defendeu a autoridade do clero, mas afirmou que somente Deus pode perdoar pecados e que nenhum papa ou bispo poderia estabelecer doutrinas contrárias às Escrituras. Foi preso e morto na fogueira, no dia 6/7/1415, durante o Concílio de Constança. Os Hussitas se rebelaram e a Igreja Católica formou uma ―cruzada‖. Conseguiram a autonomia da Morávia, onde se tornaram a Igreja independente ―Unitas Fratrum‖ (Unidade dos Irmãos).
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Jerônimo Savonarola – Monge dominicano que pregou contra a corrupção do governo dos Médici, em Florença e contra a autoridade do papa Alexandre VI, pai de muitos bastardos, com o que obteve apoio popular. Em 1494, após uma revolta popular, foi aclamado governador de Florença. Em 1497, o papa o excomungou, e ameaçou interditar a cidade. Em 1498, outro grupo tomou posse do governo, e queimou Savonarola e seus seguidores na praça da cidade.
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IV. ESCOLASTICISMO
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O termo “escolasticismo”vem através do latim, da palavra grega “schole”, que significa o lugar onde se aprendia. O termo “escolástico”foi aplicado aos professores na corte ou na escola palaciana de Carlos Magno e também aos eruditos medievais que se serviam da filosofia no estudo da religião. Este estudiosos procuravam provar a verdade vigente através de processos racionais em vez de buscar uma nova verdade. Desta forma o escolasticismo pode ser definido como a tentativa de racionalizar a teologia para que se sustente a fé com a razão.
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Causas do Escolastiscismo
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A causa principal foi a emergência na Europa da filosofia de Aristóteles.
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Outra causa foi o interesse das novas ordens mendicantes pelo uso da filosofia no estudo da revelação.
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Nomes importantes do Escolasticismo
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Anselmo – Foi o primeiro dos grandes pensadores desta época. Natural do Piemonte, na Itália, descendia de uma família nobre e seu pai se opôs a sua carreira monástica.
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Abelardo – Nasceu na Bretanha em 1079, e dedicou boa parte da sua juventude a estudar os mais ilustres mestres do seu tempo. Ele é conhecido sobretudo por sua doutrina da expiação, segundo a qual o que Jesus Cristo fez por nós não foi vencer o demônio, nem pagar nossos pecados, mas nos dar um exemplo e um estímulo para que pudessemos cumprir a vontade de Deus.
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Tomás de Aquino – A dedicação deste mestre foi o desejo de integrar a filosofia natural de Aristóteles com a teologia revelada da Bíblia como interpretada pela Igreja romana. Sua produção literária foi muito intensa e suas duas obras mais conhecidas são: Suma Teológica e Suma contra os gentios. Quanto a relação entre fé e razão afirma que há verdades que estão ao alcançe da razão e outras que estão acima dela.
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1. O Desenvolvimento do Papado
2. O Desenvolvimento das Seitas e Heresias
3. Os Concílios, O Islamismo e as Cruzadas
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