Eis mais uma aula para nosso aprendizado cristão!
Vamos como sempre iniciar com o Exercício da lição anterior – Capítulo 11
(Lembrando que pulamos do capítulo 11 para o 14 porque os Capítulos 12 e 13 já foram estudados no início do curso!)
Vamos agora para o Capítulo 14!
APOSTILA
Leitura (NVI)
1 Então olhei, e diante de mim estava o Cordeiro, de pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil que traziam escritos na testa o nome dele e o nome de seu Pai.
2 Ouvi um som do céu como o de muitas águas e de um forte trovão. Era como o de harpistas tocando suas harpas.
3 Eles cantavam um cântico novo diante do trono, dos quatro seres viventes e dos anciãos. Ninguém podia aprender o cântico, a não ser os cento e quarenta e quatro mil que haviam sido comprados da terra.
4 Estes são os que não se contaminaram com mulheres, pois se conservaram castos e seguem o Cordeiro por onde quer que ele vá. Foram comprados dentre os homens e ofertados como primícias a Deus e ao Cordeiro.
5 Mentira nenhuma foi encontrada em suas bocas; são imaculados.
6 Então vi outro anjo, que voava pelo céu e tinha na mão o evangelho eterno para proclamar aos que habitam na terra, a toda nação, tribo, língua e povo.
7 Ele disse em alta voz: “Temam a Deus e glorifiquem-no, pois chegou a hora do seu juízo. Adorem aquele que fez os céus, a terra, o mar e as fontes das águas”.
8 Um segundo anjo o seguiu, dizendo: “Caiu! Caiu a grande Babilônia que fez todas as nações beberem do vinho da fúria da sua prostituição! “
9 Um terceiro anjo os seguiu, dizendo em alta voz: “Se alguém adorar a besta e a sua imagem e receber a sua marca na testa ou na mão,
10 também beberá do vinho do furor de Deus que foi derramado sem mistura no cálice da sua ira. Será ainda atormentado com enxofre ardente na presença dos santos anjos e do Cordeiro,
11 e a fumaça do tormento de tais pessoas sobe para todo o sempre. Para todos os que adoram a besta e a sua imagem, e para quem recebe a marca do seu nome, não há descanso, dia e noite”.
12 Aqui está a perseverança dos santos que obedecem aos mandamentos de Deus e permanecem fiéis a Jesus.
13 Então ouvi uma voz do céu dizendo: “Escreva: Felizes os mortos que morrem no Senhor de agora em diante”. Diz o Espírito: “Sim, eles descansarão das suas fadigas, pois as suas obras os seguirão”.
14 Olhei, e diante de mim estava uma nuvem branca e, assentado sobre a nuvem, alguém “semelhante a um filho de homem”. Ele estava com uma coroa de ouro na cabeça e uma foice afiada na mão.
15 Então saiu do santuário um outro anjo, que bradou em alta voz àquele que estava assentado sobre a nuvem: “Tome a sua foice e faça a colheita, pois a safra da terra está madura; chegou a hora de colhê-la”.
16 Assim, aquele que estava assentado sobre a nuvem passou sua foice pela terra, e a terra foi ceifada.
17 Outro anjo saiu do santuário do céu, trazendo também uma foice afiada.
18 E ainda outro anjo, que tem autoridade sobre o fogo, saiu do altar e bradou em alta voz àquele que tinha a foice afiada: “Tome sua foice afiada e ajunte os cachos de uva da videira da terra, porque as suas uvas estão maduras! “
19 O anjo passou a foice pela terra, ajuntou as uvas e as lançou no grande lagar da ira de Deus.
20 Elas foram pisadas no lagar, fora da cidade, e correu sangue do lagar, chegando ao nível dos freios dos cavalos, numa distância de cerca de trezentos quilômetros.
Vídeo Aula Panorâmica com Randy Short
A Vídeo Aula Textual com Alcides virá no próximo Capítulo 16 onde teremos vídeo aula dos Capítulos 14,15 e 16.
CAPÍTULO 14
O CORDEIRO E OS REMIDOS NO MONTE SIÃO (APOCALIPSE 14:1-5)
Os capítulos 12 e 13 (lições 21-23) são assustadores. Um dragão terrível peleja contra os servos de Deus, e continua perseguindo os cristãos. Ele recebe a ajuda de duas bestas, uma feia e assustadora que escapa até a morte, e a outra bem suave e enganadora que mata as pessoas que não se submetem à força do mal.
O dragão e seus aliados dominam as pessoas da terra. Diante de tanto poder, que esperança têm os servos do Senhor? Embora Jesus já tenha respondido a esta dúvida várias vezes no livro, ele quer confortar e fortalecer os fiéis. Antes de mostrar a outra aliada do diabo, a Babilônia (capítulo 17), ele reforça mais uma vez o tema principal do livro. Deus domina, julgando os perversos e salvando os fiéis. Assim, ele assegura os discípulos que, independente da ferocidade dos perseguidores, não ficarão desamparados. A primeira cena de conforto, neste trecho, mostra o Cordeiro com os 144.000.
Apocalipse 14:1
Olhei, e eis o Cordeiro em pé: Apareceu numa hora boa! Depois de ver o dragão, a besta do mar e a besta da terra (parecendo cordeiro), agora João vê o verdadeiro Cordeiro, o mesmo que foi achado digno de receber o livro da mão direita do Pai (capítulo 5). Ele não esqueceu de seus servos, e não os deixou sozinhos. O Cordeiro está em pé, vivo e poderoso. Não se deitou, e não foi derrotado. Serve como exemplo para os seus seguidores. Não devem desistir ou se render ao inimigo.
Sobre o monte Sião: Sião aparece somente neste versículo no Apocalipse, mas já traz um significado rico pelo seu uso em vários outros trechos. Literalmente, Sião é o monte onde o templo foi construído, e frequentemente representa a cidade de Jerusalém. Mas a palavra ganha um sentido maior no Antigo e Novo Testamentos.
Davi esperava que a salvação viesse de Sião (Salmo 14:7). O Libertador veio de Sião para tirar pecados (Romanos 11:26-27; cf. Isaías 59:20). Este Redentor é o mesmo Rei que despedaçaria as nações com sua vara de ferro (Salmo 2:6-9). Jesus Cristo, a pedra angular do reino de Deus, foi posto em Sião (Romanos 9:33; 1 Pedro 2:6).
O texto do Novo Testamento que mais ajuda é Hebreus 12:22-24 – “Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembleia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel.” Jesus, ressuscitado e vitorioso sobre a morte, reina em Sião e demonstra seu domínio sobre as nações. Como seria confortante para os santos perseguidos ver o Cordeiro em pé no monte!
E com ele cento e quarenta e quatro mil: Já encontramos os 144.000 no intervalo entre o sexto e o sétimo selos (7:1-8). Foram selados para proteção dos danos causados pelos ventos que os quatro anjos seguravam. Aqui, estão em pé sobre o monte, com Jesus.
Tendo na fronte escrito o seu nome e o nome de seu Pai: Mais uma vez, o contraste entre os discípulos do Senhor e aqueles “que habitam sobre a terra” se torna evidente. Os ímpios recebem a marca da besta, mostrando que lhe pertencem (13:16-18). Os fiéis recebem a marca do Senhor (7:3), o nome de seu Mestre, porque são dele (14:1; cf. 3:12).
O contraste entre estes dois nomes faz toda a diferença – até a diferença eterna. A marca da besta traz o nome ou número de homem; a marca dos 144.000 é o nome de Deus. O nome da besta é imperfeito e temporário; o nome de Deus é permanente, perfeito e eterno. É este nome que salva (Atos 4:12) e que é exaltado acima de todos os outros (Filipenses 2:9-11). Isaías profetizou sobre o Messias: “O seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto” (Isaías 9:6-7). Quem está na sombra do Cordeio, no monte Sião, com este nome na testa, não tem motivo para temer a besta com seus nomes de blasfêmia e sua autoridade para agir por 42 meses!
Apocalipse 14:2
Ouvi uma voz do céu como voz de muitas águas, como voz de grande trovão: Uma voz forte, que nos lembra das vozes de Jesus (1:15) e da grande multidão de seus servos (19:6). Trovões, sempre no Apocalipse e quase sempre nas outras ocorrências na Bíblia, vêm do céu e comunicam a autoridade de Deus. Exemplos em outros livros incluem: “Os que contendem com o SENHOR são quebrantados; dos céus troveja contra eles” (1 Samuel 2:10); “Trovejou o SENHOR desde os céus; o Altíssimo levantou a sua voz” (2 Samuel 22:14); “Ou tens braço como Deus ou podes trovejar com a voz como ele o faz?” (Jó 40:9).
No Apocalipse, vozes e trovões saem do trono de Deus (4:5) e do santuário dele (11:19; 16:17-18). João ouve a voz de um dos quatro seres viventes “como se fosse voz de trovão” (6:1). No sétimo selo, o fogo atirado do altar à terra foi acompanhado por trovões (8:5).
No intervalo entre as sexta e sétima trombetas, o brado do anjo forte soltou as vozes dos sete trovões (10:3). A voz da grande multidão que adora a Deus é “como de muitas águas e como de fortes trovões” (19:6).
Era como de harpistas quando tangem a sua harpa: Como tantos outros símbolos no Apocalipse (incenso, altares, arca da aliança, etc.), a idéia dos harpistas vem do louvor dos judeus no Antigo Testamento (cf. 5:8; 15:2). Harpas e outros instrumentos foram características do louvor no templo em Jerusalém. Desta referência percebemos que a voz forte vem dos adoradores que honram ao Senhor.
Apocalipse 14:3-5
Entoavam novo cântico diante do trono, diante dos quatro seres viventes e dos anciãos: Um novo cântico celebra a grandeza do Senhor (veja Salmo 33:3 no seu contexto).
Especialmente relevantes são as palavras de Davi: “Esperei confiantemente pelo SENHOR; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro. Tirou-me de um poço de perdição, de um tremedal de lama; colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos. E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão essas coisas, temerão e confiarão no SENHOR. Bem-aventurado o homem que põe no SENHOR a sua confiança” (Salmo 40:1-4; cf. Salmo 98:1-5). Isaías falou do Servo do Senhor e disse: “Cantai ao SENHOR um cântico novo e o seu louvor até às extremidades da terra, vós, os que navegais pelo mar e tudo quanto há nele, vós, terras do mar e seus moradores…. O SENHOR sairá como valente, despertará o seu zelo como homem de guerra; clamará, lançará forte grito de guerra e mostrará sua força contra os seus inimigos” (Isaías 42:10,13).
Cânticos novos celebram o poder de Deus para proteger os fiéis e lhes dar a vitória sobre os inimigos (cf. Apocalipse 5:8-10). O novo cântico do capítulo 5 iniciou-se com os seres viventes e os anciãos, mas este cântico começa com outros que louvam a Deus na presença destes seres celestiais.
E ninguém pôde aprender o cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil: Todas as criaturas de Deus, tanto os seres celestiais como os homens na terra, podem e devem adorar a Deus como Criador (4:11) e adorar a Jesus como o Cordeiro vitorioso (5:9-14). Mas aqui somente os redimidos, resgatados pelo sangue do Cordeiro, conseguem cantar o novo cântico. Os anjos se regozijam com a salvação de pecadores (Lucas 15:10) e desejam compreender o mistério de Deus (1 Pedro 1:12), mas são os homens que experimentam a salvação em Jesus (Hebreus 2:16; João 3:16; Atos 17:30). Os homens redimidos têm uma relação especial com Deus, e uma dívida de gratidão única. São os salvos, representados pelo número 144.000, que cantam o novo cântico.
O resto deste parágrafo descreve os 144.000, acrescentando algumas informações não contidas no capítulo 7, e reforçando a figura de eles representarem os redimidos da terra. Estes 144.000:
1) Foram comprados da terra: O Cordeiro comprou com seu sangue “os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação” (5:9). Os resgatados não pertencem mais aos habitantes da terra, pois se tornaram habitantes do céu (veja comentários sobre 13:6 e 8 na lição 22). A redenção é um aspecto fundamental da missão de Jesus. Os homens se vendem à escravidão do pecado (Romanos 7:14), mas não são incapazes de pagar o resgate para se livrarem (Romanos 7:24; Salmo 49:7-12). O resgate vem do Senhor (Salmo 11:9; 130:7), especificamente por meio do sacrifício de Jesus: “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3:24). Em Jesus “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Efésios 1:7; cf. Colossenses 1:14; Hebreus 9:12).
2) Não se macularam com mulheres, porque são castos: Os 144.000 são apresentados como homens virgens, que nunca tiveram relações sexuais. As interpretações literais, como a doutrina das Testemunhas de Jeová, que dizem que terão somente 144.000 no céu, encontram uma grande dificuldade com estas descrições. Se o número é literal, o resto da descrição deve ser igualmente literal. Teríamos que concluir que os 144.000 são homens virgens, e que não teria nem casado nem mulher no céu! De repente, o próprio apóstolo Pedro seria excluído do céu, pois foi casado (Mateus 8:14). Lembrando do capítulo 7, teríamos que excluir, também, qualquer gentio, e teríamos um número exato e igual de cada uma das 12 tribos citadas.
Somente homens judeus e solteiros no céu? Alguém realmente acredita numa doutrina dessas? Obviamente, a descrição é simbólica, não literal. Israelitas são as pessoas que pertencem a Deus, o povo do Senhor. 144.000 é um número simbólico, e a pureza deles é espiritual. O casamento foi criado por Deus, e relações sexuais entre um homem e sua legítima esposa são puras e ordenadas por Deus (Hebreus 13:4; 1 Coríntios 7:2-5).
O adultério e a prostituição são usados simbolicamente na Bíblia para representar a infidelidade espiritual, especialmente a idolatria: “Porque adulteraram, e nas suas mãos há culpa de sangue; com seus ídolos adulteraram, e até os seus filhos, que me geraram, ofereceram a eles para serem consumidos pelo fogo” (Ezequiel 23:37).
Deus disse que Judá “adulterou, adorando pedras e árvores” (Jeremias 3:9). Da mesma forma, a castidade ou virgindade representa a pureza espiritual e a abstenção da idolatria: “Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo. Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo” (2 Coríntios 11:2-3). Os redimidos não participam da idolatria – não adoram a besta – porque são fiéis e puros diante de Deus.
3) Seguidores do Cordeiro para onde quer que vá: Jesus convida os homens a segui-lo: “Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lucas 9:23). Aceitação deste convite é a característica que define os discípulos: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (João 10:27). A decisão de seguir a Jesus traz ao discípulo a promessa da comunhão com o Senhor: “Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará” (João 12:26). Mas como esta descrição sugere, temos de segui-lo para onde ele nos guia.
Não é suficiente seguir até onde sentimos bem, ou até onde concordamos com ele. A obediência não é andar até onde enxergamos o caminho, pois “andamos por fé, e não pelo que vemos” (2 Coríntios 5:7). Quando reconhecemos a soberania e autoridade absoluta de Jesus (veja Mateus 28:18), devemos ser obedientes em tudo. Jesus é o exemplo perfeito: “Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca” (1 Pedro 2:21-22).
4) Redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro: Ele repete o fato de serem redimidos mas, desta vez, destaca o propósito ou destino dos salvos – se tornam primícias para Deus e para Jesus. No Velho Testamento, as primícias pertenciam a Deus e a casa dele: “Honra ao SENHOR com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda” (Provérbios 3:9; cf. Êxodo 23:19; 34:26; Levítico 2:12; 23:17; Deuteronômio 26:2). Ainda no Antigo Testamento, a ideia das primícias foi estendida para descrever o povo do Senhor, destacando a sua proteção dos inimigos: “Então, Israel era consagrado ao SENHOR e era as primícias da sua colheita; todos os que o devoraram se faziam culpados; o mal vinha sobre eles, diz o SENHOR” (Jeremias 2:3).
Desta maneira, se torna comum no Novo Testamento descrever servos do Senhor como primícias: “Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas” (Tiago 1:18; cf. Romanos 16:5; 1 Coríntios 16:5).
5) Não se achou mentira na sua boca; não têm mácula: São pessoas honestas e puras. Estas palavras nos lembram do exemplo de Jesus em 1 Pedro 2:22 (citado acima). Ele é como um perfeito “cordeiro, sem defeito e sem mácula” (1 Pedro 1:19). O diabo e seus servos são mentirosos que induzem os homens ao erro pela falsidade de suas palavras. Os servos de Jesus falam e ensinam a verdade, e vivem pelos mesmos princípios. Assim, mantêm pureza na palavra e no proceder (1 Timóteo 4:12). A igreja que pertence a Jesus deve ser “gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Efésios 5:27).
III – AS GRANDES VOZES (APOCALIPSE 14:6-20)
O resto do capítulo 14 revela as mensagens de uma série de vozes, anjos que passam no céu com recados importantes sobre o juízo de Deus sobre as nações. Esta série de revelações não segue tão claramente como as anteriores um sistema óbvio de organização. Há, pelo menos, duas possíveis maneiras de ver uma série de sete aqui:
1) O trecho menciona seis anjos (versículos 6,8,9,15,17,18) e pode incluir, implicitamente, um outro (13), dando um total de sete.
2) Uma outra possibilidade, que segue melhor o padrão das séries de selos e trombetas, é de ver aqui uma série de sete avisos ou sinais, organizada desta maneira: As primeiras quatro vozes (14:6-7,8,9-12 e 13), as quinta e sexta vozes (14:14-16; 17-20), um intervalo em que os vencedores adoram a Deus (15:2-4) e o sétimo sinal, que abre mais uma série de sete (15:1,5-8).
Esta segunda abordagem parece mais coerente com o padrão já estabelecido, e será usada nos comentários desta lição, na qual consideramos as seis vozes do capítulo 14. Outros comentários agrupam as vozes e sinais desta parte do livro de maneiras diferentes (por exemplo, três ou quatro vozes seguidas por duas cenas de julgamento) e, talvez, igualmente válidas. O ponto principal aqui não é a organização, e sim o conteúdo das vozes e sinais.
O Primeiro Sinal (14:6-7)
Apocalipse 14:6
Vi outro anjo voando pelo meio do céu: Vários anjos trarão os avisos deste capítulo, começando com este voando no céu. É um mensageiro de Deus com uma mensagem para os homens.
Tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo: “Evangelho” significa boas novas. Esta palavra ou verbos da mesma raiz (evangelizar, pregar, anunciar, trazer notícias, etc.) aparecem mais de cem vezes no Novo Testamento.
A grande maioria das ocorrências se refere à mensagem de Jesus Cristo. É uma mensagem eterna e universal. Paulo descreveu o evangelho como “a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos, e que, agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações” (Romanos 16:25-26). Aos efésios ele escreveu sobre seu privilégio de “pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as coisas … segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Efésios 3:8- 11).
O trabalho deste anjo é semelhante à missão dada a João no intervalo do capítulo 10. Ele recebeu o livrinho e foi mandado profetizar “a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis” (10:11).
Apocalipse 14:7
Dizendo, em grande voz: Temei a Deus a dai-lhe glória: A mensagem do evangelho estabelece a soberania de Deus e exige uma resposta das suas criaturas. No deserto da Judéia, João Batista pregou: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mateus 3:1-2). Jesus anunciou a mesma mensagem (Mateus 4:17), e os apóstolos pregaram os mesmos temas (Atos 2:30-38; 1 Tessalonicenses 2:12). Deus merece honra pelas grandes obras feitas diante dos homens (Salmo 145:10-11).
Ele pode ser glorificado de várias maneiras:
1) Quando o pecador confessa a sua injustiça, a glória e a justiça de Deus são realçadas. “Então, disse Josué a Acã: Filho meu, dá glória ao SENHOR, Deus de Israel, e a ele rende louvores; e declara-me, agora, o que fizeste; não mo ocultes” (Josué 7:19).
2) Deus é glorificado, também, quando os ímpios sofrem a penalidade merecida por sua iniquidade. Anunciando o castigo dos egípcios no mar Vermelho, ele disse: “E os egípcios saberão que eu sou o SENHOR, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavalarianos” (Êxodo 14:18). Deus falou que seria glorificado no castigo de Sidom (Ezequiel 28:22) e na destruição das forças de Gogue de Magogue (Ezequiel 39:11-13).
3) Quando a pregação do evangelho é recebida pela fé dos ouvintes, Deus é glorificado. “Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (Atos 13:48).
4) Quando o povo de Deus lhe obedece, ele recebe a glória. “Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (1 Coríntios 6:20; cf. 1 Pedro 2:12; 4:11).
Pois é chegada a hora do seu juízo: Embora o amor seja o motivo maior para servir a Deus, um motivo que supera o medo (1 João 4:17-18), o medo ainda incentiva o ouvinte a se submeter a Deus (Atos 24:25; Hebreus 10:27; Tiago 2:13; 3:1; 5:12).
E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas: Deus merece a adoração de todos, e o anjo convida todas as nações a dar-lhe a devida honra. Paulo falou sobre um dos resultados da vitória de Jesus sobre a morte: “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses 2:9-11). O propósito do evangelho eterno é trazer todos os povos a Deus, dando-lhes motivo para adorar o seu Criador e Redentor. Ao mesmo tempo, este versículo reforça o fato de Deus ser o Soberano. Ele fez o céu, a terra, etc., e ele continua os dominando. Ele é capaz, também, de trazer seus castigos sobre todos os aspectos da criação, como já mostrou nas primeiras quatro trombetas (8:7-13).
O Segundo Sinal (14:8)
Apocalipse 14:8
Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Um segundo anjo traz a segunda proclamação.
Caiu, caiu a grande Babilônia: A Babilônia é mencionada, por nome, centenas de vezes no Antigo Testamento, mas apenas doze vezes no Novo. Destas ocorrências, cinco são obviamente referências históricas à antiga Babilônia (Mateus 1:11,12,17; Atos 7:43) e uma (1 Pedro 5:13) é interpretada por alguns como uma referência simbólica igual às citações do Apocalipse, e por outros como uma referência literal à área geográfica da antiga cidade. Esta referência pelo segundo anjo é a primeira de seis no livro (14:8; 16:19; 17:5; 18:2,10,21). A Babilônia, chamada também de grande meretriz, se torna uma das personagens principais nos capítulos 17 e 18.
Antes de contar os detalhes do destino da Babilônia, Deus já revela aos fiéis o que será desta cidade. Desde esta primeira citação, sabemos que é uma cidade condenada: “Caiu, caiu a grande Babilônia”! A descrição da cidade e as questões sobre o significado da Babilônia surgem no capítulo 17. Por enquanto, Jesus quer assegurar os leitores que a Babilônia, apesar de afligir o seu povo com grande sofrimento, será derrotada.
Que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição: A Babilônia envolveu as nações no seu pecado, e assim as levou a participar do seu castigo. A figura usada aqui, de beber do vinho da fúria, é comum nas profecias do Velho Testamento e envolve dois aspectos principais – a tentação e o castigo.
Quanto à tentação, Jeremias disse: “A Babilônia era um copo de ouro na mão do SENHOR, o qual embriagava a toda a terra; do seu vinho beberam as nações; por isso, enlouqueceram” (Jeremias 51:7).
O outro aspecto do cálice, o castigo, aparece em diversos trechos do Antigo Testamento. O cálice representa a ira de Deus contra os perversos: “Deus é o juiz; a um abate, a outro exalta. Porque na mão do SENHOR há um cálice cujo vinho espuma, cheio de mistura; dele dá a beber; sorvem-no, até às escórias, todos os ímpios da terra” (Salmo 75:7-8).
Ezequiel transmitiu a palavra de Deus em relação à iniquidade de Jerusalém: “Andaste no caminho de tua irmã; por isso, entregarei o seu copo na tua mão. Assim diz o SENHOR Deus: Beberás o copo de tua irmã, fundo e largo; servirás de riso e escárnio; pois nele cabe muito. Encher-te-ás de embriaguez e de dor; o copo de tua irmã Samaria é copo de espanto e de desolação. Tu o beberás, e esgotá-lo-ás, e lhe roerás os cacos, e te rasgarás os peitos, pois eu o falei, diz o SENHOR Deus” (Ezequiel 23:31-34). Jerusalém bebeu o cálice da ira de Deus, e depois foi resgatada. Deus tirou o cálice da mão dela e poupou seu povo redimido, repassando o vinho de sua ira aos opressores (Isaías 51:17,22-23).
Um dos textos mais importantes para entender o significado desta figura se encontra em Jeremias 25:15-38. Observemos algumas linhas deste trecho:
“Porque assim me disse o SENHOR, o Deus de Israel: Toma da minha mão este cálice do vinho do meu furor e darás a beber dele a todas as nações às quais eu te enviar. Para que bebam, e tremam, e enlouqueçam, por causa da espada que eu enviarei para o meio delas. Recebi o cálice da mão do SENHOR e dei a beber a todas as nações às quais o SENHOR me tinha enviado: a Jerusalém, às cidades de Judá, aos seus reis e aos seus príncipes, para fazer deles uma ruína, objeto de espanto, de assobio e maldição, como hoje se vê; a Faraó, rei do Egito… a todo misto de gente, a todos os reis da terra de Uz, a todos os reis da terra dos filisteus, a Asquelom, a Gaza, a Ecrom e ao resto de Asdode; a Edom, a Moabe e aos filhos de Amom; a todos os reis de Tiro, a todos os reis de Sidom e aos reis das terras dalém do mar; a Dedã, a Tema, a Buz e a todos os que cortam os cabelos nas têmporas; a todos os reis da Arábia e todos os reis do misto de gente que habita no deserto; a todos os reis de Zinri, a todos os reis de Elão e a todos os reis da Média; a todos os reis do Norte, os de perto e os de longe, um após outro, e a todos os reinos do mundo sobre a face da terra; e, depois de todos eles, ao rei da Babilônia. Pois lhes dirás: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Bebei, embebedai-vos e vomitai; caí e não torneis a levantar-vos, por causa da espada que estou enviando para o vosso meio….Chegará o estrondo até à extremidade da terra, porque o SENHOR tem contenda com as nações, entrará em juízo contra toda carne; os perversos entregará à espada, diz o SENHOR” (Jeremias 25:15-31).
Como Apocalipse 14:8, Habacuque 2:15-17 emprega os dois sentidos do cálice. A Babilônia seduziu os seus companheiros para ganhar vantagem sobre eles, e seria castigada com o cálice da mão direita do Senhor.
O Terceiro Sinal (14:9-12)
Apocalipse 14:9
Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo em grande voz: Os avisos continuam com o terceiro anjo. Novamente, a descrição destaca a sua voz forte. Ele fala com a autoridade que vem do próprio Senhor.
Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão: Agora o conflito intensifica. A besta da terra seduz as pessoas da terra a adorarem a besta, e faz com que recebam a sua marca (13:12-16). Se não ceder às demandas dela, não poderá vender ou comprar (13:17) ou, pior ainda, será morto (13:15).
Quem ama a vida não tem chance! Se não submeter-se à besta, perderá a própria vida. Mas os servos do Senhor lembram da descrição dos vencedores: “Mesmo em face da morte, não amaram a própria vida” (12:11). Jesus disse: “Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á” (Mateus 10:39). Há uma alternativa. Pode adorar a besta para salvar a vida, ou pode sacrificar a própria vida pela fé em Jesus.
Apocalipse 14:10
Também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira: A escolha se tornou nítida. Se não adorar a besta do mar, sofrerá a ira da besta da terra. Mas, se adorar a besta, sofrerá a ira de Deus! Novamente, os fiéis devem lembrar das palavras de Cristo: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mateus 10:28). A pergunta para os cristãos perseguidos é simples: Quer arriscar a vida por sua fé, ou sofrer a vingança divina por sua falta de fé? Se cair nas mãos da besta, pode sofrer um período de tribulação com a esperança da coroa da vida (2:10). Mas se negar o Senhor para agradar a besta, deve saber bem as consequências: “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hebreus 10:31).
O vinho da cólera de Deus será sem mistura, ou seja, não diluído. Este vinho vem do cálice da ira de Deus, ira esta que “permanece” sobre os rebeldes que não creem em Jesus (João 3:36). A ira de Deus não é uma explosão de raiva que passa, e sim uma característica permanente da justiça dele. A única maneira de escapar desta ira é por submissão ao Senhor.
Será atormentado com fogo e enxofre: Fogo e enxofre são meios de castigo divino. Davi ligou estes castigos à santidade e à justiça de Deus: “O SENHOR está no seu santo templo; nos céus tem o SENHOR seu trono; os seus olhos estão atentos, as suas pálpebras sondam os filhos dos homens. O SENHOR põe à prova ao justo e ao ímpio; mas, ao que ama a violência, a sua alma o abomina. Fará chover sobre os perversos brasas de fogo e enxofre, e vento abrasador será a parte do seu cálice. Porque o SENHOR é justo, ele ama a justiça; os retos lhe contemplarão a face” (Salmo 11:4-7).
Diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro: Obviamente, aqueles que permanecem na sua rebeldia até a morte serão banidos da presença de Deus para sofrimento eterno (2 Tessalonicenses 1:8-9; Mateus 25:46). Mas, neste contexto, parece que outro castigo está em vista. Ao invés de uma separação entre os santos e os ímpios, este castigo acontece na presença dos anjos e do Cordeiro. É um vislumbre do castigo final e eterno, mas ainda não chegaram a isso. Os anjos e o próprio Jesus presenciariam a derrota dos adoradores da besta.
Apocalipse 14:11
A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos: Mais uma vez, não devemos esquecer da natureza simbólica deste livro profético. Quando fala de fumaça que sobe pelos séculos, é fácil pensar no castigo eterno do inferno. Porém, a linguagem aqui é praticamente igual à profecia do castigo dos edomitas em Isaías 34. Naquele trecho, o profeta fala de enxofre, e diz: “Nem de noite nem de dia se apagará; subirá para sempre a sua fumaça; de geração em geração será assolada, e para todo o sempre ninguém passará por ela” (Isaías 34:10). Ao mesmo tempo, a terra seria possuída por animais “para sempre” (Isaías 34:11-17). É linguagem de castigo e de destruição, mas não necessariamente do castigo eterno do inferno.
E não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome: Que contraste! Os quatro seres viventes “não têm descanso, nem de dia nem de noite” porque se dedicam eternamente ao louvor de Deus (4:8). Os que vêm da grande tribulação, também, “servem de dia e de noite no santuário” ( 7:15). Mas, depois de suportarem as perseguições na terra, este serviço no tabernáculo, onde são sustentados e protegidos por Deus (7:16-17) é, realmente, um descanso para os fiéis (Hebreus 4:9-11). Mas aqueles que escolhem o caminho mais fácil, submetendo-se à besta, não têm descanso. Seu tormento é constante. “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hebreus 10:31).
Apocalipse 14:12
Aqui está a perseverança dos santos: Este capítulo inteiro e, especificamente, a mensagem do terceiro anjo trazem conforto aos fiéis. Desde as súplicas do quinto selo, os fiéis vêm aguardando a vingança divina contra seus perseguidores. Ainda não chegamos ao fim dos avisos, mas claramente percebemos que Deus está protegendo e confortando seus servos enquanto castiga os seus inimigos. Para tranquilizar seu povo fiel, Deus sacode os povos ímpios (compare Ageu 2:4-7; Zacarias 1:7-17; 14:11-13).
Os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus: Os santos são os fiéis e obedientes. Como outras passagens demonstram, a fé que agrada a Deus e leva à salvação é a fé ativa e obediente (Tiago 2:14-26). Sobre os mandamentos de Deus e as tentativas de alguns de inserir os dez mandamentos no Apocalipse, veja os comentários já feitos sobre a mesma expressão em 12:17.
Os santos de Deus guardam seus mandamentos porque amam ao Senhor (João 14:15). Também guardam a fé em Jesus. Apesar de todas as tentações e as tentativas dos ímpios de tirar a fé dos santos, estes confiam no Senhor. A palavra traduzida “guardam” significa “atender cuidadosamente a, tomar conta de” (Strong). A fé não é meramente algo que acontece, nem simplesmente algo que temos ou que possuímos. A fé precisa ser guardada cuidadosamente, protegida e cultivada.
Temos de trabalhar constantemente para fortalecer a nossa fé em Jesus. A fé não é uma característica estática; é uma qualidade que precisa ser desenvolvida, precisa crescer (2 Coríntios 10:15). Paulo viu este crescimento nos tessalonicenses: “Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor de uns para com os outros vai aumentando” (2 Tessalonicenses 1:3).
O Quarto Sinal (14:13)
Apocalipse 14:13
Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Esta voz é do céu, mas o relato não diz se é de um quarto anjo ou não. Como as mensagens anteriores, este sinal serve para confortar os fiéis. O alívio vem, pois, o Deus justo julgará os servos do dragão e de seus aliados.
Escreve: A responsabilidade de João continua. As mensagens que ele recebe devem ser registradas e transmitidas aos servos do
Senhor (cf. 1:1,19).
Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor: Esta é a segunda das sete bem-aventuranças do Apocalipse (veja a lista na lição 3). Em contraste com os adoradores da besta, que são atormentados, aqueles que morrem no Senhor são abençoados.
Esta é uma parte importantíssima da mensagem do Apocalipse: A morte não traz derrota! O maior poder do adversário é sua capacidade de matar, de tirar a vida física do homem que recusa se submeter a ele. Mas Jesus é “o Primogênito dos mortos” (1:5) e segura “as chaves da morte e do inferno” (1:18). Ele “esteve morto e tornou a viver” (2:8) e promete a coroa da vida àqueles que permanecem fiéis até à morte (2:10). Não garante proteção da morte física, mas afirma que “o vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte” (2:11). O Cordeiro que foi morto está vivo e é digno de ser louvado (5:12), e aqueles que morrem por causa da palavra do Senhor recebem consolo e vestiduras brancas (6:9-11).
A única dificuldade que surge nesta frase vem das palavras “desde agora”. Aqueles que morreram no Senhor anteriormente não foram abençoados? Outras passagens mostram, claramente, que os fiéis do passado também tinham a garantia das eternas bênçãos de Deus. Jesus prometeu a “ressurreição da vida” para aqueles que praticam o bem (João 5:29) e disse que os justos irão “para a vida eterna” (Mateus 25:46).
Paulo assegurou os coríntios que a ressurreição de Cristo garantisse a ressurreição dos santos: “ Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda” (1 Coríntios 15:20-23) e acrescentou: “Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Coríntios 15:57-58). Ele usou palavras semelhantes para consolar os tessalonicenses (1 Tessalonicenses 1:13-18).
O ponto não é de sugerir que os santos anteriormente morressem sem esperança, e sim de trazer esta confiança diretamente à vida dos servos que receberam o Apocalipse, e aos fiéis de gerações posteriores. Sem negar nada aos santos do passado, ele promete a salvação aos servos do Senhor da época de João em diante.
Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham: Não é João quem afirma, mas o próprio Espírito de Deus que garante aos fiéis descanso das suas obras. Hebreus 4:10 compara o descanso dos salvos com o descanso de Deus (Gênesis 2:2). Não é um descanso total de todas as obras, mas um descanso das fadigas e obras realizadas na terra, onde viviam no meio de opressão e sofrimento.
O Quinto Sinal (14:14-16)
Apocalipse 14:14
Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem: Observamos o significado de nuvens nas Escrituras nos comentários sobre 10:1. Aqui, o filho do homem está sentado sobre uma nuvem branca – a única vez na Bíblia que encontramos uma nuvem branca. Sabendo que branco representa pureza (3:4) e vitória (3:5; 6:2), podemos ver o destaque na pureza do vitorioso filho de homem (cf. 1:7), e daqueles que serão recolhidos nesta ceifa (cf. 11:12).
A descrição “filho de homem” aparece apenas duas vezes no livro, aqui e em 1:13, onde Jesus aparece no meio dos candeeiros. Veja os comentários sobre esta expressão na lição 4.
Tendo na cabeça uma coroa de ouro: A coroa (grego, stephanos) é a coroa de vitória. Aqui e em 6:2 (conforme a interpretação apresentada na lição 14), o supremo vencedor usa esta coroa. Em outros trechos, seus servos vitoriosos têm estas coroas (2:10; 3:11; 4:4,10; 12:1). Os gafanhotos do abismo trouxeram na cabeça “como que coroas parecendo de ouro”, fingindo ser vitoriosos (9:7). No texto de 14:14, não há dúvida. O filho de homem é puro, poderoso e vitorioso.
Na mão uma foice afiada: O filho de homem está preparado para a colheita. Está com a foice afiada e, em breve, ceifará a terra.
Apocalipse 14:15
Outro anjo saiu do santuário, gritando em grande voz para aquele que se achava sentado sobre a nuvem: Mais um anjo vem com sua mensagem. Esta vez, João comenta sobre a procedência do anjo – ele saiu do santuário, ou seja, da presença de Deus (3:12; 7:15; 11:19). Não há dúvida sobre a fonte de sua mensagem; ele vem diretamente da presença de Deus para transmitir a ordem para o filho do homem. Qualquer ordem dada a Jesus teria que vir do Pai, pois somente o Pai tem autoridade sobre o Filho (cf. João 14:28; Mateus 26:39,42; 28:18; 1 Coríntios 11:3; 15:27).
Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar: A figura da ceifa representa o julgamento de Deus, com suas duas facetas: (1) o castigo dos ímpios e (2) o resgate dos fiéis. Considere a base bíblica para este entendimento do símbolo:
No Antigo Testamento, as citações proféticas da ceifa normalmente sugerem castigo. Jeremias predisse o julgamento da Babilônia: “Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: A filha da Babilônia é como a eira quando é aplanada e pisada; ainda um pouco, e o tempo da ceifa lhe virá” (Jeremias 51:33).
Depois de condenar a idolatria de Israel, o reino do norte, o profeta Oséias olhou para o sul e disse: “Também tu, ó Judá, serás ceifado” (Oséias 6:11; cf 9:6). Mas, não devemos esquecer do conceito bem desenvolvido de tratar o povo fiel como as primícias, a melhor parte que pertence a Deus. No meio de uma série de sinais que promete a proteção divina aos discípulos de Cristo, certamente a figura da ceifa deve nos lembrar deste sentido positivo e confortante da colheita.
Jeremias 2:3 diz: “Então, Israel era consagrado ao SENHOR e era as primícias da sua colheita; todos os que o devoraram se faziam culpados; o mal vinha sobre eles, diz o SENHOR.” Com certeza, o Israel de Deus no Apocalipse precisava desta mensagem de consolação.
No Novo Testamento, observamos claramente os dois lados da colheita. A ceifa, no sentido positivo, é o resultado natural de semear a semente para produzir frutos, e o agricultor “mete a foice, porque é chegada a ceifa” (Marcos 4:26-29; cf. Mateus 21:34).
Jesus ensinou os apóstolos a verem os campos brancos e de enxergar a ceifa como momento alegre de realização dos frutos do trabalho feito pelo semeador (João 4:35-37). Mas a colheita exige uma separação entre trigo e palha ou entre trigo e joio, e assim se torna em símbolo de julgamento divino. João Batista descreveu este aspecto do trabalho de Jesus: “A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível” (Mateus 3:12). O próprio Cristo usou a ceifa para ensinar sobre a certeza do castigo junto com a promessa da redenção.
Na parábola do joio, ele disse: “Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro” (Mateus 13:30). Paulo usou a mesma ideia para incentivar os discípulos a semearem para o Espírito para colherem a vida eterna (Gálatas 6:8-9).
Visto que a seara da terra já amadureceu: O trigo, ou outro cereal, já está seco, maduro, pronto para a colheita. Os fiéis passaram por suas provações, e estão preparados para a proteção de Deus. A figura da ceifa neste sinal no Apocalipse, então, traz à memória dos leitores a ideia de julgamento e de separação entre os servos de Deus e os rebeldes que não se submetem ao Senhor.
Apocalipse 14:16
E aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra: Sem hesitação, Jesus obedece ao Pai e passa a foice para colher os frutos da terra.
E a terra foi ceifada: Deus Pai mandou. Jesus fez. Não poderia ter outro resultado! A terra foi ceifada, a distinção entre os fiéis e os perversos foi feita. Deus não esqueceu dos seus servos!
O Sexto Sinal (14:17-20)
Apocalipse 14:17
Então, saiu do santuário, que se encontra no céu, outro anjo: O quinto sinal enfatizou a distinção feita entre os fiéis e os desobedientes. O sexto, também uma figura de colheita, focaliza o castigo dos ímpios, daqueles que não serviam ao Senhor. Este sinal começa com mais um anjo, este também saindo da presença de Deus.
Tendo ele mesmo também uma foice afiada: O papel deste anjo, porém, é diferente do anterior. Ao invés de trazer a ordem do Pai, este anjo vem preparado para agir ativamente na colheita. Está com a foice na mão.
Apocalipse 14:18
Saiu ainda do altar outro anjo, aquele que tem autoridade sobre o fogo: Este é um anjo de julgamento, que vem do altar e tem autoridade sobre o fogo. Os executores com suas armas destruidoras “se puseram junto ao altar de bronze” (Ezequiel 9:1-2). O anjo do sétimo selo levou o incenso e as orações dos santos a Deus, e pegou “fogo do altar e o atirou à terra” (8:3-5). O fogo representa o julgamento e o castigo dos ímpios, como observamos nas sete trombetas que vieram do sétimo selo (capítulos 8-11).
Falou em grande voz ao que tinha a foice afiada: O anjo com a foice estava pronto, mas precisava da autorização de Deus para agir. É Deus quem determina o momento para castigar os rebeldes. Seus anjos são ministros que executam as ordens dele.
Toma a tua foice afiada e ajunta os cachos da videira da terra, porquanto as suas uvas estão amadurecidas: Semelhante à ordem dada a Jesus no sinal anterior, mas esta vez o produto a ser colhido são os cachos de uvas amadurecidas. Com esta figura de uvas amadurecidas, já vem a ideia do castigo representado pelo cálice da ira do Senhor (veja os comentários sobre o vinho da fúria e sobre o cálice da ira em 14:8 e 10).
Apocalipse 14:19
Então, o anjo passou a sua foice na terra: O anjo foi obediente, e fez como foi ordenado pela voz do anjo do altar.
E vindimou a videira da terra, e lançou-a no grande lagar da cólera de Deus: O profeta Joel, olhando para as consequências do estabelecimento do reino de Cristo, falou do castigo das nações no vale de Josafá: “Lançai a foice, porque está madura a seara; vinde, pisai, porque o lagar está cheio, os seus compartimentos transbordam, porquanto a sua malícia é grande” (Joel 3:13). A malícia chegou ao limite e transbordou, trazendo a ira de Deus.
A figura de castigo, aqui no Apocalipse, é a mesma. A Babilônia e as nações que tomaram o seu vinho de idolatria e prostituição chegam a encarar as consequências. Deus manda ceifar as uvas para serem lançadas no lagar da cólera dele.
O lagar é usado para espremer as uvas. Como já observamos, as figuras do cálice e do vinho são símbolos da ira divina e do castigo dos ímpios. Agora as uvas maduras ceifadas são lançadas no lagar da cólera de Deus. Serão espremidas sob o peso da ira divina.
Apocalipse 14:20
E o lagar foi pisado fora da cidade: A primeira questão levantada neste versículo é o significado da cidade. Parece que o livro trata-se de duas cidades, apresentadas em contraste (veja o quadro abaixo). Uma é a cidade mundana, sempre descrita como a “grande cidade”, e a outra é a cidade santa, nunca chamada de “grande”. Por vários motivos, parece que a cidade neste versículo é a cidade santa, o povo espiritual de Deus.
Considere:
1) A descrição “a cidade” concorda com as outras citações da cidade santa, o povo redimido por Deus;
2) Várias cenas no livro sugerem a proteção do povo de Deus – aqueles que habitam no céu (veja o comentário sobre essa expressão em 13:6) – diante dos ataques dos inimigos (7:1-8, 15-17; 11:18; 12:6,14-16; 14:1-5,13; 15:2-4; 20:9; etc.).
3) A imundícia do pecado e dos pecadores castigados é levada para fora da cidade, assim purificando e mantendo a santidade da cidade de Deus (vamos ver mais sobre este aspecto da figura nos próximos parágrafos).
Fora da cidade: Os judeus apedrejavam pessoas consideradas culpadas de crimes fora da cidade (1 Reis 21:10-13; Atos 7:58).
As partes dos sacrifícios pelo pecado que não foram queimadas sobre o altar foram queimadas fora do acampamento (Deuteronômio 29:10-14), e assim Jesus foi crucificado fora da cidade, e os cristãos sofrem com ele lá (Hebreus 13:12-13).
Leprosos e outros imundos foram mantidos fora do acampamento durante o período de sua imundícia (Números 5:2-3).
O bode emissário levava os pecados do povo para fora do acampamento (Levítico 16:10,20-22). Com este entendimento geral do conceito de pôr o pecado e a imundícia para fora do acampamento, agora consideremos três passagens do Antigo Testamento que fornecem um significado maior para este símbolo.
O contexto dos sinais no Apocalipse 14 trata-se da justiça de Deus em fazer uma distinção entre o povo dele, que está no monte Sinai com o Cordeiro, e as nações imundas aliadas à Babilônia e que adoram a besta blasfemadora.
Quando um homem blasfemou o nome do Senhor, Deus ordenou: “Tira o que blasfemou para fora do arraial; e todos os que o ouviram porão as mãos sobre a cabeça dele, e toda a congregação o apedrejará” (Levítico 24:14,23).
O segundo trecho especialmente importante se encontra em Isaías.
Ele fala de Sião redimida esperando o seu Salvador (62:11-12) e depois descreve a chegada do Senhor de pisar o lagar de Edom:
“Quem é este que vem de Edom, de Bozra, com vestes de vivas cores, que é glorioso em sua vestidura, que marcha na plenitude da sua força? Sou eu que falo em justiça, poderoso para salvar. Por que está vermelho o traje, e as tuas vestes, como as daquele que pisa uvas no lagar? O lagar, eu o pisei sozinho, e dos povos nenhum homem se achava comigo; pisei as uvas na minha ira; no meu furor, as esmaguei, e o seu sangue me salpicou as vestes e me manchou o traje todo. Porque o dia da vingança me estava no coração, e o ano dos meus redimidos é chegado. Olhei, e não havia quem me ajudasse, e admirei-me de não haver quem me sustivesse; pelo que o meu próprio braço me trouxe a salvação, e o meu furor me susteve. Na minha ira, pisei os povos, no meu furor, embriaguei-os, derramando por terra o seu sangue” (63:1-6).
A GRANDE CIDADE MUNDANA |
A CIDADE SANTA |
“a grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado” (11:8) “Naquela hora, houve grande terremoto, e ruiu a décima parte da cidade, e morreram, nesse terremoto, sete mil pessoas” (11:13) “E a grande cidade se dividiu em três partes, e caíram as cidades das nações. E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho do furor da sua ira” (16:19) “A mulher que viste é a grande cidade que domina sobre os reis da terra” (17:18) “Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora, chegou o teu juízo” (18:10) “Ai! Ai da grande cidade, que estava vestida de linho finíssimo, de púrpura, e de escarlata, adornada de ouro, e de pedras preciosas, e de pérolas” (18:16) “Então, vendo a fumaceira do seu incêndio, gritavam: Que cidade se compara à grande cidade? Lançaram pó sobre a cabeça e, chorando e pranteando, gritavam: Ai! Ai da grande cidade, na qual se enriqueceram todos os que possuíam navios no mar, à custa da sua opulência, porque, em uma só hora, foi devastada!” (18:18- 19) “Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande cidade, e nunca jamais será achada” (18:21) |
“a cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus” (3:12) “a cidade santa” (11:2) “sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu” (20:9) “Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo” (21:2) “a santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus” (21:10) “A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. Aquele que falava comigo tinha por medida uma vara de ouro para medir a cidade…. A cidade é quadrangular….também a cidade é de ouro puro, semelhante a vidro límpido. Os fundamentos da muralha da cidade estão adornados de toda espécie de pedras preciosas. A praça da cidade é de ouro puro, como vidro transparente…. A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada” (21:14-23) “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas” (22:14) “e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro” (22:19) |
E correu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, numa extensão de mil e seiscentos estádios: Mais uma vez, tentativas de interpretar literalmente os símbolos do Apocalipse enfrentam uma grande dificuldade.
Os pré-milenaristas oferecem várias explicações, ligando este versículo com suas interpretações de Armagedom (16:16) para descrever uma batalha incrivelmente sangrenta. Imagine um rio de sangue da altura dos freios dos cavalos fluindo uma distância de quase 300 quilômetros! Mesmo se calcular um riacho de apenas dois metros de largura num lugar plano, daria um volume incrível de sangue, literalmente de bilhões de mortos! E, se for literal, como explicamos sangue sendo espremido de uvas? Mais uma vez, interpretações literais forçadas distorcem o sentido do livro.
O que, então, devemos entender por este rio de sangue?
Obviamente, descreve um castigo de proporções enormes, atingindo um número grande de pessoas ímpias. A melhor explicação que eu conheço do número 1.600 sugere um número completo representando o mundo. Quatro é o número do mundo ou da terra (quatro cantos, quatro ventos, quatro pontos cardeais, etc.).
Quatro vezes quatro vezes mil (número completo) representa, provavelmente, a totalidade dos perversos castigados pelo Senhor, da mesma maneira que doze vezes doze vezes mil (7:4; 14:1) representa a totalidade dos discípulos fiéis protegidos por Deus.
CONCLUSÃO
Antes de completar a série de sete trombetas, Deus frisou vários fatos importantes nas cenas do intervalo. Além dos pontos observados na lição 18 (capítulo 10), observamos mais estes fatos:
1) Deus identifica (mede) e protege o seu povo mas, ao mesmo tempo,
2) Ele deixa os ímpios pisar, perseguir e até matar os seus servos.
3) No final, os fiéis terão a vitória e os perversos serão totalmente derrotados. Na próxima lição, ouviremos a sétima trombeta. Se as primeiras seis já demonstraram o poder de Deus por meio de castigos severos, podemos imaginar o que vem pela frente.
Depois de tanta expectativa, encontramos na sétima trombeta a visão da vitória. Enquanto claramente inclui elementos de castigo e destruição dos inimigos, a ênfase está, obviamente, na vitória do Senhor e dos seus santos. Deus fez o que prometeu. Os adversários fizeram o possível para destruir o reino dele, mas jamais conseguirão fazer isso. O vitorioso Senhor dos senhores julga e destrói os inimigos e salva e exalta os fiéis. Por isso, ele merece a adoração de todos os seus servos, começando com as vozes no céu.
É importante frisar o significado desta trombeta em relação ao resto do livro. Sete selos foram abertos, e o último revelou as sete trombetas. As sete trombetas nos levam até o fim, o cumprimento do mistério revelado por Deus aos profetas. Mas a sétima não termina aqui. Ela inclui o que vem depois, as explicações mais detalhadas no resto do livro. Deus dará a vitória aos santos e arruinará os inimigos. O resto do livro mostrará mais informações sobre as características destes inimigos, e a natureza da vitória de Deus e do povo santo.. “Graças te damos, Senhor Deus, Todo-Poderoso”!
As bestas agem para seduzir os homens da terra, e para punir aqueles que não se submetem a suas falsas doutrinas. Qualquer discípulo, olhando para a situação na terra e os perigos ao seu redor, poderia facilmente se assustar com as perseguições que viriam se intensificando. Por isso, Deus para um pouco e oferece, mais uma vez, conforto para seu povo fiel. Ele está em pé sobre o monte Sião, e os fiéis selados estão com ele.
A mensagem desta parte do livro tem um propósito bem definido: “Aqui está a perseverança dos santos” (14:12; 13:10). As bestas podem ser grandes, fortes e capazes de matar, mas os discípulos fiéis do Senhor – aqueles que não adoram a besta e que habitam nos céus – podem e devem manter a sua confiança no Senhor. Ele vê tudo que acontece, e castigará os malfeitores que perseguem seus servos. Cena após cena, os servos de Deus anunciam e demonstram a justiça de Deus, trazendo o merecido castigo sobre os perversos.
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Aula do Capítulo 15