Bem vindo(a) a mais um momento de Estudo e Aprendizado!
INTRODUÇÃO
Nesta aula, estudaremos um dos períodos mais complexos da história do mundo e da igreja: a história da igreja moderna e contemporânea. Por causa desta complexidade, iremos nos focalizar nos movimentos e regiões que são mais importantes para a nossa religiosidade brasileira.
Não trataremos muito da história religiosa de todas as nações, pois isso alongaria muito nossos estudos e nos faria perder o nosso foco. Levaremos em conta os movimentos que tiveram ligação e influência na história da igreja no Brasil.
SÍNTESE
Após a Reforma, a igreja católica continuou em sua carreira de dogmatização acelerada até o Vaticano I quando o papa foi declarado infalível. Somente o Vaticano II atenuou este estado de coisas.
Os protestantes continuaram num processo inicial de dogmatização e disputa teológica que levou ao nascimento de movimentos de busca de uma vida cristã piedosa.
O Iluminismo e o racionalismo dos Séculos XVII e XVIII influenciaram a igreja de modo que no Séculos XIX e XX uma onda crescente de liberalismo teológico dominou a teologia. Primeiro, a teologia protestante e depois a católica.
A revolução francesa mudou o cenário religioso da Europa numa época em que também o cenário filosófico e cultural estava se tornando mais e mais crítico contra a religião.
O Brasil tinha sido descoberto em 1500, pouco antes da Reforma protestante. Contudo, tanto os católicos como os protestantes demoraram para chegar no Brasil, de modo que, ainda hoje, a evangelização do Brasil é uma tarefa inacabada.
DISCUSSÃO
Após a Reforma protestante, o cristianismo já estava partido em sete segmentos, sendo muito otimista na divisão. O gráfico abaixo mostra estes movimentos principais que irão dividir-se mais ainda no período que estaremos estudando.
Examinando apenas o protestantismo, o gráfico abaixo apresenta novos fracionamentos e movimentos que surgirão. O que se percebe é um acelerado fracionamento e o aumento da complexidade das linhas de pensamento na história do cristianismo.
O fim do período da Reforma
Após a Reforma, a igreja católica continuou em sua carreira de dogmatização acelerada até atingir seu clímax no Concílio do Vaticano I quando o papa foi declarado infalível. Somente depois, com o Concílio Vaticano II a igreja católica romana abriu-se um pouco aos outros grupos cristãos, mas assim mesmo, como o papa João XXIII morreu antes do fim do Concílio e foi sucedido por Paulo VI e por João Paulo II, muitos ideais do concílio não foram atingidos, voltando a igreja a fechar-se em si mesma como dona da verdade.
Contudo, esta história tem um longo trajeto que a antecede. A Reforma Protestante incendiou a Europa. A Inglaterra, Escócia, Holanda, Países Escandinavos, muitos cantões Suíços e largos territórios da Europa Oriental tornaram-se protestantes.
Na França, o protestantismo foi traído no chamado “massacre de São Bartolomeu” no qual morreram milhares de “huguenotes” – nome que se dava aos protestantes franceses. No fim dos conflitos e guerras, na França o rei permaneceu católico, mas os protestantes foram tolerados.
Na Polônia, Itália e Espanha, o protestantismo que tinha boas raízes, foi extirpado à força. Digno de nota é o caso da Espanha,
pois havia lá um forte movimento reformador anterior à Reforma Protestante e que se fortaleceu com o início dela, mas que foi esmagado pela Inquisição. Neste movimento, destacam-se nomes como os de João de Valdés, Cassiodoro de Reina e Cipriano de Valera. Estes dois últimos foram os tradutores da Bíblia para o espanhol. Esta versão é, para o mundo hispânico, o que a versão de João Ferreira de Almeida é para o mundo lusófono.
Missões católicas
Logo depois da Reforma Protestante, os únicos preocupados com o trabalho missionário foram os católicos. De fato, os protestantes estavam lutando para sobreviver e os católicos estavam fazendo missões para prevenir-se de uma expansão protestante para novos lugares.
Alguns ramos do protestantismo ainda respiravam os pensamentos de que o fim dos tempos estava às portas e, portanto, a evangelização não teria mais tempo e lugar para ocorrer. A maioria deles, entretanto, “esqueceu” o trabalho missionário. Os protestantes só ressurgirão para as missões no Século XVIII.
Os missionários católicos eram, normalmente, dominicanos, franciscanos ou jesuítas. De fato, estes últimos fizeram a maior parte do trabalho missionário inicial. Francisco Xavier evangelizou na Índia, na China e no Japão. Mateo Ricci, outro jesuíta, conseguiu mais penetração e sucesso ao evangelizar a China.
Jesuítas franceses trabalharam como missionários na América do Norte, desde a foz do rio São Lourenço até os Grande Lagos e daí, até a foz do rio Mississipi.
No Paraguai e em vários locais sob a influência de Espanha, os jesuítas fizeram grandes trabalhos. No Brasil, Manoel de Nóbrega e depois José de Anchieta fundaram trabalhos que estabeleceram os grandes centros católicos do Brasil.
Infelizmente, os métodos de trabalho dos jesuítas nem sempre foram apropriados, de forma que em alguns lugares, seu trabalho de evangelização que teve grande crescimento inicial, revelou-se depois pouco substancial. Apesar disto, há que se reconhecer o esforço e zelo destes homens.
Dogmatização Protestante
Os protestantes, logo depois do início da Reforma, enveredaram por um processo de dogmatização e disputa teológica. Estas disputas, a princípio, eram contra os católicos e chegou a tornar- se luta armada em muitos casos.
Após a Guerra dos Trinta anos, assegurou-se liberdade religiosa para os católicos, luteranos e reformados através do tratado denominado “Paz de Westfália” (1648). Ele representou uma derrota para a religião, mostrando que a paz não vinha da igreja, mas dos acordos humanos. A igreja perdeu oportunidade de ser promotora da paz, sendo esta atribuída a outra fonte!
Após a morte de Lutero, os luteranos se dividiram entre os “filipistas”, seguidores de Melanchthon e os outros luteranos mais rigorosos. A “Fórmula de Concórdia” assinada por ambos os grupos. Apesar disto, depois dele o luteranismo foi recrudescendo cada vez mais e as doutrinas luteranas foram fixadas dogmaticamente em pontos cada vez mais detalhados. Ocorreu um “Escolasticismo Luterano” e um “Escolasticismo Protestante”, que gerou uma série interminável de contendas entre os protestantes.
Os protestantes reformados, ligados ao calvinismo, tiveram suas dogmatizações no Sínodo de Dort (1618-19) no qual o arminianismo foi condenado e também na Assembleia de Westminster, na Inglaterra, que promulgou a famosa “Confissão de Fé de Westminster”.
Infelizmente, a igreja protestante que iniciara com o grito “Sola Scriptura!”, “Somente as Escrituras!”, agora chegava ao ponto de adicionar os credos e confissões de fé ao seu sistema de autoridade religiosa, logo, a Bíblia não era mais a única autoridade. Se o catolicismo ensinava a Bíblia mais o Magistério da Igreja, os protestantes ensinavam a Bíblia mais os credos protestantes. O erro continuou.
A França e o Catolicismo
No período entre 1648 e 1800, os principais eventos da história do catolicismo ficam ligados à França que alcançou o primeiro lugar entre as nações europeias. O ponto climático do seu desenvolvimento foi o reinado de Luis XIV (1661-1715).
Desenvolveu-se, entre os franceses o Galicanismo, que era um ponto de vista patriota que conciliava a ideia de ser um bom francês e um bom católico. Contudo, eles não aceitavam a interferência do papa nos assuntos de estado da França. Para eles, o papa devia estar submisso aos concílios.
Claro que este ponto de vista logo encontrou oposição. O ponto de vista que defendia o poder do papa de interferir nas nações era chamado de Ultramontanismo. Os jesuítas eram os grandes promotores deste ponto de vista, dada a sua fidelidade absoluta ao papas.
Embora os jesuítas tivessem obtido êxito, tendo tanto o papa como Luís XIV sob sua influência, mais tarde eles foram recebendo mais e mais oposição dos intelectuais e homens do poder na França que percebiam que esta organização secreta não servia ao seu país, mas a um interesse estrangeiro.
Quando Portugal expulsou os jesuítas em 1759, a opinião pública francesa exigiu a mesma medida na França, que ocorreu em 1764. Logo, muitas nações os expulsaram pelo mesmo motivo: eles eram desleais para a nação. Eles acabaram se refugiando em territórios protestantes e ortodoxos gregos para sobreviver.
Contudo, no período da permanência dos jesuítas na França, eles usaram a máquina estatal para perseguir os protestantes franceses. O Edito de Fontainebleau (1685), obra de Luís XIV, acabou com a tolerância religiosa dos regimes anteriores.6 Eles até foram proibidos de emigrar, forçando-os a voltarem para o catolicismo.
O resultado foi terrível para a França e para a causa protestante. Muitos dos melhores cidadãos morreram ou fugiram do país. A liberdade religiosa só voltou para os huguenotes com a Revolução Francesa (1789).
A Revolução Francesa (1789) assinalou uma grande derrota do catolicismo romano e também da religiosidade em geral. As causas dela foram variadas, mas o abandono da religião, que este movimento realizou, foi baseado em várias causas: (i) primeiro, a perseguição católica contra os protestantes fez com que o catolicismo ficasse mal visto; (ii) além disto, muitos líderes franceses percebiam que a igreja romana não buscava os interesses do país ou do povo, mas apenas os seus; (iii) em terceiro lugar, devemos lembrar que a igreja romana participava do luxo das cortes francesas – os párocos, que serviam o povo, contudo, eram miseravelmente mal pagos pelo alto clero.
Assim, quando a Revolução Francesa ocorreu, os bens da igreja foram confiscados e vendidos para levantar fundos para a Revolução. A liberdade religiosa foi estabelecida. As ordens monásticas abolidas e as dioceses e estruturas da igreja foram reorganizadas. Os clérigos tinham que prestar juramento cível, logo, muitos que não aceitaram perderam os cargos e não poucos foram mortos.7
Em 1793 foi abolido o culto cristão, foi negada formalmente a existência de Deus e estabelecido o culto da deusa Razão. O domingo ou dia do Senhor foi substituído por um dia em cada dez para descanso e diversão. A igreja romana era a grande inimiga da Revolução. Iniciou-se uma nova contagem do tempo: 1792 era o ano 1.
Na França, as escolas, hospitais, entidades de assistência aos pobres e os imensos bens da igreja foram passados ao estado e governados por uma cultura secularizada e republicana.
Embora muitas das mudanças originais não permanecessem e em 1795 o culto cristão fosse restabelecido, Küng mostra que algumas mudanças ficaram:
- A Tábua dos direitos humanos substitui o credo cristão.
- A Constituição do Estado substitui a lei da igreja.
- A Bandeira tricolor substitui a cruz.
- O registro civil substitui o batismo, o matrimônio e o enterro.
- Os professores substituiram os padres.
- O sacrifício da Missa foi substituído pelo sacrifício do soldado no “Altar da Pátria”.
- Os nomes patrióticos substituíram os nomes santos.
- A Marselha substitui o Te Deum.
- A ética burguesa substitui a ética cristã.
Este estado das coisas na França teve resultados cada vez mais funestos. Estes movimentos inauguram na França, e depois em todos os países da Europa, o nascimento do nacionalismo: cada nação busca seus interesses contra e acima das outras. O resultado posterior é o imperialismo entre as nações europeias: logo, guerras pelo domínio e pela supremacia entre estas nações será uma constante.
Napoleão já considerava o crescimento e expansionismo da nação mais importante que o homem e seus direitos. Foi Napoleão (1801) que deteve o progresso da Revolução Francesa, assumindo o papel de ditador e imperador. Ele invadiu Roma com seus exércitos, aprisionou o papa e anexou os Estados Papais ao seu Império (1809). Para ele, a igreja devia estar sujeita ao estado.
Quando Napoleão foi vencido, a Igreja Católica voltou a receber certa simpatia dos governos europeus por ser uma força antidemocrática, de caráter medieval e que seria uma salvaguarda contra os movimentos revolucionários.
Assim, a igreja católica recebeu de volta seus Estados, restabeleceu em 1814 os jesuítas e reiniciou sua luta pela monarquia papal.
O Endurecimento da Igreja Católica
Este movimento de endurecimento da igreja católica atingiu um dos seus pontos altos em Pio IX (1846-1878) que não somente viveu o mais longo pontificado da história de Roma, mas também moldou a política e mentalidade da igreja romana até os dias de hoje. Ele acreditava que o poder medieval dos papas lhe pertencia e que deveria reger o mundo por direito divino. Foi no pontificado dele que o Dogma da Imaculada Conceição (1854) foi imposto como matéria de fé, sem recurso de nenhum concílio geral.
Hans Küng fala de Pio IX como:
“Um homem emocionalmente instável e imune à dúvida intelectual que manifestava os sintomas de um psicopata, a fortaleza católica medieval da Contrarreforma agora era construída contra a modernidade com todos os poderes disponíveis.”
Ele tornou-se inimigo de tudo o que era democrático, liberal e moderno. Embora a igreja e a devoção estivessem em baixa no mundo circundante, na igreja católica, o amor ao papa, a Maria e à família marcaram a religiosidade católica até os dias de hoje.
Em 1864, publica-se o “Sumário dos erros modernos”, Syllabus errorum modernorum, totalizando 80 pontos em que os católicos se opunham ao pensamento moderno. Em 1869-70, o Concílio do Vaticano I declara a infalibilidade do papa.
Na Alemanha, vários bispos e igrejas não aceitaram os decretos romanos e formaram em 1873 a “Velha Igreja Católica”. Esta igreja era mais aberta aos protestantes e às igrejas gregas. Embora reconhecesse o primado romano, não aceitava suas inovações autoritárias.
Apesar da igreja estar se radicalizando cada vez mais, nesta época, por causa dos movimentos nacionalistas de unificação da Itália, o papa perdeu os “Estados Papais” que passaram a pertencer ao Estado Italiano. Em 1870, o Novo Reino da Itália tirou de Roma os territórios que administrava desde o Século XIII.
A radicalização da igreja e a busca pelo poder, levou a igreja a assinar uma concordata com Benito Mussulini (1929), apoiar o ditador espanhol Francisco Franco e também assinar outra concordata com Adolf Hitler (1933).
Durante a Segunda Grande Guerra Mundial, o silêncio do papa Pio XII (1939-1958) a respeito do holocausto dos judeus incriminou a igreja romana nesta questão. Foi ele que promulgou o dogma da Ascenção de Maria (1950).
Em todo este triste processo, João XXIII iniciou uma etapa importante na história do catolicismo:
“Um dos períodos mais extraordinários da história da igreja e do papado teve início com a eleição do idoso cardeal Angelo Giuseppe Roncalli como papa João XXIII (1958-1963). Convencido da necessidade de uma ampla atualização (aggiornamento) da igreja, ele convocou o Concílio Vaticano II, formalmente instalado no dia 11 de outubro de 1962. Esse importante concílio, que teve expressiva participação de bispos do terceiro mundo, aprovou resoluções sem precedentes nas áreas de renovação litúrgica, preocupação com os pobres e diálogo interconfessional.
As duas últimas preocupações já haviam sido expressas respectivamente na encíclica Mater et Magistra e na criação do Secretariado para a Promoção da Unidade Cristã. Seu sucessor, o cardeal Giovanni Battista Montini (Paulo VI, 1963-1978), embora mais contido, deu continuidade ao Concílio Vaticano II, no interesse de “construir uma ponte entre a Igreja e o mundo moderno”.
A “Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo Moderno” foi o documento mais longo já produzido por um concílio e contrastou profundamente com certas ênfases do século anterior. Paulo VI também publicou a controvertida encíclica Humanae vitae (1968), que proibiu aos católicos o uso dos métodos de controle artificial da natalidade.”
A inexplicável e trágica morte de João Paulo I após um mês de pontificado (26 de agosto a 28 de setembro) trouxe ao trono de Roma o polonês João Paulo II que com seu dinamismo e conservadorismo, fortaleceu os segmentos mais retrógrados da igreja romana. Seu sucessor alemão Bento XVI representa o mesmo conservadorismo de modo que não se deve esperar muito da igreja romana nestes tempos.
O Pietismo
Nos parágrafos acima, tratados da igreja romana desde a Contrarreforma até os dias de hoje, deixando de comentar o que ocorria no protestantismo. Voltemos, agora, para a época logo depois da Reforma para observar o caminho tomado pelos protestantes.
Como já mencionamos acima, após a Reforma, as igrejas protestantes entraram num período de definição e luta doutrinária chamada de “Ortodoxia Protestante”.
Estas disputas geraram um cristianismo estéril e desligado da vida. Para ser cristão, bastava citar as doutrinas corretas e citar os credos adequados. As pregações eram a exposição, por vezes polêmica, das doutrinas – nenhuma ênfase era dada à vida cristã.
O Pietismo foi um dos movimentos que surgiram para trazer vida espiritual ao protestantismo dogmático e racionalista. Um dos principais fundadores deste movimento foi Filipe Jacó Spener (1635-1705). Ele fugiu da oratória dogmática da época, pregando sobre a necessidade de uma vida cristã regenerada e santa.
Sua obra principal chamada Pia Desideria, ainda hoje um clássico da devoção a Deus, faz seis propostas reformadoras: (i) ter mais contato com as Escrituras em leitura pessoal e em pequenos grupos além das pregações; (ii) aumentar o envolvimento dos leigos em todas as funções da igreja; (iii) enfatizar a prática do conhecimento de Deus adquirido pelos crentes; (iv) abordar as discussões religiosas com humildade, amor e evitando, tanto quanto possível, as controvérsias; (v) assegurar que os pastores fossem bem educados e piedosos; e (vi) focar a pregação no desenvolvimento da fé dos cristãos comuns.
Estas propostas de Spener eram “novidades” na época, por mais estranho que nos pareça. Ironicamente, foram combatidas pelos conservadores, sobretudo pela Faculdade Teológica de Wittenberg, a escola onde Lutero tinha ensinado um século antes! Agora, os reformadores eram mais conservadores e tradicionalistas.
Contudo, apesar da oposição, o pietismo alemão revigorou a fé cristã naquela região. Entre muitos promotores dele, vale a pena lembrar de Augusto Franck, pastor e professor da Universidade de Hale desde 1694. Além de promoverem o pietismo, aplicaram- se a obras de assistência às crianças desamparadas e também ao trabalho missionário, que tinha sido esquecido pelos protestantes. Os primeiros missionários protestantes europeus, eram pietistas e foram para Tranquebar, na Índia, em 1705. Os pietistas enviaram mais de 70 missionários durante aquele século.
Os morávios e os metodistas
Os pietistas influenciaram outros importantes movimentos teológicos e eclesiásticos: (i) os irmãos morávios e (ii) os metodistas.
Os irmãos morávios faziam parte das igrejas que já estavam no processo de Reforma na Boêmia e na Morávia, deste os tempos de João Huss (1373-1415). O fundador da irmandade moraviana foi o conde Nicolau von Zinzendorf (1700-1760) que acolheu em
suas terras a certos membros da irmandade da Boêmia em uma nova comunidade chamada “Hernhut”, “Abrigo do Senhor”.
Esta comunidade de cunho pietista desenvolveu forte trabalho missionário à partir de 1731 de forma que tinha obreiros na Europa, Ásia, África, América do Norte e América do Sul. Esta pequena comunidade fez mais pelo trabalho missionário protestante do que todas as igrejas protestantes nos duzentos anos anteriores de Reforma.
Outro personagem importante, influenciado pelos pietistas fora os irmãos Wesley, sobretudo, João Wesley. Seu movimento não pretendia ser separado da igreja da Inglaterra, mas, tal qual o movimento pietista, enfatizava a fé pessoal e o uso de pequenos grupos ou classes para estudo.
Seu movimento cresceu e acabou separando-se da igreja da Inglaterra, recebendo muitos de seus membros das classes baixas, oprimidas pela Revolução Industrial que começou primeiro na Inglaterra e depois na Europa continental.
A teologia wesleyana é essencialmente arminiana, mas com fortes influências da teologia calvinista no que diz respeito ao pecado e à dependência da graça de Deus.
Segundo Wesley, os quatro meios de receber a revelação bíblica são: 1. Escritura; 2. Razão; 3. Tradição; 4. Experiência.
Depois da Escritura, o mais importante meio de revelação na teologia wesleyana é quarto: a experiência. Logo, está lançado o fundamento para um cristianismo que reage contra o intelectualismo e contra o dogmatismo apelando para a experiência subjetiva.
No ensino sobre a graça, Wesley adicionou algo ao pensamento protestante. Antes de Wesley, falava-se da “graça comum” dada a todos os homens, que podia incluir o dom da vida, etc. Depois falava-se da “graça justificadora” que abençoava apenas os salvos, tanto no luteranismo, no calvinismo como no arminianismo. A novidade de Wesley foi falar de uma nova forma ou nova doação da graça de Deus, que seria a “graça santificadora” – esta seria a graça que permitiria a mudança de vida e a manifestação da regeneração na vida prática.
Assim, o sistema de Wesley adicionava um terceiro elemento no pensamento protestante:
#1 = Graça preveniente (graça comum)
#2 = Graça justificadora (graça salvífica)
#3 = Graça santificadora (novidade!)
É desta terceira graça que depende toda a teologia dos movimentos de santidade e posteriormente, da teologia pentecostal e carismática.
Os puritanos na Inglaterra
“Do catolicismo, o anglicanismo rejeitou as indulgências e, com a Reforma, afirmava-se a salvação pela fé.”13 Assim, o anglicanismo manteve-se, por muitos anos, como uma forma atenuada e semi-reformada de catolicismo. Os puritanos, contudo, queriam que a Reforma inglesa chegasse a suas últimas consequências. As lutas foram inevitáveis.
ANGLICANISMO |
PURITANISMO |
É necessário distinguir entre as doutrinas necessárias para a salvação e as leis de disciplina e governo da igreja |
A Bíblia fornece um completo padrão bíblico de fé e organização que deveria ser estabelecido de novo |
o mínimo essencial [função essencial] |
o mais próximo possível [natureza-forma-função] |
tradições, inovações e invenções são aceitáveis |
retorno ao padrão bíblico de pensar e agir |
organização episcopal e estatal |
organização “presbiteriana” (por presbitérios) organização congregacional (independente) [separatistas] |
resultado: “catolicismo mitigado” |
Protestantismo |
As reformas que os puritanos queriam obter na Inglaterra não ocorreram. Assim, muitos deles deixaram a Inglaterra para ir ao Novo Mundo, fundar as Treze Colônias Inglesas que, mais tarde, dariam origem aos Estados Unidos da América.14
As Treze Colônias
A fundação das colônias britânicas na América do Norte ocorreram, entre outras coisas, por motivos religiosos. Muitos estavam tentando formar uma nova comunidade com as regras que consideravam fundamentais para a vida cristã. Muitas vezes, estas regras eram intolerantes com as outras formas de confissão cristã. Assim, nas colônias americanas predominavam certas confissões: puritanos, batistas, católicos, etc.
Vários grupos diferentes aportaram na região: (i) puritanos em Plymounth, Connecticut e New Haven; (ii) a igreja holandesa foi organizada em 1628 em Nova Amsterdã, ilha de Manhattan, mas a colônia recebeu luteranos, menonitas, católicos e puritanos; (iii) a Nova Inglaterra recebeu presbiterianos escoceses; (iv) os batistas só chegaram no Século XVII, mas receberam oposição; (v) o líder Quaker William Penn fundou a colônia de Pensilvânia que se tornou um núcleo Quaker, mas que também praticou a tolerância religiosa: por isso esta região recebeu o nome de “Berço da Liberdade na América”.
No fim do Século XVIII os Congregacionais eram a maior denominação da América do Norte, seguidos pelos Presbiterianos. Os Anglicanos perderam a popularidade por causa da guerra de independência.
No Século XVIII ocorreu, nos EUA, o chamado “Grande Avivamento” que se espalhou por todas as colônias e que serviu para dar a elas o senso de unidade para formar um único país.
Estas reuniões ocorriam por toda parte, em cabanas, nas casas ou debaixo de grandes árvores. Muitos cultos foram feitos ao “ar livre” e renovaram a piedade Norte Americana.
Foi na América do Norte que o conceito de “denominacionalismo” se desenvolveu, pois os vários grupos diferentes tiveram que conviver sem destruir uns aos outros como havia ocorrido na Europa. Será de lá que se transportarão para o Brasil a maior parte das seitas e movimentos da cristandade protestante e evangélica.
O Racionalismo e o Iluminismo Modernos
Os Séculos XVII e XVIII foram marcados por grandes avanços da ciência, que acabou sendo influente na filosofia. O Racionalismo e o Empirismo lançaram as bases do Iluminismo do Século XVIII que trouxe os “enciclopedistas franceses” e também filósofos como Jean-Jacques Rousseau e Immanuel Kant.
Estes filósofos que valorizam a razão e a ciência influenciarão os teólogos europeus e ingleses. Os europeus tomarão o caminho do liberalismo teológico, negando os elementos sobrenaturais da Bíblia, sobretudo no Século XIX e XX. Os teólogos ingleses que já vinham se confrontando com o Deísmo, puderam confrontar estes pensamentos por um pouco mais de tempo, mas no Século XX, o liberalismo teológico tomará conta das principais cátedras universitárias da teologia europeia.
Os católicos, com sua política medieval, tomista e anti- modernista, resistiram por mais tempo aos avanços do liberalismo teológico, mas logo que o papa liberou os católicos para os
estudos críticos da Bíblia, no Século XX, a maior parte deles assumiu as premissas anti-sobrenaturais dos teólogos e filósofos protestantes.
Missões Protestantes
William Carey (1761-1834) era um simples sapateiro, mas ao frequentar uma igreja batista, iniciou estudos de latim, grego, hebraico, italiano, francês e holandês, de modo a pregar e tornar- se o primeiro missionário dos tempos modernos. Em 1792 ele fundou a Sociedade Missionária Batista e depois partiu para a Índia. Em 1801, publicou o Novo Testamento em Bengali. Criou escolas, seminários teológicos e morreu na Índia em 1834, sem nunca ter retornado à Inglaterra.
Adoniram Judson (1788-1850) foi para a Birmânia como missionário congregacional. Na viagem, estudando, chegou à conclusão de que o batismo de crianças não era válido, mas sim o batismo de crentes. Por isso, demitiu-se da missão que o enviara e continuou trabalhando batizando por fé. Apesar das dificuldades, ao fim de sua vida, havia convertido muitos birmaneses à Cristo e deixado a Bíblia traduzida em Birmanês.
Outros missionários famosos foram David Livingstone (1813- 1873) e James Hudson Taylor (1832-1905). Na verdade, muitos dos soldados desconhecidos neste grande Século missionário só serão reconhecidos no porvir.
Vale a pena lembrar que o que o protestantismo não fez nos séculos anteriores, compensou no Século XIX que foi um grande período missionário protestante. Infelizmente, muitas vezes os missionários chegavam junto com os colonizadores e exploradores europeus de forma que a fé cristã foi maculada com o compromisso com os interesses coloniais.
Por outro lado, muitas vezes a igreja cristã era um elemento de consciência cristã contra os abusos dos colonizadores e mais tarde, com o fim do período colonial, as igrejas cristãs também tiveram a oportunidade de libertar-se do colonialismo teológico dos primeiros fundadores e missionários.
O Brasil e o Evangelho
Num livro recente e abrangente sobre a evangelização do Brasil, a história da evangelização do Brasil é dividida em três grandes momentos:
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Cristianização: Século XVI-XVIII
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Evangelização: Século XIX
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Pentecostalização: Século XX
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Apesar do esboço acima ser claramente protestante e muito simplificado, adotaremos estes passos para efeitos didáticos.
Cristianização
O Brasil descoberto por uma nação católico romana foi, desde o início, “evangelizado” pelos católicos, já motivados por um espírito anti-protestante e contrarreformista.
Os Jesuítas, os soldados do papa, foram os primeiros missionários no Brasil. Entre eles, os famosos Manoel de Nóbrega, José de Anchieta. Depois, temos Antônio Vieria e Pedro Dias. Eles trabalharam na Bahia, em São Vicente e em São Paulo.
Desde sua chegada em 1549 até sua expulsão do Brasil em 1757, o número deles cresceu de 6 para 474.
A missão católica enfrentou consideráveis problemas, desde a imensidão da obra, a oposição dos próprios exploradores portugueses e a imoralidade dos indígenas incentivada pelos “cristãos” portugueses. O próprio clero não escapou ileso das dificuldades morais em terras brasileiras.
A escravidão indígena e depois a africana não ajudava o estabelecimento de um verdadeiro espírito cristão na colônia.
Apesar de algumas tentativas protestantes de instalar-se no Brasil, elas nunca tiveram sucesso no período colonial.
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Calvinistas tentaram uma invasão da Baía da Guanabara em 1555 e foram expulsos em 1567 por Mem de Sá. Nesta época, José de Anchieta teve uma triste participação no enforcamento do pastor protestante Jacques de Balleur.
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Os Reformados Holandeses tentaram se estabelecer no Nordeste Brasileiro, primeiro na Bahia (1624-1625) e depois em Recife (1630-1654). O domínio holandês de Recife marcou a região e a história do Brasil com uma experiência positiva de convívio religioso. Em Recife viviam cerca de 1500 judeus e a primeira sinagoga das Américas foi estabelecida ali.
“Com algumas exceções, a presença da Igreja Católica Romana nos três primeiros séculos da história do Brasil foi um desastre”.19 Os missionários católicos que vieram ao Brasil não fizeram um bom trabalho: não estavam moral, espiritual ou ministerialmente preparados. Não souberam superar o sincretismo religioso de modo que os portugueses os índios e os negros que aqui se mesclaram para originar os brasileiros também fizeram um amálgama religioso que impera no Brasil até hoje.
A condição do Brasil como colônia atrasou a vinda da imprensas, dos livros e das universidades para o Brasil. A falta de estudo, falta de padres, falta de força moral e espiritual nos colonizadores e falta do verdadeiro cristianismo fizeram desta fase da história religiosa do Brasil funcionar como uma “cristianização” de muitos paganismos europeus, ameríndios e africanos.
Evangelização
Embora o catolicismo continuasse seu trajeto no Brasil, o Século XIX marca o tímido princípio da evangelização do Brasil por protestantes.
Embora a vinda da Família Real para o Brasil ajudasse a remediar alguns problemas anteriores do Brasil Colônia, ainda a defasagem espiritual entre o Brasil e a própria religião católica era grande.
Os protestantes demoraram para vir ao Brasil. Primeiro, começaram distribuindo Bíblias em cerca de 1837. Os primeiros missionários ingleses a estabelecer igrejas chegaram cerca de 1856 e depois vieram outros.
A Constituição de 1824 proibia os protestantes de construírem prédios com aparência de igreja. Quando os colonos alemães foram trazidos a várias regiões brasileiras, foi permitido o exercício de sua religião, mas em prédios que não se assemelhassem a templos.
Quando os holandeses foram expulsos, os judeus também foram convidados a se retirarem. Mudaram para outra colônia holandesa em um porto marítimo numa ilha chamada Manhattan! Nova Iorque, o maior centro bancário do mundo era para ser aqui no Brasil!!!
Na última metade do Século XIX os missionários anglo- americanos presbiterianos, metodistas e batistas começam a chegar no Brasil. Aos poucos, as principais denominações americanas se estabeleceram no Brasil, no fim do Século XIX e até o início do Século XX.
Com a proclamação da República, a igreja católica deixa de ser, pelo menos oficialmente, a igreja oficial do Brasil. A influência do intelectualismo francês sobre os nobres, os militares e a elite brasileira acabou produzindo mais um prejuízo para a igreja romana que perdia o Brasil como “país oficialmente católico”.
Pentecostalização
Quando chegamos no Século XX, uma variação do metodismo e dos movimentos de reavivamento americanos irão gera as igrejas pentecostais. Oficialmente, uma igreja na Rua Azulsa, na Califórnia é considerada o ponto de partida para o pentecostalismo, pois foi lá que, em tempos modernos, uma senhora de nome Agnez Ozman falou em línguas, que é o sinal distintivo do movimento pentecostal.
Desde então o movimento cresceu muito nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em 1910, bem no início de sua origem americana, trazido para o Brasil por dois missionários suecos e também por um ítalo-americano.
Os suecos eram Gunnar Vingren e Daniel Berg. Eles acabaram por fundar as Assembleias de Deus no Brasil. O ítalo-americano era Louis Francescon que começou a Congregação Cristã no Brasil.
Para compreender o movimento pentecostal no Brasil, é necessário ver seu desenvolvimento histórico e as mudanças de ênfase que marcaram cada “onda” do movimento.
Toda periodização corre o risco de fazer simplificações e generalizações, mas ajuda apesar de suas limitações.
As três ênfases históricas do movimento pentecostal no Brasil são:
1. FALAR EM LÍNGUAS: Este era o “sinal” da presença da “segunda graça” de Deus na vida da pessoa. Os antigos missionários suecos e até mesmo Orlando Boyer e Virgil Smith, antigos missionários das Igrejas de Cristo20, quando ingressaram na Assembleia de Deus, aderiram a este pensamento.
2. CURAS E EXORCISMOS: A igreja do Evangelho Quadrangular, fundada por uma atriz norte-americana, tinha vocação para um culto mais “alegre a animado”. Alguns atores “cowboys”, tocando violão, vieram ao Brasil e ajudaram este movimento. Nesta época também surgiram duas grandes igrejas pentecostais brasileiras: “O Brasil para Cristo” de Manoel de Mello e “Deus é Amor” de David Miranda.
20 Para a implantação das Igrejas de Cristo no Brasil houve uma primeira tentativa nos anos de 1927-1929 com Virgil Smith, Orlando Boyer e George Johnson que lamentavelmente se desviaram para uma denominação pentecostal levando consigo todas as igrejas então estabelecidas. Citado em http://igrejadecristoemcuritiba.blogspot.com.br/p/ics-no-brasil.html acessado em 01/maio/2012.
1. Segundo Randy Short, presidente do Seminário EBNESR: “Uma equipe de missionária de americanos foi enviado para o nordeste em 1927. Esta foi a primeira equipe missionária para o Brasil. Eles estabeleceram mais de 20 congregações trabalhando no interior do estado de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Ceará. Infelizmente eles deixaram a igreja de Cristo depois de 8 anos entrando no Pentecostalismo. Nem todas as igrejas plantadas os seguiam neste desvio mas parece que a maioria sim. Uma procura em alguns lugares onde eles plantaram congregações em 1998 não encontrou nenhuma congregação ainda existente.” SHORT, Randy, Missões – Igreja de Cristo. [Mensagem pessoal] Mensagem recebida por alvarocpestana@gmail.com em 22 de maio de 2012
3. PROSPERIDADE: esta última fase teve suas sementes lançadas pelas igrejas americanas que pregavam a teologia da prosperidade, tal como a Igreja Vida Nova, mas o movimento cresceu mesmo nas mãos de brasileiros tais como Edir Macedo, Romildo Soares e, atualmente, Valdemiro Santiago. Este movimento enfatizou a necessidade de receber bênçãos e prosperidade. Seus fundadores estabeleceram verdadeiros impérios de comunicação em massa e de recolhimento de doações.
Esta periodização é didática, mas faz ver que as ênfases e as doutrinas deste movimento que alega ser uma volta ao cristianismo do Novo Testamento tem sido mudadas no decorrer dos anos. É um movimento que oscila conforme o “vento de doutrina” que sopra naquele momento (Efésios 4.14) e não conforme o vento do Espírito.
Logicamente, cada igreja citada tem suas características particulares. Mas estas também tem mudado no decorrer da história: por exemplo, a Assembleia tem relaxado às proibições e exigências ligados aos costumes, vestimentas e lazer, sobretudo nas igrejas mais antigas, maiores e mais ricas.
Com respeito à adoção da Teologia da Prosperidade, alguns grupos, tais como a Congregação Cristã, tem resistido e se mantido de modo mais ou menos rígido, desde o seu início. Outros grupos, como alguns segmentos da Assembleia de Deus e a Quadrangular tem se aproveitado das “últimas preferências” da população e adotado o discurso da prosperidade. Os que adotam estas modas tem crescido mais que os que resistem.
Desde o início, o movimento pentecostal falava das línguas, das curas e do exorcismo. O que ocorre é que a ênfase que foi mudando de um assunto para outro. A Teologia da Prosperidade é recente, e entrou em nosso meio através da chamada “igreja eletrônica”, embora suas raízes já estivessem presentes na segunda onda do movimento pentecostal.
Esta pentecostalização do Brasil aumenta com o chamado movimento carismático que ocorreu tanto no Catolicismo como no Protestantismo.
O chamado “movimento carismático” começou na década de 50. Os grandes impulsos deste movimento ocorreram na década de 60 na qual quase todas as denominações protestantes se dividiram ou tiveram que acolher um segmento que manifestava os “dons carismáticos” similares aos já encontrados nas igrejas pentecostais. Até a igreja católica recebeu este movimento e acolheu-o. As outras denominações cristãs, em geral, se dividiram por esta causa. Umas poucas conseguiram manter os dois tipos de liturgia.
Hoje, a maior parte das igrejas mescla as teologias tradicionais, pentecostais e carismáticas em sua teologia e culto. Além disto, muitos, por oportunismo ou por falta de critério, assumem a teologia da prosperidade sem qualquer problema.
Surgem as “Seitas”
Um sub-produto do protestantismo, são os grupos que eles mesmos chamam de seitas, colocando-os “fora” do chamado cristianismo. Esta classificação de um grupo como “sectário” varia de opinião para opinião, mas normalmente, são consideradas seitas os grupos que negam verdades fundamentais das Escrituras ou que tenham uma metodologia de trabalho que possa ser considerada anti-cristã.
As seitas mais conhecidas são:
Adventistas do Sétimo Dia, fundadas à partir de movimentos que marcaram o fim dos tempos para 1844. Sua fundadora foi Ellen White e eles guardam o sábado e algumas leis alimentares do Velho Testamento. Eles não creem no inferno eterno.
Os Testemunhas de Jeová foram fundados por Charles Russell, e previam o fim do mundo para 1914. Negam a divindade de Jesus e a pessoa do Espírito Santo. Eles também não creem no inferno eterno. São muito radicais e consideram totalmente errados todos os outros movimentos religiosos.
Os Mórmons são os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Para eles, Jesus veio até as Américas e pregou para os indígenas daqui nos tempos depois do Novo Testamento. Eles não aceitam bem a Bíblia, mas sim outros 3 livros inspirados: O Livro de Mórmon, A Pérola de Grande Valor e Doutrinas e Convênios. Estes três livros são pueris, mas a seita tem força e vontade para continuar pregando e crescendo no mundo todo. Esta seita tem crenças muito bizarras como batismo pelos mortos, casamentos eternos e a transformação de cada homem em um deus, pois o próprio Jeová nada mais é do que um homem exaltado. E há coisas piores…
São todas seitas americanas e que se espalharam pelo mundo católico e protestante, parasitando o respeito pela Bíblia e apresentando-se como o verdadeiro cristianismo.
Teologia da Libertação
Claro que a história da religião cristã no Brasil não deve omitir um desenvolvimento teológico que começou em nosso meio. A teologia da libertação tem suas ideias fundamentais já esboçadas em antigos escritos de Rubem Alves: ele é o verdadeiro pai da Teologia da Libertação. Tradicionalmente, se atribui a outros teólogos, como Gustavo Gutierrez o nascimento e nutrição desta forma de pensar.21 Leonardo e Clodovis Boff, Hugo Assmann e outros teólogos católicos acabaram levando a fama de criadores desta teologia.
Embora a forma de Teologia da Libertação que floresceu no Brasil, sobretudo entre os católicos, fosse fortemente ancorada no marxismo, com orientação para a esquerda política, a ideia central de uma igreja que busca o bem do povo ao invés de apoiar a opressão dos poderosos era e ainda é muito válida.
Infelizmente, muitas posturas da Teologia da Libertação apoiaram movimentos extremistas e também imorais dentro da política brasileira. O papa João Paulo II desarticulou o movimento no Brasil, por causa de seu combate aos regimes comunistas. O papa Bento XVI seguia a linha de seu antecessor, mas, agora, Francisco I tem clara tendência para a Teologia da Libertação.
Movimento Ecumênico
O Século XX viu o nascimento do chamado Movimento Ecumênico que visava fortalecer tanto as missões cristãs como também o trabalho missionário. A origem deste movimento foi entre os protestantes. Embora as dificuldades para uma verdadeira unidade sejam enormes, o movimento já ajudou no diálogo interreligioso.
Embora a igreja católica fale de ecumenismo e de diálogo interreligioso, o que se vê nos últimos pontífices é uma postura ambígua e sectarista, que pouco incentiva o verdadeiro diálogo, dando a impressão que os romanos querem, mais uma vez, dominar e ser obedecidos, cedendo muito pouco aos “irmãos separados”. No caso de Francisco I, o diálogo parece mais aberto e verdadeiro, dentro das possibilidades que as estruturas católicas o permitem.
O resultado mínimo é um cristianismo muito fragmentado que, no Brasil, chega a estar “atomizado” de tantas e tantas divisões e facções que surgiram.
CONCLUSÃO
A história do cristianismo nos trouxe até os nossos tempos com a certeza de que a fé cristã não se extinguiu e também a certeza de que Deus é grandemente bondoso e paciente para conseguir, no meio de tanta divisão e desacordo, salvar os homens.
Nosso pensamento hoje, depende, em boa parte, de termos aceito as escolhas e as decisões de gerações cristãs anteriores sobre questões que talvez hoje nem existam mais.
Cumpre-nos, tanto quanto possível, reavaliarmos nossas tradições, nossas doutrinas, nossas posições, nossa prática e nossas pressuposições para, se possível, abandonar o excesso de peso adquirido nesta história de erros e apreciar a graça e a bondade de Cristo, fulgurantes no evangelho e na Bíblia, a palavra de Deus.
DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
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Como a intelectualidade brasileira formou-se preferencialmente na França, que tipo de reflexo pode observar-se, até hoje, nos nossos meios intelectuais que refletem os problemas e lutas dos franceses com a religião católica?
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Como o protestantismo brasileiro, exceto o luteranismo, depende de missionários americanos e ingleses, que tipo de distorção de pensamento isto causou na igreja protestante brasileira?
Vídeo Aula com Álvaro Pestana
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