Lição 3
A IGREJA COMO “RELIGIÃO OFICIAL DO IMPÉRIO”
No fim do II Século e no III começam aparecer divergências de interpretação dentro da própria Igreja. As três grandes linhas de interpretação posterior (Ásia Menor, Roma e Alexandria) já começaram aparecer nos pais apostólicos. Movimentos gnósticos estão presentes em toda a Igreja no fim do II e início do III século. Só foi possível contorná-los após a exclusão de seus grandes líderes. Com a ascensão de Constantino, conhecido como o “imperador cristão”, o palco estava pronto para uma série de conflitos teológicos que duraria do IV até o VIII século. Estas controvérsias começaram como discussão da relação de Jesus Cristo a Deus Pai e terminaram tentando explicar a relação entre as duas naturezas de Cristo. As primeiras são chamadas de “trinitárias”; as últimas, “cristológicas”.
I. A IGREJA PÓS – APOSTÓLICA E PÓS NICENA
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A igreja passa nesse período de perseguida a perseguidora; de espiritual a política. Os cristãos nesse período ganharam liberdade de culto e assim cessaram as perseguições e vão se tornar algo que não era para ser, perseguidores, e o cristianismo vai ser usado como elemento unificador do império.
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Constantino disse que teve uma visão que dizia: ―sob este símbolo
vencerás‖. Venceu a batalha e atribuiu a vitória ao Deus dos cristãos. Todos os seus soldados carregaram esse símbolo em suas vestes. A batalha foi contra Licínio, em 312 às margens do rio Milvio (Itália).
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Constantino foi um homem de muitas contradições, mesmo depois de sua conversão‖, é melhor dizer um homem a quem o evangelho influenciou. Ele mandou executar seu cunhado Licínio, e o filho dele, como também Crispo, seu próprio filho do primeiro casamento, e sua esposa Fausta. No entanto, não podemos negar de forma alguma a sua influência no curso da história da igreja, a qual passou de um período de perseguições imperiais para o período de favor imperial.
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Alguns bispos, cegos pelo esplendor da corte, foram muito longe até ao ponto de louvarem o imperador como um anjo de Deus, como um ser sagrado, e profetizaram que ele reinaria, semelhante ao Filho de Deus, nos céus.‖ Daqui em diante iniciamos o processo de desenvolvimento da igreja católica romana propriamente dito, dando origem ao papado e a civilização ocidental ficando sujeita a custódia da igreja, e não mais ao estado.
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A oficialização da Igreja trouxe em seu bojo rápido desenvolvimento hierárquico. O declínio do Império e sua queda no oeste acelerou ainda mais este processo, particularmente em relação às igrejas ocidentais. Constantino se considerava bispo e até bispo dos bispos em coisas formais e até doutrinárias. Sem sua permissão não se pode reunir um sínodo, sua atuação preparou o caminho para o bispo de Roma se tornar ―Bispo Universal‖.
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II. O DESENVOLVIMENTO DO “PAPADO”
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A autoridade monárquica do papa, hoje muito patente sobre a Igreja Católica Romana, é fruto de um longo processo. De um bispo igual aos outros, o de Roma passa a ser o primeiro entre os demais e finalmente cabeça incontestável da Igreja. Sem dúvidas que uma série de elementos contribuíram para este desenvolvimento. Para citar alguns dos mais óbvios temos: Uma linha contínua de bispos ortodoxos, com poucas exceções, nos séculos de formação e expansão e poder. Vários papas de grande envergadura, dos quais devemos citar: Inocêncio (402-417); Celestino (422-432); Leão I (440-461); e Gregório I (590-604). Também ajudou a situação caótica da administração do Império no oeste, dando oportunidade aos papas não só escaparem da tutela do imperador, como também serem elevados ao nível de representantes deste. Ajudou também o uso, devido ou não, dos escritos de Irineu e Cipriano que destacavam a primazia de Roma.
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Os antigos autores católicos tenham insistido que a Igreja de Roma foi fundada por Pedro e que tenha tido uma linha de papas, vigários de Cristo, desde então. Oscar Cullmann, teólogo protestante, examina detalhadamente a questão de Pedro ter estado em Roma. Conclui que estava lá e lá foi martirizado. Nega entretanto que tenha fundado a Igreja ou passado seus direitos aos bispos subseqüentes.. Também temos que Inácio, em princípios do II século, escreveu aos cristãos em Roma. Endereçou a carta à Igreja e não a seu bispo. Todas as outras cartas de Inácio são endereçadas aos bispos das Igrejas. A diferença é significativa.
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O termo papa vem diretamente do latim, papas, pai. Esse vocábulo em seu uso mais antigo, referia-se a qualquer bispo importante ou notável, como Cipriano, que foi assim intitulado. Na igreja oriental, era um título aplicado ao bispo de Alexandria.
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Realmente, não foi até o tempo de Calixto, que foi bispo em Roma de 218 a 223, que Mateus 16:18 foi usado em tentativa de provar que a igreja fora edificada sobre Pedro e que o bispo de Roma era seu sucessor. Não existe qualquer, prova biblicamente, que Pedro até mesmo se aproximou de Roma. Existia uma crença que Pedro foi bispo de Roma durante 25 anos – estes anos sendo de 42 até 67, porém em torno de 49, Pedro estava na reunião de Jerusalém (Atos 15). Em torno de 53, Paulo encontrou-se com ele em Antioquia (Gl.2.11). Em 58, Paulo escreveu um carta para os cristãos em Roma, na qual enviou saudações para 27 pessoas, sem jamais mencionar Pedro.
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Roma surge como árbitro entre as igrejas. No conflito entre os arianos e Atanásio, este contribuiu para fortalecer Júlio por ter recorrido ao bispo de Roma, pedindo que convocasse um concílio. Esta e outras questões entre as igrejas do leste e da África foram exploradas pelos papas para fortalecer suas próprias posições. Logo que Dâmaso foi eleito papa (366), Valentinian e Gratian promulgaram um edito que versava que o bispo de Roma deve ouvir e resolver disputas entre outros bispos. Assim questões religiosas seriam resolvidas pelo “sumo-pontífice”de religião e não pelos magistrados civis.
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Siricius (354-398). Conseguiu que um concílio realizado em Roma decretasse que nenhum bispo deve ser consagrado sem o conhecimento e consentimento do bispo de Roma. Mesmo que seja um decreto falso, é muito antigo e exerceu grande influência.
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Inocêncio I (402-417). Demonstrou grande ousadia em explorar as reivindicações de Roma, exigindo submissão universal a sua autoridade. Nomeou Rufo bispo de Tessalônica. É a primeira vez que um bispo de Roma nomeia bispo. Insistia que era a obrigação de todas as igrejas ocidentais se conformarem aos costumes de Roma. Afirmava que todas as questões eclesiásticas no mundo devem ser, por direito divino, remetidas à sé apostólica para lá serem decididas. Esta nova reivindicação foi imediatamente rejeitada pelas igrejas da África. Mesmo assim , é a Inocêncio I que a eventual grandeza da Sé de Roma é devida.
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Celestino (422-432). durante o exercício do seu papado foi resolvido a mui agitada questão do direito de apelar a Roma decisões nas províncias. Celestino manipulou as questões de uma maneira que sempre saia ganhando o prestígio de Roma, até o ponto de dispensar os cânones de um concílio geral (questão da transferência de bispos de uma sé a outra).
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Leão I (440)-461). Homem humilde, insistia que era sucessor de Pedro e que não se pode infringir a autoridade deste. Conseguiu do jovem e fraco imperador Valentino III um edito em que este reconhece a primazia da Sé de Pedro e insiste que ninguém pode agir sem a permissão desta Sé. No Concilio de Calcedônia (451) os delegados de Leão condenaram um bispo em nome dele, como se fosse por autoridade dele. A este mesmo concílio Leão reclamou bastante porque em um dos seus cânones Constantinopla é elevada ao nível de Roma em direitos e privilégios. A estatura de Leão foi bastante fortificada quando conseguiu interceder com o inimigo e assim salvar Roma em 455 de ser destruída pelos vândalos.
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Gregório I (589-604). Possivelmente o maior papa deste período. filho de um senador, adotou o costume monástico. Pretendia ser missionário aos ingleses quando foi consagrado papa aos 49 anos de idade. Reclamou que Máximo foi eleito patriarca de Constantinopla no lugar de seu candidato e suspendeu todos os bispos que o consagraram sob pena de anátema de Deus e do apóstolo Pedro. Repreendeu o patriarca de Constantinopla por ter assumido o título de bispo ecumênico.
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III. CONCÍLIOS ECUMÊNICOS
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CONCÍLIO DE NICÉIA (325 AD)
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Este foi o primeiro concílio ecumênico e a discussão girava em de dois termos:
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(homoousia) Ser da mesma substância. Só Deus pode salvar, se Jesus salva, então Jesus é Deus. Só Deus pode ser adorado, se adoramos Jesus, então Jesus é Deus.
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(homoiousia) Ser semelhante em substância. Na reunião havia 318 bispos e só oito eram ocidentais. Ário é expulso e agora a igreja amaldiçoa pessoas. O credo virou o teste de fé. Atanásio escreveu o que acabou sendo o doutrina padrão.
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Este concílio durou cerca de 3 meses para resolver as diferenças entre Alexandre e Ário. Segundo Ário, presbítero de Alexandria, somente Deus Pai seria eterno não gerado. O Logos, o Cristo pré-existente, seria mera criatura. Criado a partir do nada, nem sempre existiria. O Cristo existiria num tempo anterior à nossa existência temporal, mas não era eterno. Por outro lado estavam Alexandre e o jovem Atanásio que afirmava que o Logos era eterno e era o próprio Deus que apareceu em Jesus. Deus é Pai apenas porque é o Pai do Filho. Assim o Filho não teria tido começo e o Pai estaria com o Filho eternamente. Portanto, o Filho seria o filho eterno do Pai, e o Pai, o Pai eterno do Filho.
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A cristologia de Ário foi rejeitada pelo concílio de Nicéia afirmando que a igreja acreditava em: “um só Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus; gerado do pai, unigênito da essência do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, consubstancial com o Pai, por quem todas as coisas foram feitas no céu e na terra; o qual , por nós homens e pela nossa salvação desceu do céu e encarnou e foi feito homem” “todos os que dizem que houve um tempo que ele não existiu, ou que não existiu antes de ser feito, e que foi feito do nada ou de alguma outra substância ou coisa, ou que o Filho de Deus é criado ou mutável, ou alterável, são condenados pela Igreja Católica”.
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CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA I (381 AD)
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Ênfase sobre Jesus e o Espírito Santo. Este concílio foi convocado pelo imperador romano Teodosio, tendo sido o segundo concílio geral da Igreja, e o primeiro dos três que foram realizados em Constantinopla.
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Sua importância histórica jaz no fato de que pôs fim à controvérsia ariana, endossando a fórmula do homoousios, que afirma que o Filho é da mesma substância do Pai. Nesse concílio ficou melhor definida a doutrina do Espírito Santo, sendo declarado que o mesmo procede do Pai.
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Mais tarde na época de Carlos Magno, a teologia acidental, vai afirmar que o Espírito Santo procede tanto do Pai, quanto do Filho. Mas, a igreja oriental vai rejeitar essa adição provocando assim o cisma do ano 1054.
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Surge o credo niceno. ―Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Cremos em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus, gerado do Pai desde toda a eternidade, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai; por Ele todas as coisas foram feitas. Por nós e para nossa salvação, desceu dos céus; encarnou por obra do Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e fez-se verdadeiro homem. Por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; sofreu a morte e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai. De novo há-de vir em glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Cremos no Espírito Santo, o Senhor, a fonte da vida que procede do Pai e do Filho; com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. Ele falou pelos profetas. Cremos na Igreja una, santa, católica e apostólica. Professamos um só batismo para remissão dos pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos, e a vida do mundo que há-de vir. Ámem‖.
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CONCÍLIO DE ÉFESO (431 AD)
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Nesse concílio houve discussão sobre a natureza de Jesus (Deus/Homem). Maria ganhou o título de “” para afirmar que Jesus já era Deus no ventre de Maria.
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―Não foi até o tempo de Constantino – a primeira parte do quarto século – que qualquer um começou a olhar para Maria como uma deusa. Mesmo neste período, tal adoração foi combatida pela igreja, como é evidente nas palavras de Epifânio (403 d.C.) que denunciou alguns da Trácia, Arábia, e qualquer outro lugar, por adorarem Maria como uma deusa e oferecem bolos em seu santuário. Ainda assim, dentro de apenas uns poucos anos mais, o culto a Maria não foi apenas ratificado pela que conhecemos hoje como Igreja Católica, mas tornou-se uma doutrina oficial no Concílio de Éfeso em 431. Foi nessa cidade que Diana tinha sido adorada como deusa da virgindade e da fertilidade desde os tempos primitivos! Assim sendo, os líderes da igreja de Éfeso – quando veio a apostasia – também raciocinavam que se fosse permitido às pessoas conservarem suas idéias a respeito de uma deusa-mãe, se isto fosse misturado com o cristianismo e o nome de Maria fosse colocado no lugar, eles poderiam ganhar mais convertidos. ‖
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CONCÍLIO DE CALCEDÔNIA (451 AD)
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A questão do relacionamento entre o Filho e o Pai foi resolvida em Nicéia. Porém isto gerou novos questionamentos, agora em torno do relacionamento entre as naturezas humanas e divina de Cristo. Em geral os teólogos ligados a Alexandria salientaram a divindade de Cristo, enquanto que os relacionados a Antioquia, a sua humanidade. A controvérsia se iniciou no ensino de Paulo de Samosata, bispo de Antioquia. Este ensinava o que se chama de adocionismo ou monarquismo dinâmico. Jesus era um homem “energizado”pelo Espírito no batismo e assim exaltado à dignidade divina. Apolinário de Laodicéia foi o primeiro a negar formalmente que Jesus teve uma alma racional. No seu lugar estava o divino Logos.
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O Concílio de Calcedônia (451) definiu a cristologia afirmando que Jesus Cristo era: “perfeito em divindade e perfeito em humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, de alma racional e corpo, da mesma substância com o Pai segundo a divindade; e da mesma substância conosco segundo a humanidade, semelhante a nós em todos os aspectos, sem pecado, gerado do Pai antes de todos os tempos segundo a divindade…”
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―Tentativas posteriores para glorificar Maria podem ser vistas na doutrina católica romana da virgindade perpétua. Este é o ensinamento que Maria permaneceu virgem por toda a sua vida. Mas a doutrina da virgindade perpétua de Maria não foi ensinada até uns trezentos anos após a ascensão de Cristo. Não foi antes do Concílio de Calcedônia em 451 que esta fabulosa qualidade ganhou o reconhecimento oficial de Roma.‖
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CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA II (553 AD)
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Foi realizado em Constantinopla, convocado pelo imperador Justiniano (527- 565 AD) e condenou uma série de erros que estavam sendo apresentados pelos ―doutores‖ da igreja sobre a natureza de Jesus.
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As obras de três teólogos nestorianos ou seminestorianos, Teodoro de Mopsuéstia, Teodoreto de Ciro e Ibas de Edessa, tinham sido resumidas como os “três capítulos” e aprovadas em Calcedônia. Mas os monofisitas pressionaram o Imperador justiniano através de sua mulher Teodora, conseguindo que ele condenasse os “três capítulos” por um edito em 543. O Papa Virgílio foi persuadido, ou intimidado, a confirmar essa condenação, mas a opinião surgida no Ocidente o levou a solicitar a convocação de um concílio ecumênico, que se reuniu em Constantinopla e condenou os “capítulos”. Assim, “o Oriente foi reconciliado às custas do Ocidente”.
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Se alguém não reconhece a única natureza ou substância (oysia) do Pai, Filho e Espírito Santo, sua única virtude e poder, uma Trindade consubstancial, uma só divindade adorada em três pessoas (hypostáseis) ou caracteres (prósôpa), seja anátema. Porque existe um só Deus e Pai, do qual procedem todas as coisas, e um só Senhor Jesus Cristo, através do qual são todas as coisas, e um só Espírito Santo, no qual estão todas as coisas.
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Se alguém não confessa que há duas concepções do Verbo de Deus, uma antes dos tempos, do Pai, intemporal e incorporal, e a outra nos últimos dias, concepção da mesma pessoa, que desceu do céu e foi feito carne por obra do Espírito Santo e da gloriosa Genitora de Deus e sempre virgem Maria, e que dela nasceu, seja anátema.
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Se alguém disser que existiu um Deus-Verbo, que fez os milagres, e um Outro Cristo, que sofreu, ou que Deus, o Verbo, estava com Cristo quando nasceu de uma mulher, ou que estava nele como uma pessoa em outra, e que ele não era um só e o mesmo Senhor Jesus Cristo, encarnado e feito homem, e que os milagres e os sofrimentos que ele suportou voluntariamente na carne não pertenciam à mesma pessoa, seja anátema.
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Se alguém disser que a união de Deus, o Verbo, com o homem foi feita quanto à graça, ou à ação, ou à igualdade de honra ou autoridade, ou que era relativa ou temporária ou dinâmica1 ou que era conforme o beneplácito (do Verbo), sendo que o Deus Verbo se comprazia com o homem…
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Se alguém conceber a única personalidade (hypóstasis) de nosso Senhor Jesus Cristo de tal modo que permita ver nela diversas personalidades, tentando introduzir por este meio duas personalidades ou dois caracteres no mistério de Cristo, dizendo que dessas duas personalidades introduzidas por ele provém uma única personalidade quanto à dignidade, à honra e à adoração, como Teodoro e Nestório escreveram em sua loucura, caluniando o santo Concílio de Calcedônia ao alegar que a expressão “uma personalidade” foi por ele usada com essa ímpia intenção; e se não confessar que o Verbo de Deus foi unido à carne quanto à personalidade.
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Se alguém aplicar à gloriosa e sempre virgem Maria o título de “genitora de Deus” (theotókos) num sentido irreal e não verdadeiro, como se um simples homem tivesse nascido dela e não o Deus Verbo feito carne e dela nascido, enquanto o nascimento só deve ser “relacionado” com Deus o Verbo, como dizem, porquanto ele estava com o homem que foi nascido…
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Se alguém não confessar que aquele que foi crucificado na carne, Nosso Senhor Jesus Cristo, é o verdadeiro Deus e Senhor da glória, parte da santa Trindade, seja anátema.
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IV. INFLUÊNCIAS POSITIVAS E NEGATIVAS DO IMPERADOR CONSTANTINO
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Influências positivas
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Fim das perseguições e liberdade de culto ao Único Deus.
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Ano 313 – Eusébio consegue do imperador Constantino permissão para confeccionar 50 Bíblias.
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―A lei promulgada por Constantino, a sete de março de 321, relativa a um dia de descanso. Aqui há o reconhecimento do Dia do Senhor, o domingo, já praticado pelos cristãos anteriormente.
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Influências negativas
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Os cristãos passaram a perseguir os pagãos indo contra a natureza do seu chamado.
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A mistura entre igreja e estado. O imperador influencia nas decisões da igreja. A igreja se transforma numa instituição estatal ao invés de unicamente divina.
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―Constantino continuou a freqüentar os cultos pagãos e proteger seus direitos. Na dedicação de Constantinopla em 330 foi usado um cerimonial que era meio pagão e meio cristão. A carruagem do deus-sol foi estabelecida na praça do mercado e sobre ela estava a cruz de Cristo. Moedas feitas por Constantino apresentavam a cruz, mas também representações de Marte e de Apolo. Enquanto professava ser um cristão, ele continuava a acreditar em fórmulas mágicas pagãs para a proteção das colheitas e a cura de enfermidades. O conceito de misturar o paganismo com o cristianismo como força unida – está claramente ligado a Constantino.‖
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V. OS PATRISTICOS PÓS – NICENOS
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A influência dos pais sobre a Igreja posterior até a reforma é determinativa. As grandes catedrais quando não faziam outro ensino teológico, tiveram suas cópias, feitas à mão, dos escritos patrísticos. Estes foram lido, estudados e até pregados. Naturalmente uns tiveram mais influência que outros. Para alguns a influência teológica maior foi a de Agostinho, mas parece que é possível que a influência de Jerônimo tenha sido mais duradoura do que a de Agostinho. Jerônimo não foi um pensador como Agostinho, mas sua presença se tornou onipresente no oeste por duas obras dele: a tradução vulgata da Bíblia e a introdução do monarquismo.
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Historiadores da Igreja.
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Eusébio de Cesaréia (260-340). Escreveu sua História Eclesiástica onde apresenta a história da Igreja desde seu início até 324. A sua Crônica começa com Abraão e vai a 323. Deu estrutura cronológica para toda a história medieval. Escreveu a Vida de Constantino onde louva o imperador. Foi acusado de ser semi-ariano.
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Socrates. Nasce em Constantinopla e escreveu a história da Igreja de 305 até 439. É um autor não crítico, ignorava a Igreja no oeste. Ele apresenta uma coleção inestimável de dados e documentos.
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Sozomen. Foi criado em Gaza mas viveu em Constantinopla após 406. Apresenta a história de 323 a 439. Foi educado para ser monge. Dá destaque ao monaquismo em detrimento de outros dados como a verdadeira filosofia cristã. A biografia é a principal força de sua história.
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Os ―Teólogos‖ da Igreja.
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Atanásio(298-373) Assistiu o Concílio de Nicéia, mas aparentemente não foi um grande luminário lá. Após a morte de Cirilo, Atanásio foi eleito bispo de Alexandria em 328. Durante seu bispado foi exilado 5 vezes por Constantino e seus sucessores. Sua força se tornou tão grande, que os últimos dois mandatos do exílio não podiam ser cumpridos. Nesse período a ortodoxia nicena já havia triunfado sobre o arianismo. Sua vida pode ser dividida em 3 etapas: Antes de Nicéia até 325; luta contra o arianismo 325-361 e período de vitória da ortodoxia, 361-373.
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João Crisóstomo (345-407). foi um grande expositor e orador. Ao princípio advogou segundo seu treino em direito. Após seu batismo em 368 se tronou monge. Com a morte da sua mãe em 374 seguiu uma vida extremamente ascética até 380. foi ordenado em 386 e se tornou patriarca de Constantinopla em 398. Foi banido em 404 por ter denunciado as vestimenta extravagantes da imperatriz, bem como a colocação de uma estatueta dela em prata na Igreja ao lado de Santa Sofia. Morreu no exílio em 407. Ainda existem 604 dos seus sermões. A leitura destes sermões mostra a força da sua pregação sem o acréscimo da personalidade de seu autor. A grande maioria destes sermões versam sobre as epístolas de Paulo. Procurava levar em consideração o contexto e aplicar aos dias dele o sentido literal do texto.
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Teodoro de Mopsuéstia (350-428). Foi príncipe dos exegetas da antiguidade. em contraste com os alexandrinos, ele com Crisóstomo procuravam proclamar o sentido natural do texto. Foi defensor, pelo menos em parte, de Nestório. Defendeu insistentemente a integridade da humanidade de Cristo.
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Basílio de Cesaréia (329-379) foi instalado na sé de Cesareia em 370. Logo em seguida começou uma série de negociações teológicas, primeiro com Atanásio e depois com o papa Dâmaso para promover a reunião das igrejas cismadas pela controvérsia sobre a Trindade. Graças a sua obra de organizador e legislador criou uma nova concepção da instituição monástica. Colocou como ideal o quadro dos cristãos em Jerusalém (At:2-4) e destacou daí a obediência ao superior.
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Gregório de Nissa (331-395). Irmão mais novo de Basílio, foi um estudante da Bíblia e de Orígenes. Foi eleito bispo em 371. Tornou-se o defensor mais avançado do credo de Nicéia. Foi o primeiro a procurar estabelecer por considerações racionais a totalidade das doutrinas ortodoxas. A filosofia se tornou uma auxiliadora da teologia. Embora divergiu de Orígenes, especialmente em cosmologia, na maior parte aceitou o ensino deste no que podia acomodá-lo à fé explícita da Igreja.
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Gregório de Nazianso (330-390). Foi eleito bispo em 372, junto com os dois anteriores, procurou reconciliar as 2 proposições de Atanásio: a identidade de essência entre Pai e Filho com a distinção de pessoalidade entre Pai e Filho. Os 2 Gregório também procuravam salvar a reputação de Orígenes para a ortodoxia. Assim adotaram a doutrina de Orígenes que rezava que o Logos uniu-se com a natureza sensível pela mediação de uma alma humana racional. Acrescentaram que o Logos tomou todas as partes da natureza humana em comunhão consigo e as permeava.
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Jerônimo (347-419). Foi o autor da Vulgata que ele insistiu traduzir do grego (NT) e hebraico (AT), salvo os Salmos que já foram traduzidos da Setuaginta (LXX). Jerônimo introduziu dois outros elementos à Igreja ocidental que tiveram grandes repercussões lá. Introduziu a vida ascética a Europa ocidental. A importância disto só pode ser avaliada à luz da forma que a Igreja toma na Europa medieval. Introduziu também Orígenes ao Oeste. Por causa de uma tradução tendenciosa por parte de Rufino, Jerônimo fez uma tradução ao pé da letra de Orígenes. Mais tarde ficou embaraçado de ter seu nome ligado a Orígenes. Condenou a doutrina deste, mas sempre admirou seu estilo de escritor. Além de suas traduções da Bíblia e de Orígenes, Jerônimo é famoso por seus comentários nas Escrituras. Seu primeiro (388) comentário foi sobre Eclesiástes, seguido no mesmo ano por Gálatas, Efésios e Tito. Três anos depois publicou um sobre 5 dos profetas menores. De 397 até 419 completou os profetas menores, bem como Jonas, Daniel, Isaias, Ezequiel e Jeremias. E do NT apenas Mateus.
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Ambrósio de Milão (340-397). Foi um grande administrador eclesiástico; pregador e teólogo. Foi a pregação de Ambrósio que trouxe Agostinho ao evangelho. Era governador imperial da área ao redor de Milão quando o bispo da cidade morreu em 374. O povo unanimemente queria que Ambrósio aceitasse ser bispo. Crendo ser isto a vontade de Deus, renunciou ao seu cargo político, distribuiu seus bens aos pobres e, após sua eleição, iniciou um estudo intensivo das Escrituras. Foi um grande pregador apesar de sua exposição ser desfigurada pela interpretação alegórica das Escrituras. Resistiu ao imperador Teodósio, não permitindo-o participar da Ceia até que humilde e publicamente se arrependesse do massacre dos tessalonicenses. Aparentemente foi Ambrósio que introduziu o cantar de hinos na Igreja Ocidental.
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O que se pode dizer em relação ao período patrístico, é que foi extremamente frutífero em termos de pensadores que analisara, a fundo a fé cristã. Foi seguido este período, pela escuridão intelectual denominada a Idade Média. Antes de cair a cortina, a fé cristã foi iluminada por estes grandes homens a quem tanto devemos.
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Apostila para Leitura e Estudo
– A Igreja Imperial
VÍDEO AULA
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